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sábado, 8 de março de 2014

Especial Semana da Mulher - Baby Consuelo



Baby Consuelo / Baby do Brasil - Canceriana Telúrica (1981)

Olá pessoal, eu sou a Ludmila e estou aqui para fechar a semana de posts especiais em homenagem ao dia da mulher! Lembrando sempre que falar em dia da mulher, é falar com respeito de um histórico de lutas por igualdade de direitos.
Minha escolha sobre quem seria minha homenageada foi difícil. Mas, em algum momento, ela tornou-se óbvia para mim. Explico:
Sabe aquelas músicas ou artistas que você conhece lá na infância e que acabam adquirindo um significado especial pra você, e de alguma forma, você olha pra trás e percebe que sofreu uma grande influência deles (as) não apenas na sua formação de gosto ou preferência musical, mas também em questões comportamentais, ideológicas e até espirituais?
Pois é, eu poderia citar alguns (mas) aqui que tiveram essa importância pra mim. Raul é um. Rita Lee também. Sem falar nos Beatles, como grupo e cada um individualmente.
No entanto, quando fui buscar na minha memória e história pessoal algumas artistas que pudessem ter exercido essa influência na minha formação enquanto pessoa, enquanto mulher, mas que também tivessem alguma representatividade enquanto artista feminina, passei por diversos nomes, mas Baby do Brasil foi o que ficou.

Bernadete Dinorah de Carvalho Cidade, Baby Consuelo, Baby do Brasil, ou simplesmente Baby é a personificação arquetípica da grande mãe. É ânima por excelência, expressa em sua maternidade, em sua sensualidade, em sua sabedoria, em sua busca pelo autoconhecimento. Mas também em sua constante quebra de paradigmas.
Sem o fatalismo de uma feminilidade passiva e de reprodutora, é mãe de 6 filhos. É uma mulher independente, guerreira, lutadora, uma artista talentosíssima e versátil. Fortemente espiritualizada, desprendida de quaisquer papéis e normas sociais impostas,  hoje em dia é pastora evangélica. Não vejo outro caminho que pudesse ser trilhado por ela.
 Comecei falando da minha infância, e assim justifico a escolha do álbum Canceriana Telúrica. Esse álbum me acompanhou durante a infância. Lembro-me de como gostava daquela imagem da capa e da contra capa, aquele colorido todo. E também do jeitão da baby, de cantar e de ser.
Eu a admirava, ela era linda ao mesmo tempo em que não era nada convencional. Ela não tinha nada do estereótipo de feminilidade que me era ensinado e já pesava, mesmo criança. Mas ainda assim ela era extremamente feminina. Suas atitudes contestadoras, aparência exótica, os cabelos coloridos, as roupas extravagantes, e a alegria transbordante naquele sorriso imenso de uma pureza quase infantil. Era a mulher que eu queria ser.
Mas depois eu cresci, e por muito tempo, nem me lembrava dela, nem ouvia mais suas músicas.
Mas um dia, alguns anos atrás, eu pintei o cabelo de roxo. Alguém, comentando o fato fez referência à Baby e suas cores de cabelo. Tudo voltou na minha memória. E também nessa época, os Novos Baianos voltaram, e eu pude vê-los na Virada Cultural. Então pude reacender minha admiração pela Baby, como mulher, como pessoa, como artista e sua obra desde os tempos dos novos Baianos, até hoje.

Infelizmente, não encontrei a ficha técnica do disco, nem tive oportunidade de ir procurar no vinil, mas soube pelo Wikipedia que vendeu 1.400 Milhões de cópias – o que não é pouco – e que Pepeu Gomes, seu marido e companheiro de Novos Baianos é o guitarrista.
O disco também conta com o sensacional José Roberto Martins Macedo, mais conhecido como Baixinho. Excelente percussionista, que já trabalhava com Baby e Pepeu desde os tempos dos Novos Baianos. Não à toa a percussão e a guitarra são a cara desse álbum.

