Nota: 7
Pegadas do Frogger na capa do EP |
Depois de se aventurar no desconhecido território do rock
progressivo, quebrar a cara e “terminar” por quase um ano por
ter lançado o fraquíssimo “Into The Unknown” em 1983, o Bad Religion resolveu ressurgir das cinzas e voltar a fazer o que
melhor fazia, até então: Punk Rock!
Era o final de 1984 e cada membro
estava cuidado da sua vida, quando o guitarrista do Circle Jerks, Greg Hetson,
que já havia gravado um solo na música “Part III” no debute do BR, ao saber que
sua banda ia dar uma parada de um ano, contatou o vocalista Greg Graffin e propôs, assim, na
caruda, que ele voltasse com o Bad Religion com ele na guitarra!
Greg Hetson: a culpa é dele! |
Com um novo guitarrista cheio de
gás no time, Graffin, então, recrutou novamente o baterista Pete Finestone (que gravou o primeiro LP, mas havia picado
a mula antes de “Into The Unknown”, pra não pagar mico) e o baixista Tim
Gallegos, do Wasted Youth, e partiu para recuperar o território perdido. Seu
principal objetivo: voltar ao Punk Rock! E foi assim que, em meados de 1985, o Bad Religion fez as pazes com
seus “fãs moicanos”, lançando o espertamente intitulado EP “Back to the Known” (“Volta ao Conhecido” em uma tradução livre).
O antigo guitarrista, compositor e
dono da gravadora da banda (a Epitaph)
Brett Gurewitz (ou apenas Mr. Brett) também fora chamado para integrar o time,
mas, devido ao filme queimado pelo disco anterior, hesitou. Mesmo assim, ele acabou
aceitando ficar na produção e a trabalhar como engenheiro de som no álbum,
sendo que este acabou sendo o seu primeiro trabalho atrás da mesa de som (hoje em dia, além de dono da Epitaph, Brett
é um produtor de mão-cheia, altamente requisitado nos EUA).
E o Bad Religion precisou apenas
de 5 músicas, dividas em pouco mais de 10 minutos, pra provar pra si mesmo que
o seu negócio era (e ainda é) o Punk Rock! Originalmente com músicas
prensadas apenas no lado B do vinil de 12 polegadas (pra dar mais impacto no ouvinte), o EP “Back to the Known” trouxe um pouco de esperança e vida ao desgastado
cenário punk americano de 1985, que na época estava bem divido com brigas entre
straight-edges e hardcores dividindo o público dos shows.
Contracapa do EP, mostrando apenas o "side two" |
O EP abre com a esperta “Yesterday”, punk rock de levada gostosa
pra pogar, composta por Graffin, e com um riff marcante, que domina a faixa
quase de ponta-a-ponta, inclusive intercalando com paradinhas da bateria no fim
do som. Em seguida, a roda de pogo fica violenta com a hardcore curta e grossa “Frogger”, composta por Greg Hetson
sobre o primitivo (e clássico) joguinho
de videogame do sapinho que tentava atravessar uma caótica avenida.
A terceira faixa é mais uma
edição da música “Bad Religion”, que
já havia aparecido no EP de estreia autointitulado e no LP “How Could Hell Be Any Worse?”. Aqui, ela recebeu um andamento mais lento e cheio de paradinhas, o
quê, se por um lado tornou a música mais audível aos ouvidos menos acostumados,
por outro tirou totalmente o punch, tornado-a o ponto fraco do EP,
junto com a quinta e última faixa, um punkinho bem alegrinho chamado “New Leaf”, que eu classificaria como “dispensável”...
A faixa que realmente faz do EP “Back
to the Known” um item válido de ouvir/adquirir, é a número 4, “Along the Way”. Presente nos shows do
BR até hoje, ela é tida como uma das melhores músicas da banda pelos fãs. Composta
por Greg Graffin em cima de apenas um único riff de guitarra de 5 notas, sua
introdução, marcada pelo bumbo da bateria, é um paradoxal convite a um sing-along
de uma letra sem refrão e que não se repete, mas que empolga mesmo assim.
Detalhe do vinil 12" |
A exemplo de seu antecessor, “Back
to the Known” acabou sendo bastante pirateado, com vários bootlegs sendo
lançados no mercado. Para amenizar o dano, a gravadora Epitaph resolveu
disponibilizar o EP inteiro na coletânea “80-85”, lançada em 1991. Em 2010, na
ocasião de comemoração dos 30 anos do BR, o EP foi finalmente relançado e, para
manter a arte original do encarte, o selo teve que pedir uma cópia original de
1985 para um fã, já que não havia mais nenhuma em seus arquivos.
Mesmo com a boa
repercussão pela volta às raízes punk com o EP, uma série de eventos pessoais
envolvendo os integrantes da banda fez o Bad Religion entrar em um novo hiato que durou do fim de 85 até o meio
1987. Nesse meio tempo, Greg Graffin terminou seu mestrado na universidade e
Brett conseguiu se livrar do vício em crack (!!!) (que punk, né?). Quando eles se reuniram novamente, em 87, eles mal
sabiam, mas estavam prestes a mudar a história do Punk Rock com os rumos que
sua música iria tomar, como veremos nas próximas resenhas! Até lá! :)
Escute "Back to the Known" abaixo:
Tenho uma pergunta, você sabe que é esse tal de "Tommy" na letra de Along the Way?
ResponderExcluirOi, Lucas! O Tommy era o "Tom Clement", um amigo do Brett que morreu em 1986, que também foi citado na "Give You Nothing" do disco "Suffer". Na Along The Way, "Tommy" também é uma referência à ópera-rock do The Who, de 1969.
ExcluirAqui explica tudo: http://www.thebrpage.net/theanswer/?article=along%5Fthe%5Fway%5F%28song%29
Abraço