sábado, 8 de março de 2014

Especial Dia da Mulher: Shirley Manson - Garbage (1995)

Fala galera, fui convidado a participar deste excelente blog a poucos dias. Já estava preparando um post sobre uma banda que eu adoro, quando me avisaram que nossa equipe estava se preparando para escrever sobre artistas femininas. Uma homenagem ao Dia das Mulheres.

“Os novatos não precisam se preocupar em participar deste especial, já que chegaram encima da hora e talvez não de tempo”. Realmente (infelizmente) não tenho muito tempo de sobra, mas pensei “foda-se, porque não?”, nem que eu fosse o ultimo (e provavelmente serei) a escrever e publicar um texto neste especial.

Deixei meu post inicial de lado e comecei a escrever este aqui. O problema era sobre quem escrever? Há inúmeras mulheres que revolucionaram a musica, inclusive o rock, meu gênero musical favorito.  Estas mulheres abriram caminho em espaços dominados por homens (e quais espaços não são?) e mostraram seu talento. Temos desde a pioneira Patti Smith no punk a Angela Gossow mostrando que uma mulher sim, pode ser vocalista de Death Metal. Tantas grandes mulheres e tão pouco tempo. Por fim resolvi me focar nos anos 90. Duas grandes bandas com vocal feminino revolucionaram o rock/pop rock/alternativo nos anos 90. No Doubt e Garbage.



Escolhi neste post falar da Shirley Manson, do Garbage. Shirley é uma escocesa nascida em Edimburgo (1966), filha de uma cantora, desde cedo teve contato com a arte. Além de ser vocalista do Garbage, ela é atriz e foi modelo.
Na adolescência ela teve problemas com bullying, chegando a ter depressão. Por fim conseguiu conforto saindo com uma galera mais alternativa e adquirindo uma postura mais agressiva de comportamento.

(Só um adendo: Bullying, assim como toda forma de preconceito, é uma coisa horrível. E é uma pena que grande parte das pessoas, algumas das mais brilhantes, tenham sofrido com isto na infância e adolescência. Principalmente as mulheres, que além de sofrer com o machismo do dia a dia, ainda sofrem quando são vistas como diferentes, ou fora de um padrão pré-estabelecido na escola e na sociedade. Vejo muita gente dizendo “ah mas naquela época não tinha bullying, era brincadeira, ninguém levava a serio”, sim, as pessoas levavam a serio. Só porque não havia um nome para isto, não significa que este comportamento não existia. Há registros de bullying de décadas atrás até hoje. Seus filhos podem estar sofrendo com isto. Então fiquem atentos galera e eduquem as crianças a respeitar as diferenças, gêneros e opções sexuais alheias. Esta é a melhor forma de extinguir este comportamento triste e prejudicial, do futuro).


Ela, logo no primeiro álbum da banda esbanjou não só talento, mas uma presença de palco e carisma que conquistou o mundo. Seu vocal é ao mesmo tempo doce e agressivo, provocante e imperativo, como se estivesse começando uma briga, provocando o ouvinte a questiona-la... E quem iria questionar aquela ruiva, dizendo de forma convicta “I came around to tear your little wold apart” ??



Além da sua postura, tanto na voz quanto no palco, ela inovava na maquiagem e figurino em uma época em que os artistas não tinham acesso fácil a um figurinista e etc... Um artista ia ao palco e improvisava, fazia seu show da forma que achava melhor, sem ter decorado suas falas e movimentos com antecedência.

Recentemente (2012) ela parou um show, pois viu um rapaz agredindo uma garota, entre o publico. Deu bronca no cara ao vivo e só voltou a tocar quando ele foi retirado pelos seguranças. Mostrando sua postura a respeito da violência contra a mulher. Ela também participa de campanhas de cunho social, como campanhas para doações de apoio aos portadores de HIV.

Enfim, vamos ao que interessa... A musica. Vou resenhar o primeiro Album do Garbage. Album homônimo de 1995 que vendeu mais de 3 milhões de copias em todo o mundo.

O álbum abre com esta musica, sobre uma mulher super controladora, uma verdadeira dominatrix. Ela sabe sobre o seu controle, sabe da obsessão que o outro tem por ela, e vai alimentar esta obsessão, mantendo seu controle. Ela ainda diz que tem amantes... A letra perturba e o vocal da Shirley da mais credibilidade ao som. Realmente parece que ela esta falando serio com você. Ao mesmo tempo em que a letra é tensa, falando de controle e obsessão o instrumental toca uma melodia que como a maioria das musicas do álbum, não sai da cabeça. Fora o lance das pausas de silencio absoluto. Isto aconteceu por engano enquanto gravavam, mas eles gostaram do “efeito” e usaram no som finalizado. Este esquema de a musica tocar dai silencio, em seguida ela recomeça, tornou a canção única...