A faixa que abre muito bem disco é uma maravilhosa composição de Jorge Ben Jor (que na época era só Jorge Ben):
 


Música maravilhosa! Aquela levada samba-rock do Jorge (e também dos novos baianos). Uma percussão bacaníssima, muito presente.
A letra é linda, e me emociona ainda hoje... Como ficar indiferente à dizimação que ocorreu e ainda ocorre dos nossos povos nativos?
“Antes que o homem aqui chegasse / as Terras Brasileiras eram habitadas e amadas / por mais de 3 milhões de índios / Proprietários felizes Da Terra Brasilis / Pois todo dia era dia de índio / Mas agora eles só tem / O dia 19 de Abril”
 

2-Paz e amor (03:59)
Composição de Baby, Pepeu e tabém de Didi Gomes, baixista irmão de Pepeu.
Levada bem anos 80 com a cara do Brasil pós-tropicalista. Sintetizador e Percussão dando a cara.

Letra bastante espiritualizada, O tema neo-hippie Paz e amor parece celebrar um Brasil “Pós Ditadura”, com muita esperança no futuro, como que acreditando numa criança que nasce. Solos deliciosos do Pepeu, cheio de virtuosismo, sem ser chato.



3-Telúrica (04:22) 

Letra de Baby e Jorginho Gomes, outro irmão de Pepeu, excelente baterista.

Um reaggaezinho swingado, com aquela guitarra cheia de efeito do Pepeu, dando um “peso”, mas sem exagero. Na medida. Bastante percussiva, a voz suave de Baby no pré refrão convida a uma reflexão

“Não aceito preconceito / Para ser telúrica.”
Tá e você aí se perguntando “mas que raios é telúrica”?
Pois é, pode procurar no dicionário: telúrico é aquilo que se é da, ou refere à Terra. Assim, baby, reafirma-se como canceriana, do elemento Terra, e homenageia sua condição mulher, afinal, somos filhos de Gaia a grande mãe.


Composição de Pepeu e Charles Negrita, também percussionista, que também já tocou com os Novos Baianos.
Sincretismo religioso é o que há. E é o que podemos identificar desde sempre na obra de Baby: a multidimensionalidade do místico, da espiritualidade, da reverência às manifestações divinas. Sejam Krishna, Buda, Xangô, Jesus Cristo.
Aqui, a força do candomblé é vem com tudo.
E a percussão? que dizer? Fantástica.
Uma ode à
LogunEdé, orixá filho de Oxum e Oxóssi


Composição de Baby
Baladinha, para corações apaixonados. Mas ainda com aquela certa inocência infantil, que surge na suavidade e doçura da voz de baby, quase sussurrada.
É tipo um bolero, tem uma pegada meio latina principalmente na percussão muito marcante.
Mas também tem a cara dos anos 80, com a presença de um sintetizador dando toda uma ambiência ao som. Bom fechar os olhos e viajar.

6-Canceriana (04:41)
Outra composição de Baby.
Sintetizadores com cara de “som espacial”, numa pegada samba-rock, pra falar de temas místicos, signos do zodíaco, espiritualidade. Nada mais brasileiro, psicodélico e pós-tropicalista.

7-Juventude (05:04)
Composição de Pepeu e Baby.
Um riff de guitarra, uma pegada mais “rock n’ roll” pra falar de juventude. Nada mais clichê. Se não fosse a percussão lá, dando as caras e numa batucada tipicamente brasileira, enquanto a guitarra de Pepeu segue moendo no solo.
Letra bacaníssima, um elogio à juventude.
"Navegar até a ilha / Mas enquanto não chegar / Vencer as ondas dessa vida /Que o tempo não pode esperar"






Composição de Pepeu, Baby e  Galvão, outro ex-companheiro dos Novos Baianos.

E essa canção então? Uma delícia de música para fechar o álbum com chave de ouro.

Começa com um toque de Umbanda (talvez seja isso, pois reconheço meu total desconhecimento nessa área, infelizmente)
E segue nessa mesma batida, mas introduzindo a guitarra e todos os outros instrumentos lá em cima, para dar vivas aos Reis Nagô, aos orixá e à Bahia de São Salvador.
Tem uma pausa linda lá no meio, preenchida por um teclado que passeia.
Ouvi com fones de ouvido e nitidamente percebi que ele vai rapidamente de um canal pra outro e volta (ou seja, passa do lado direito para o lado esquerdo, e volta). Puta sacada. Preenche de um jeito incrível.

 
Enfim, esse álbum é uma obra completa, muito bem trabalhada, muito rica em sonoridades e harmonias.
É a Baby (ainda Consuelo) no auge de sua carreira solo, mostrando-se uma cantora madura, uma compositora talentosa, uma artista completa.
 

