quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Kiss 16 - Animalize (1984)

 Oi, eu sou o Salinas! Antes de começar o post, quero só celebrar com os nossos leitores uma marca alcançada pelo Blog: este é o centésimo post do Disco a Disco!! Aeee, festa, fogos de artifício, espocar da champanha, retinir das taças, gritaria e alegria!

Ok, ok, ao que viemos. O resultado de Lick It Up foi bom: a "fase glam" fez bastante sucesso, compensando os ganhos reduzidos de Dynasty, Unmasked e The Elder. E em time que está ganhando, não se mexe!

Paul, Gene & Cia continuam destilando seu doce veneno de sensualidade e glamour, que já começa na capa do disco com os veludos de oncinha. O guitarrista Vinnie Vincent foi limado e deu lugar a Mark St. John, até então apenas um professor de guitarra. Eric Carr estava legal na batera. Quem não tava muito ligado na banda desta vez era o próprio Gene, cujo sucesso começou a subir à cabeça: ele começou vários projetos paralelos, carreira no cinema, produção de bandas e muitas outras jogadas, provando ao mundo que, mais que tocar música, o que ele queria era ganhar dinheiro mesmo. E com isso o peso ficou pro Paul, que nos últimos discos desenvolveu sua técnica vocal e agora faz questão de mostrar o que sabe. Gene até assina 4 faixas no disco, porém delegou o baixo em 3 outras faixas.

(A passagem de Mark St. John pelo Kiss foi bem curta. Ele tinha uma doença nas mãos, uma espécie de artrite, que o forçou a sair durante a turnê de Animalize, sendo substituído por Bruce Kulick. Formou outras bandas mais tarde, como a White Tiger, mas nunca mais teve grande sucesso. E morreu em 2007. #rip)

"I've Had Enough (Into the Fire)" (Paul, Desmond Child)

O disco já começa com a dinâmica lá em cima, e a guitarra ágil de St John fluindo com um timbre quase tecladístico. E pra variar um pouco, a letra não fala de mulheres: é quase um desabafo sobre quando as coisas não dão certo: "pessoas que mentem com a verdade nos olhos, contar que as coisas aconteçam sabendo que não vão acontecer", mas não adianta, "rezar e esperar não adianta nada, nada e ninguém vai me parar agora"! Será uma indireta? Para os ex Ace ou Peter? Ou talvez até pro Gene Simmons que não tá dando atenção pra banda?

"Heaven's on Fire" (Paul, Child)

O grande hit do disco! Batida lenta e arrastada, parece até uma do Gene. Mas não, é o Paul mandando mais uma declaraçãozinha de amor. Com sensualidade, mas até que desta vez tá maneiro, "ouça a minha respiração", e o barulho da respiração kkk. Provavelmente a nota mais aguda já emitida pela goela do cantor e guitarrista Stanley H. Eisen está nesta canção.

"Burn Bitch Burn" (Gene)

Agora sim a batida lenta e arrastada do demônio, digo, do Gene Simmons (agora sem máscara né), perdido em tantos ~projetos~, "tantas garotas e tão pouco tempo". E como de costume, com canastronices do nível "botar meu tronco na sua lareira, desta vez você mordeu mais do que pode mastigar". (No refrão do "burn bitch burn" tem uma pegada meio country no fundão ou é impressão minha?). Solo matador do Mark St John.

"Get All You Can Take" (Paul, Mitch Weissman)

Paul de novo dando lição de moral em vez de pegar menininhas por aí. O refrão pesadão enfatiza: "Pegue tudo que puder"! Nem que pra isso seja preciso "entortar as regras, se tiver meia chance, vá lá"! Pensando bem, acho que esta é a nota mais longa da história de Stanley H. Eizen. As aulas de vocal estão surtindo efeito, o cara está muito mais técnico que nos primeiros discos.

"Lonely Is the Hunter" (Gene)

Outra batida lenta e arrastada. Gene, sempre competitivo, não quis ficar atrás da técnica do Paul e inventou uma métrica estranha pros seus vocais, se você prestar atenção nos tempos, ele puxa o tapete o tempo todo. Pouco antes do solo matador, uma sequência de viradas de batera alternando dinâmicas. No mais, é uma das poucas vezes que Gene perdeu a batalha. Colocou "todos os ovos numa cesta", mas na "câmara de torturas" ela não deu nenhuma resposta. Até um Gene Simmons erra às vezes. Quem mandou deixar o "coração mandar"?

"Under the Gun" (Paul, Eric, Child)

Paul animadíssimo entra com tudo! Está com pressa de "ir pra estrada e fazer 69" (no velocímetro ou no banco de trás? kkkk Lembrando sempre, 69 milhas = 111 km/h). "Pé na tábua, preparar, apontar, já"! A bateria acelerada, marcada com a caixa marcando em semínima passa a sensação de acelerando naquelas estradas americanas no meio do deserto.

"Thrills in the Night" (Paul, Jean Beauvoir)

"Frios na noite"? (Não, não se trata de um vendedor de presunto e queijo que trabalha 24h.) Depois da loucura do 69 na estrada, esta faixa mais poética conta a história de uma moça, uma espécie de Macabéa do rock, que vive sua vida simples de trabalho, mas que, ao contrário da "estrela" de Clarice Lispector (ou assim como ela!), também tem seus arrepios e "emoções na noite". Solinho matador do Mark St John cheirando a perfume de motel. (sim, no "prices she pay" eu de relance também pensei que ele dizia "faz xixi em pé", o que dá uma leitura toda ~diferente~ pra música...)

"While the City Sleeps" (Gene, Weissman)

Gene Simmons, apesar dessa boa-vida de garotas, sabe que esse mundo é perigoso. "Enquanto a cidade dorme", o couro come violento por aí, é "olho por olho, não há alívio para mendigos, ladrões e perdedores". A única forma de sobreviver nesse mundo cão é "viver o dia sem perguntar por quê". Parece que Gene direcionou essa batida lenta e arrastada a algum detrator, pois para ele "viver bem é a melhor vingança".

"Murder in High Heels" (Gene, Weissman)

O disco fecha com aquela batida marota (e sim, lenta e arrastada), com um cigarro num canto da boca e um sorriso no outro. Tudo pra falar da mina mais malandra, perigosa e sabonete que ele já conheceu. Se ela aparecer "é melhor fazer o sinal da cruz, porque vai voar faísca"... É como "sal na ferida ou brincar com fogo". Dessas minas que saem à noite pensando no trouxa que vão enganar, passam a vida colecionando homens, brochadas, rubores, poças de suor no chão. É a "morte de salto alto"...

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar no Youtube pode quebrar o galho nas boas casas do ramo (ops, é o contrário):




E é isso!


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