And I'll feed your obsession
The falling star that you cannot live without
I will be your religion
This thing you'll never doubt
You're not the only one, you're not the only one"


“Bow down to me, bow down to me"

(“Eu alimentarei sua obsessão, a estrela cadente sem a qual você não pode viver, serei sua religião, esta coisa na qual você nunca duvidará. Você não é o único, você não é o único...”. “Curve-se diante de mim, curve-se diante de mim”.)



"Hey boy, take a look at me
Let me dirty up your mind..."


A musica já começa com esta intimação. Shirley dizendo que vai sujar nossas mentes, que vai atravessar nossa fachada e ver o que consegue encontrar...

Esta é uma das minhas musicas preferidas do álbum. Foi lançada em single e fez grande sucesso, sendo considerada “sinistra”, “ameaçadora”, “brilhante”, “um culto a perversão” etc... O clip é quase inteiramente em preto e branco. A Shirley atrai o Fotografo e Diretor Stéphane Sednaoui para um local onde estão os membros da banda, o ataca e o deixa careca, numa perspectiva em primeira pessoa.



A musica ao meu ver fala de farsa, de aparências, de alguém tentando ser quem não é, e da cantora "despindo" esta pessoa completamente...
Este som fez muito sucesso entre a comunidade gay da época, pois pode ser interpretado como se a cantora estivesse dizendo as pessoas para "saírem do armário". Que elas fingem estarem felizes, mas que no fundo, não importa o quanto tentem esconder, elas são gays. Esta crenças foi fundamentada no fato de a palavra "Queer" ser também uma forma pejorativa de chamar uma pessoa de gay lá no USA.

By holding back the tears
Choking on your smile
A fake behind the fear
The queerest of the queer"


(“Enquanto segura as lagrimas, sufocando-se em seu sorriso, uma farsa por trás do medo, o mais esquisito dos esquisitos”)

Por fim, a banda disse que a inspiração inicial para a musica foi um livro que o baterista leu, sobre um menino que é “estranho” (queer) e que o pai contrata uma prostituta para ensina-lo a ser homem... Fica a critério de o ouvinte interpretar o que significa o Queer (estranho) da musica.
Shirley usa um tom autoritário na musica toda, com passagens em tons de raiva (I hate to see you here) e no final, ela usa um tom sedutor, interpretando a prostituta lidando com o garoto (segundo a explicação para a letra)... “You can touch me if you want...”

Outro grande sucesso, foi lançado como single e conquistou todas as rádios na época. A musica é bem dark, fala sobre auto depreciação, sobre a adoração da miséria e da escuridão. Mas de uma forma irônica, celebrando este fato. Este som é um hino para os que se consideram diferentes, que gostam de coisas opostas ao senso comum. Uma oposição a ideia de felicidade imposta pela sociedade.
Também fala de aceitação, no melhor estilo “eu sou assim, sou diferente, fique comigo se você não se importar”.

You can keep me company
As long as you don't care"


(“Você pode me fazer companhia, enquanto não se importar.”)



 Esta musica eu acho que é uma das mais fracas do álbum. É gostosa de ouvir mas o instrumental é repetitivo, então enjoa rápido. A letra é boa, porem é mais falada do que cantada e não tem nada que marque a musica, como acontece com as anteriores.
Gosto do inicio onde ela fala:

Something that you did will destroy me
Something that you said will stay with me
Long after you're dead and gone"


(“Algo que você fez me destruirá. Algo que você disse ficará comigo depois que você estiver morto”)

Esta musica eu acho divertida, empolga, letra simples fácil de cantar, um refrão que apesar de ser repetitivo (“This is not my idea of a good time”) na opinião, não cansa.
A parte da letra que mais gosto é esta:

You thought I was a little girl
You thought I was a little mouse
You thought you'd take me by surprise
Now I'm here burnin' down your house"


(“Você achou que eu era uma garotinha. Você achou que eu era um ratinho. Você achou que me pegaria de surpresa. Agora estou aqui queimando sua casa.”) heheh

Uma delicia de baladinha, com um refrão pegajoso (“Stroke of luck or gift from God? The hand of fate or devil’s claws ?"). Não tenho muito o que falar deste som, a não ser que posso ouvir varias vezes sem enjoar.