Não encontrei o álbum todo para ouvir no youtube, infelizmente. Mas, consegui baixar por aqui.

Especial Dia da Mulher: Shirley Manson - Garbage (1995)

Fala galera, fui convidado a participar deste excelente blog a poucos dias. Já estava preparando um post sobre uma banda que eu adoro, quando me avisaram que nossa equipe estava se preparando para escrever sobre artistas femininas. Uma homenagem ao Dia das Mulheres.

“Os novatos não precisam se preocupar em participar deste especial, já que chegaram encima da hora e talvez não de tempo”. Realmente (infelizmente) não tenho muito tempo de sobra, mas pensei “foda-se, porque não?”, nem que eu fosse o ultimo (e provavelmente serei) a escrever e publicar um texto neste especial.

Deixei meu post inicial de lado e comecei a escrever este aqui. O problema era sobre quem escrever? Há inúmeras mulheres que revolucionaram a musica, inclusive o rock, meu gênero musical favorito.  Estas mulheres abriram caminho em espaços dominados por homens (e quais espaços não são?) e mostraram seu talento. Temos desde a pioneira Patti Smith no punk a Angela Gossow mostrando que uma mulher sim, pode ser vocalista de Death Metal. Tantas grandes mulheres e tão pouco tempo. Por fim resolvi me focar nos anos 90. Duas grandes bandas com vocal feminino revolucionaram o rock/pop rock/alternativo nos anos 90. No Doubt e Garbage.



Escolhi neste post falar da Shirley Manson, do Garbage. Shirley é uma escocesa nascida em Edimburgo (1966), filha de uma cantora, desde cedo teve contato com a arte. Além de ser vocalista do Garbage, ela é atriz e foi modelo.
Na adolescência ela teve problemas com bullying, chegando a ter depressão. Por fim conseguiu conforto saindo com uma galera mais alternativa e adquirindo uma postura mais agressiva de comportamento.

(Só um adendo: Bullying, assim como toda forma de preconceito, é uma coisa horrível. E é uma pena que grande parte das pessoas, algumas das mais brilhantes, tenham sofrido com isto na infância e adolescência. Principalmente as mulheres, que além de sofrer com o machismo do dia a dia, ainda sofrem quando são vistas como diferentes, ou fora de um padrão pré-estabelecido na escola e na sociedade. Vejo muita gente dizendo “ah mas naquela época não tinha bullying, era brincadeira, ninguém levava a serio”, sim, as pessoas levavam a serio. Só porque não havia um nome para isto, não significa que este comportamento não existia. Há registros de bullying de décadas atrás até hoje. Seus filhos podem estar sofrendo com isto. Então fiquem atentos galera e eduquem as crianças a respeitar as diferenças, gêneros e opções sexuais alheias. Esta é a melhor forma de extinguir este comportamento triste e prejudicial, do futuro).


Ela, logo no primeiro álbum da banda esbanjou não só talento, mas uma presença de palco e carisma que conquistou o mundo. Seu vocal é ao mesmo tempo doce e agressivo, provocante e imperativo, como se estivesse começando uma briga, provocando o ouvinte a questiona-la... E quem iria questionar aquela ruiva, dizendo de forma convicta “I came around to tear your little wold apart” ??



Além da sua postura, tanto na voz quanto no palco, ela inovava na maquiagem e figurino em uma época em que os artistas não tinham acesso fácil a um figurinista e etc... Um artista ia ao palco e improvisava, fazia seu show da forma que achava melhor, sem ter decorado suas falas e movimentos com antecedência.

Recentemente (2012) ela parou um show, pois viu um rapaz agredindo uma garota, entre o publico. Deu bronca no cara ao vivo e só voltou a tocar quando ele foi retirado pelos seguranças. Mostrando sua postura a respeito da violência contra a mulher. Ela também participa de campanhas de cunho social, como campanhas para doações de apoio aos portadores de HIV.

Enfim, vamos ao que interessa... A musica. Vou resenhar o primeiro Album do Garbage. Album homônimo de 1995 que vendeu mais de 3 milhões de copias em todo o mundo.

