quinta-feira, 6 de março de 2014

Especial Semana da Mulher: Esperanza Spalding - Esperanza (2008)

Oi, eu sou o Salinas! E esta é a minha contribuição no primeiro Especial do Blog Disco a Disco, mandando um salve a todas as mulheres! E vou homenagear a jazzíssima, baixíssima, cantoríssima, cabeludíssima e gatíssima Esperanza Spalding. S2

Nascida em Portland em 1984, é considerada a maior revelação do jazz nos últimos tempos, cantando e tocando baixo, tanto upright como elétrico.

Sua discografia começou em 2006 com Junjo. Em seguida vieram Esperanza em 2008, Chamber Music Society em 2010 e Radio Music Society em 2012.

E é esse segundo disco, Esperanza (2008) que iremos comentar faixa a faixa. Esperanza continua desfilando seu baixo e sua bela voz, com regravações de clássicos tupiniquins no início e no fim do disco, em perfeito português. E em várias outras faixas vemos influência da bossa-nova e do samba, embora também tenha bastante fusion, ritmos latinos e claro, jazz. O disco mantém aquela levada morna, jangadeira, que deságua num jazz lento e gostoso, uma chuva leve refrescando o entardecer à beira-mar. As letras em geral falam sobre relacionamentos: uma mina dessa não aceita qualquer um como namorado...

"Ponta de Areia" (Milton Nascimento, Fernando Brant)

O som começa alegre, brejeiro, e ao mesmo tempo melancólico. Esperanza, num português perfeito, fala sobre a estrada de ferro Bahia-Minas, que em certa época trouxe algum progresso para o norte de Minas Gerais.

"I Know You Know"

Uma das minhas favoritas do disco. Aqui a pegada mais jazzy, já desde o primeiro groove malandro no baixo, com aquele cheiro inconfundível de bossa-nova. Esperanza manda o papo reto: pára de disfarçar e faz alguma coisa logo!! Porque "ela sabe que você sabe" que ela tá louca por você...

"Fall In"

Uma mais lentinha e romântica, só no piano e voz. Não tenha medo de se apaixonar pela Esperanza...

"I Adore You"

Neste instrumental volta a boa e velha brasilidade, logo na percussão inicial. A influência da música negra aparece nos vocais femininos e melismas, mas mantendo as dissonâncias jazzísticas.

"Cuerpo y Alma (Body & Soul)" (Edward Heyman, Robert Sour)

Agora um jazz pra Herbie Hancock nenhum botar defeito, com levada focada no baixo. Esperanza, agora cantando em espanhol, foi abandonada por seu amor, "seu corpo e alma". Solinho violento no piano!

"She Got to You"

Outra das minhas favoritas do disco, a progressão de acordes é simplesmente sensacional, acompanhando o solo de sax. Esperanza lembra o quanto o romance de vocês dois era quente, até que essa outra garota "grudou em você".

"Precious"

Outro jazz mais lento e calmo, focando no baixo e bateria. Esperanza se cansou de tentar parecer outra pessoa, já que você pelo jeito não estava contente com ela como ela é. A corda esticou até onde deu: "It takes more than pressure to change rock to diamond / Now all you have is sand / Slipping through your fingers".

"Mela"

Outro instrumental, começando com vocais em melisma dobrados no naipe de metais, que depois vão pra um solo jazzístico daqueles, com direito a um agudo solo vocal de Esperanza no final. Muitas tensões e dissonâncias, o melhor do jazz está aqui.

"Love in Time"

Depois da loucura da faixa anterior, um descanso numa faixa mais maneira. Esperanza não quer ter pressa, acha melhor dar tempo ao tempo, pois o amor é algo que se constrói a longo prazo: "Like charm wit and beauty / Our youth made us seek them / But in truth we don't need them / We're in love, so let's take our time."

"Espera"

Outro jazz com harmonia mais tensa, com alguns grooves deliciosos entre os versos. Esperanza faz jus ao nome, num discurso esperançoso sobre um futuro de paz entre os homens, e da dificuldade de se chegar a essa paz. O peso é grande, e a mudança tem que partir de cada um. Mas "eu quase acredito... bem, eu acredito".

"If That's True"

Outro instrumental jazzístico, com toda aquela loucura batera / sax / baixo.

"Samba em Prelúdio" (Vinícius de Moraes, Baden Powell)

E pra fechar com chave de ouro, Esperanza regrava este clássico, saudosa do seu amor que se foi. Intimista, só no baixo fretless e voz, com um violão lá no fundo.

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:



E é isso... até mais!

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