Este som é ótimo. Fala sobre vingança, sobre alguém que foi arrasado e esta disposto a dar o troco. Segundo os membros da banda, a primeira inspiração para a musica foi a noticia de uma mulher que volta para se vingar do marido abusivo. E que a musica fala sobre uma pessoa que esta com raiva, quer se vingar, mas que no fundo esta vulnerável. Enfim, a musica é uma das mais “pauleiras” do disco.  
A parte que eu mais gosto, como já citei, é quando ela fala:

I came around to tear your little world apart
And break your soul apart"

(“Eu vim aqui para destruir seu mundinho e quebrar sua alma em pedaços...”)



Quem não ouviu esta musica? Ela tocou em todo quanto é lugar, toca até hoje. Um som que fica na cabeça, que você pode deixar na sua playlist por meses sem nem perceber o quanto já ouviu e cantou. A musica, na minha opinião, fala sobre potencial desperdiçado e sobre pessoas (homens ou mulheres) que fingem ser o que não são, apenas para receber atenção alheia. Eu lembro de garotos que começam a fumar para se mostrarem “descolados”, de garotas usando roupas de “rock” para se mostrarem “rebeldes”. De pessoas tirando fotos no espelho e postando no face apenas para ter muitas curtidas e etc...

You pretend you're high
Pretend you're bored
You pretend you're anything
Just to be adored"


(“você finge que esta drogada, finge que está entediada, você finge que você é alguma coisa, só para ser adorada...”)



Esta musica em minha opinião, fala sobre decepção com uma pessoa. E sobre como não importa o que aconteça há pessoas que parecem não aprender a lição, parecem não melhorar, continuam dando os mesmos vacilos...

Dog new tricks
Nothing you learn will stick
Dog new tricks
You make me feel so worthless"


(“Novos truques a um cão, nada do que você aprende fica. Novos truques a um cão, você faz eu me sentir tão inútil.”)

Outra balada, com um bom refrão que pega fácil, e quando você menos espera esta cantando...

Send me an angel to love
I need to feel a little piece of heaven
Send me an angel to love
I'm afraid I'll never get to heaven"


Curto esta musica, que fala de alguém que não esta em um dia bom. Que esta passando por maus momentos, anda deprimido, as vezes sem nem saber por que. Alguém que esta desesperadamente querendo ser “consertado”.

Things don't have to be this way
Catch me on a better day"

(“As coisas não precisam ser deste jeito. Pegue-me em um dia melhor.”)

Melhor balada do álbum, esta musica é muito bonita e triste, fala sobre perda. Sobre a espera por alguém que provavelmente nunca virá. É a favorita da própria Shirley, neste álbum. É também a musica com a pegada mais eletrônica de todo o disco.

"I'm waiting
I'm waiting for you"




E assim, com a bela e triste Milk, termina o primeiro Album do Garbage. Que lançou a banda para o estrelato, marcou a década de 90 e alavancou a carreira da Shirley Manson.

E pra finalizar, gostaria de deixar de bônus, o link pro clip do She Wants Revenge, onde a Shirley faz uma participação especial, como uma mulher dominadora que passa boa parte do clip chutando os caras da Dupla haha




Este foi meu primeiro post, passei a tarde ouvindo Garbage, tomando coca cola e escrevendo aqui... Espero que vocês tenham gostado. Um grande abraço, não só as mulheres, mas a todos que são a favor da causa feminista. Lembrando que feminismo tem a ver com a igualdade entre as pessoas e não com a supremacia das mulheres ou qualquer tipo de controle e preconceito. 

8 comentários:

  1. Conheço o Garbage. Ouvi o primeiro album apenas, mas certamente é bem legal. Parabéns pelo post. E que venham outros! Sucesso!

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    1. aee q bom q gostou huhuh o primeiro de muitos \o huhuuh

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  3. Seeensacional!! *---* Maravilhosa escolha!! \o/

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    1. huhuh valeu, vou postar mais play do garbage no futuro huhuhu

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  4. Excelente post! Muito bem escrito.
    Adoro Garbage, parabéns pela escolha. A Shirley Manson é mesmo admirável.
    E de quebra ainda teve o clip do She Wants Revenge que é maravilhoso!! (tanto o clip, como a música - ADORO!)

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  5. Perfeito! Shirley é mesmo sensacional.. não me canso de ouvir Garbage.. até hj as letras das músicas me comovem e me inspiram... tempos bons

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