O álbum abre com esta musica, sobre uma mulher super controladora, uma verdadeira dominatrix. Ela sabe sobre o seu controle, sabe da obsessão que o outro tem por ela, e vai alimentar esta obsessão, mantendo seu controle. Ela ainda diz que tem amantes... A letra perturba e o vocal da Shirley da mais credibilidade ao som. Realmente parece que ela esta falando serio com você. Ao mesmo tempo em que a letra é tensa, falando de controle e obsessão o instrumental toca uma melodia que como a maioria das musicas do álbum, não sai da cabeça. Fora o lance das pausas de silencio absoluto. Isto aconteceu por engano enquanto gravavam, mas eles gostaram do “efeito” e usaram no som finalizado. Este esquema de a musica tocar dai silencio, em seguida ela recomeça, tornou a canção única...

And I'll feed your obsession
The falling star that you cannot live without
I will be your religion
This thing you'll never doubt
You're not the only one, you're not the only one"


“Bow down to me, bow down to me"

(“Eu alimentarei sua obsessão, a estrela cadente sem a qual você não pode viver, serei sua religião, esta coisa na qual você nunca duvidará. Você não é o único, você não é o único...”. “Curve-se diante de mim, curve-se diante de mim”.)



"Hey boy, take a look at me
Let me dirty up your mind..."


A musica já começa com esta intimação. Shirley dizendo que vai sujar nossas mentes, que vai atravessar nossa fachada e ver o que consegue encontrar...

Esta é uma das minhas musicas preferidas do álbum. Foi lançada em single e fez grande sucesso, sendo considerada “sinistra”, “ameaçadora”, “brilhante”, “um culto a perversão” etc... O clip é quase inteiramente em preto e branco. A Shirley atrai o Fotografo e Diretor Stéphane Sednaoui para um local onde estão os membros da banda, o ataca e o deixa careca, numa perspectiva em primeira pessoa.



A musica ao meu ver fala de farsa, de aparências, de alguém tentando ser quem não é, e da cantora "despindo" esta pessoa completamente...
Este som fez muito sucesso entre a comunidade gay da época, pois pode ser interpretado como se a cantora estivesse dizendo as pessoas para "saírem do armário". Que elas fingem estarem felizes, mas que no fundo, não importa o quanto tentem esconder, elas são gays. Esta crenças foi fundamentada no fato de a palavra "Queer" ser também uma forma pejorativa de chamar uma pessoa de gay lá no USA.

By holding back the tears
Choking on your smile
A fake behind the fear
The queerest of the queer"


(“Enquanto segura as lagrimas, sufocando-se em seu sorriso, uma farsa por trás do medo, o mais esquisito dos esquisitos”)

Por fim, a banda disse que a inspiração inicial para a musica foi um livro que o baterista leu, sobre um menino que é “estranho” (queer) e que o pai contrata uma prostituta para ensina-lo a ser homem... Fica a critério de o ouvinte interpretar o que significa o Queer (estranho) da musica.
Shirley usa um tom autoritário na musica toda, com passagens em tons de raiva (I hate to see you here) e no final, ela usa um tom sedutor, interpretando a prostituta lidando com o garoto (segundo a explicação para a letra)... “You can touch me if you want...”

Outro grande sucesso, foi lançado como single e conquistou todas as rádios na época. A musica é bem dark, fala sobre auto depreciação, sobre a adoração da miséria e da escuridão. Mas de uma forma irônica, celebrando este fato. Este som é um hino para os que se consideram diferentes, que gostam de coisas opostas ao senso comum. Uma oposição a ideia de felicidade imposta pela sociedade.
Também fala de aceitação, no melhor estilo “eu sou assim, sou diferente, fique comigo se você não se importar”.

You can keep me company
As long as you don't care"


(“Você pode me fazer companhia, enquanto não se importar.”)



 Esta musica eu acho que é uma das mais fracas do álbum. É gostosa de ouvir mas o instrumental é repetitivo, então enjoa rápido. A letra é boa, porem é mais falada do que cantada e não tem nada que marque a musica, como acontece com as anteriores.
Gosto do inicio onde ela fala:

Something that you did will destroy me
Something that you said will stay with me
Long after you're dead and gone"


(“Algo que você fez me destruirá. Algo que você disse ficará comigo depois que você estiver morto”)

Esta musica eu acho divertida, empolga, letra simples fácil de cantar, um refrão que apesar de ser repetitivo (“This is not my idea of a good time”) na opinião, não cansa.
A parte da letra que mais gosto é esta:

You thought I was a little girl
You thought I was a little mouse
You thought you'd take me by surprise
Now I'm here burnin' down your house"


(“Você achou que eu era uma garotinha. Você achou que eu era um ratinho. Você achou que me pegaria de surpresa. Agora estou aqui queimando sua casa.”) heheh

Uma delicia de baladinha, com um refrão pegajoso (“Stroke of luck or gift from God? The hand of fate or devil’s claws ?"). Não tenho muito o que falar deste som, a não ser que posso ouvir varias vezes sem enjoar.

Este som é ótimo. Fala sobre vingança, sobre alguém que foi arrasado e esta disposto a dar o troco. Segundo os membros da banda, a primeira inspiração para a musica foi a noticia de uma mulher que volta para se vingar do marido abusivo. E que a musica fala sobre uma pessoa que esta com raiva, quer se vingar, mas que no fundo esta vulnerável. Enfim, a musica é uma das mais “pauleiras” do disco.  
A parte que eu mais gosto, como já citei, é quando ela fala:

I came around to tear your little world apart
And break your soul apart"

(“Eu vim aqui para destruir seu mundinho e quebrar sua alma em pedaços...”)



Quem não ouviu esta musica? Ela tocou em todo quanto é lugar, toca até hoje. Um som que fica na cabeça, que você pode deixar na sua playlist por meses sem nem perceber o quanto já ouviu e cantou. A musica, na minha opinião, fala sobre potencial desperdiçado e sobre pessoas (homens ou mulheres) que fingem ser o que não são, apenas para receber atenção alheia. Eu lembro de garotos que começam a fumar para se mostrarem “descolados”, de garotas usando roupas de “rock” para se mostrarem “rebeldes”. De pessoas tirando fotos no espelho e postando no face apenas para ter muitas curtidas e etc...

You pretend you're high
Pretend you're bored
You pretend you're anything
Just to be adored"


(“você finge que esta drogada, finge que está entediada, você finge que você é alguma coisa, só para ser adorada...”)



Esta musica em minha opinião, fala sobre decepção com uma pessoa. E sobre como não importa o que aconteça há pessoas que parecem não aprender a lição, parecem não melhorar, continuam dando os mesmos vacilos...

Dog new tricks
Nothing you learn will stick
Dog new tricks
You make me feel so worthless"


(“Novos truques a um cão, nada do que você aprende fica. Novos truques a um cão, você faz eu me sentir tão inútil.”)

Outra balada, com um bom refrão que pega fácil, e quando você menos espera esta cantando...

Send me an angel to love
I need to feel a little piece of heaven
Send me an angel to love
I'm afraid I'll never get to heaven"


Curto esta musica, que fala de alguém que não esta em um dia bom. Que esta passando por maus momentos, anda deprimido, as vezes sem nem saber por que. Alguém que esta desesperadamente querendo ser “consertado”.

Things don't have to be this way
Catch me on a better day"

(“As coisas não precisam ser deste jeito. Pegue-me em um dia melhor.”)

Melhor balada do álbum, esta musica é muito bonita e triste, fala sobre perda. Sobre a espera por alguém que provavelmente nunca virá. É a favorita da própria Shirley, neste álbum. É também a musica com a pegada mais eletrônica de todo o disco.

"I'm waiting
I'm waiting for you"




E assim, com a bela e triste Milk, termina o primeiro Album do Garbage. Que lançou a banda para o estrelato, marcou a década de 90 e alavancou a carreira da Shirley Manson.

E pra finalizar, gostaria de deixar de bônus, o link pro clip do She Wants Revenge, onde a Shirley faz uma participação especial, como uma mulher dominadora que passa boa parte do clip chutando os caras da Dupla haha




Este foi meu primeiro post, passei a tarde ouvindo Garbage, tomando coca cola e escrevendo aqui... Espero que vocês tenham gostado. Um grande abraço, não só as mulheres, mas a todos que são a favor da causa feminista. Lembrando que feminismo tem a ver com a igualdade entre as pessoas e não com a supremacia das mulheres ou qualquer tipo de controle e preconceito. 

Especial dia da Mulher - Care Bears on Fire - Get Over It.


Como assim ouso escrever sobre uma banda teen cantando problemas adolescentes no dia internacional da mulher. Calma, deixa pra me bater no fim do post, até lá estará tudo esclarecido.

Primeiro pensei em escrever sobre Amanda Palmer, que além de excelente artista é badass e merecia um post, cogitei tantas outras cantoras e bandas, Emilie Autumn, Tori Amos, Gossip,  Lazygummbrik (que era um tipo de power trio japonês numa pegada Rage Against Machine [que também virou um tipo de AudioSlave {então desisti}]). Até na Doro Pesch eu pensei em escrever.  Meu motivo para escolher o Care Bears on Fire entre tantas opções, não diz respeito a importância para o feminismo ou a música, mas sim em minhas capacidades. Não sou grande coisa escrevendo, e sinceramente, como crítico musical sou uma piada. O que sei fazer muito bem é garimpar, por isso trago a vocês Care Bears on Fire, que até o momento não tem nenhum review da banda ou dos discos em português.

A ideia de mulher como conceito é um grande problema, ser humano é plural, sendo assim, homens e mulheres são plural. Quando escutei Care Bears on fire pela primeira vez, como muita gente, foi no encerramento de um episódio de True Blood, com essa cover do Everybody Wants To Rule The World  do Tears For Fears


Fiquei curioso, dei um search no Shazam (ótimo app pra quem gosta de música) e descobri o Care Bears on Fire. Consegui o disco Getr Over Me. Não é o primeiro da banda, mas é o mais famoso.
Era um som basicamente adolescente, mas já vamos voltar ao disco, mas o que me chamou a atenção era a autenticidade, parecia ter mais densidade que um disco teen Disney qualquer.
O motivo disso é que é uma banda autentica.
A banda começou em 2005, originaria do Brooklyn, Nova York, Seu primeiro disco, I Stole your Animal  é de 2007. Do power trio original apenas o baixista saiu, ficando a vocalista/guitarrista   Sophie e a baterista Izzy. Na época do lançamento do primeiro disco com apenas 13 anos. Por isso a autenticidade, são adolescentes compondo e gravando músicas para adolescentes. Mas no especial da semana da mulher? Sim! como disse, mulheres são plural, Care Bears on Fire é uma ótima obra e inspiração para garotas adolescentes, sei que muito do que CBoF canta já foi superado pelos leitores desse blog, mas quando tinham 15 era importante. Muito bom que exista uma banda que funcione para aquelas meninas que praticamente só acham modelos mais velhas que elas na música, ou modelos da mesma idade mas pasteurizados. É muito raro achar material autêntico dessa idade. Garotas seguindo o melhor da tradição punk rock (punks me odiando em 3, 2, 1...) e colocando nisso o próprio universo, que também é universo de muita garota, que até gosta dos Ramones, mas não identifica seus problemas diários na letra da banda.
Uma nota especial para Sophie, que hoje, aos 20 anos é líder de duas bandas e comanda um zine de moda, feminismo e comportamento. O Care Bears on Fire oficialmente ainda existe, mas não lança nada novo desde 2013. o Projeto novo de Sophie e Izzy, Claire's Diary, está indo bem e quem sabe não rola um post sobre ele no futuro.
Links:
Pretendia começar do primeiro disco e fazer a discografia completa, mas a situação atual não me permite gastar 25 paus no itunes store para comprar o primeiro disco da banda. Sem mais delongas, o disco: Get Over It.  

1- Pleaser: Música sobre uma garota que se anula para agradar e ser aceita, traí confianças, faz fofoca e outras coisas para se enturmar. She's the pleaser .  Batida pop punk bem tocada e vocal clean da Sophie, backing vocal da Izzy. 3 acordes e letra simples, no espirito do your self, incluindo o clip estilo power point.
2-  Superteen: Numa pegada levemente vintage, com uuuus no backing vocal e uma batida mais anos 60 ou 70 super teen começa falando de consumismo, na melhor tradição punk, mas quando se espera que a letra vai para algo mais socialista, a coisa dá uma virada e vem algo do tipo, guarde seu guarde seu dinheiro, causar inveja não é mais legal, não são mais os anos 80. Sim, leitores, uma música adolescente sobre poupar dinheiro e ser você mesmo. O mundo é um lugar bem complicado agora, o living, die young nem faz mais sentido.  E mais um clip tipo power point, reparem que são clips oficiais da banda.

3- Everybody Else: Uma música simples no melhor estilo punk rock, a letra sobre não ser como todo mundo, fazer o que se quer e pegar a guitarra e começar a tocar. Punks, vocês ganharam está aqui a prova, mesmo que os mais xiitas odeiem. A letra é simples e obvia? Sophie escreveu essa música aos 11 anos de idade. ela está no EP, primeiro disco e nesse aqui também. O clip é bem legal:
4 - Barbie eat a Sandwich: Musicalmente acho essa um pouco melhor que as anteriores, numa pegada já um pouco mais punk. A letra é sobre o modelo perfeito para as garotas, a Barbie, que não tem conteúdo, é perfeita, mesmo sendo feita de plástico. A vocalista oferece um sanduiche para a Barbie, antes que ela morra. Ou pelo menos uma maçã.
O clip já é clip de verdade: 

5- My Problems: Uma música sobre problemas que não eram problemas. Cabelos alinhados, dentes retos, pele lisa não eram problemas até todos dizerem que eram problemas. A música questiona: Será q mais alguém tem esses problemas q me deixam tão triste? A conclusão  que  não são problemas, que só são assim. Mais uma letra que aos 20 e poucos em diante pode parecer supérflua e aos 15 faria diferença pra muita gente. Mais clip de power point:

6- Hearts Not there: A primeira baladinha do álbum, mais introspectiva, menos punk e com a letra mais elaborada. Uma música sobre ser usada por um cara que ela estava apaixonada, mas foi uma vez só, não acontecerá de novo. 
Adivinha, ppt clip:
7- Gyn Class Haze: Um problema comum aos adolescentes norte americanos, que todos já vimos em séries e filmes, são as aulas de ginástica. A música é sobre a aula acabar, não leve a aula tão a sério. Uma batidinha pop punk bem legal.

8- Boy Song: A música começa com uma ligação telefônica, a garota liga para o garoto para dizer que ele pode ser bom para todas, mas não é bom o suficiente para ela. A garota que não é popular dispensa o popular da escola. Levada punk.
ao vivo:

9- Get Over It: A música título do disco, estranho não ter um clip além do ppt de sempre. Pegada punk, um guia de se recuperar do relacionamento que acabou. "você sabe que é mais forte". Conselhos do tipo, supere isso, não mude para agradar.

10- Violet: Essa música já é mais puxada para o indie, já tem mais a cara do Claire's Diary que viria a seguir. A letra é sobre Violet, já não é tão obvia, a música já é mais elaborada e com variações que as outras músicas do disco.
mais ppt

11- Met You on MySpace: É engraçado como uma música de 4 anos atrás de uma banda adolescente pode parecer tão datada, mas o mundo é isso minha gente, complicado e rápido, sem lugar para lamentar. Na verdade a música é de 2007, ela também estava no primeiro disco da banda. Vamos para a música: Uma batida pop punk legalzinha, agora a letra... tá eu não sei exatamente qual é o sentido aqui. Conhecer um unicórnio no myspace. Pode ser tanto uma brincadeira com myspace e unicórnios (meados dos anos 2000 foi a época dos unicórnios na internet), ou uma letra tipo pedobear alert.
12- You can´t make me: Mais uma música de pegada punk e sobre relacionamentos, a garota sempre está no controle da situação, e não mudará nada pelo garoto.

13- only Know By Name: Essa música tem pausas para diálogos e a melodia bem variada, uma das 3 mais trabalhadas do disco. Ela só conhece ele pelo nome, mudou, vendeu-se, mais tema punk recorrente.
ao vivo:

14- Song About You: Um som sobre você, nunca escuto  oque eu digo, uma música bem legal pra fechar o disco. Uma música punk sobre relacionamentos, sobre escutar o que fala e dar importância.
mais um ppt e chaga:

Considerações finais: É autêntico, passa uma boa mensagem para o seu público alvo, garota adolescentes, tem uma pegada moderna com toda a raiz que o punk e o rock plantaram. Antes de rotular, pense: Sou o público alvo?
Uma boa opção cheia de atitude para garotas, e é para isso que arte, artistas e histórias existem, para identificarmos com elas e tirarmos o melhor da situação. Discorda? Vai discutir com o Joseph Campbell.