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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

EngHaw - 9° Simples de Coração

Olá, pessoas! (:


  
O disco “Simples de Coração” vem de um hiato de 2 anos desde o último lançado (quebrando pela primeira vez o ritmo de um disco lançado por ano), que marca o que muitos acreditam ser o “final da fase clássica” da banda.
Essa reinvenção pode ser atribuída ao fim dos Engenheiros do Hawaii, como era idealizado, com a saída traumática do guitarrista Augusto Moacir Licks, que envolveu inclusive briga judicial. Os novos Engenheiros contaram a partir daí com o novo guitarrista Ricardo Horn, amigo do vocalista da época da faculdade, e a chegada de Fernando Deluqui, que havia há pouco saído do RPM e depois de algumas jams com a banda foi convidado a ficar, e de Paulo Casarin, tecladista e acordeonista que tocou por 7 anos com o Pepeu Gomes.
O Power trio agora era um quinteto, porém, a formação seria temporária.


Esse álbum marca o início de uma fase muito mais experimental, cheia de regionalismo gaúcho – grande parte graças ao impacto do toque nada sutil do acordeon de Casarin. Produzido em L.A./USA por Greg Ladanyi, que buscava com o trabalho, recuperar a espontaneidade e o desapego ao perfeccionismo (daí o “Simples de Coração”), o álbum segue a mesma linha anterior dos trabalhos idealizados pelo Gessinger, a ideia de ser ouvido/sentido como uma canção única, uma história sendo contada, a história do início de uma grande nova era para a banda.

O álbum também ganhou uma versão em inglês, que não foi comercializada, mas que vazou (infelizmente em baixa qualidade) na internet - lógico.


Pra abrir, o título fala tudo. Bem vindo à nova Engenheiros do Hawaii!
Calma, riffs sobrepostos com a dupla de guitarras Horn/Deluqui, o vocal duplicado do Gessinger, e um final cerimonial com coro e sino.
“Se queres paz, te prepara para a guerra!
Se não queres nada, descansa em paz”

A deliciosa harmonia entre o acordeon e as guitarras, outra cara, outra coisa.
*Com direito a clipe e Humbertão contracenando em cenas quentes.. Ui!
  

Sem abrir mão do riff pesado no começo, cara de rock, misturado com arranjos mais delicados, e o acordeon, que à essa altura você já se acostumou e camuflou amorosamente lá no meio.
Essa é aquela música pra você que tentou a vida toda ser completo, fazer tudo certinho, tentando ser perfeito e perdendo, ou se desfazendo, de tudo aquilo que não saiu como você achava que seria o certo.
“Já perdemos muito tempo brincando de perfeição
Esquecemos o que somos, simples de coração.”

Levada suave, “O fim é puro ritmo, o ultimo suspiro é purificação”.
Sorte ou destino? Eis a questão... Vale a reflexão.

Perspectiva? Alienação? Marketing? Te desafio a definir.
Qual sua ideia de paraíso? Nada que o sistema não possa lhe prometer, nada a que você também já não esteja conectado, inclusive, é tudo uma questão de direção.
Grande clássico!

Eu já devo ter dito em algum outro disco, mas torno a dizer, esse cara fala como ninguém sobre o amor.
“Não, eu não olhava pra você por acaso, eu sempre quis você.
Se eu não me fiz entender
Não foi por mal, não foi por nada, nada foi por acaso.”

A “evolução” de “Alívio imediato”. Ilex Paraguariensis é o nome da erva-mate com a qual se faz o tão adorado pelos gaúchos: chimarrão.
A velha e linda mania que essa banda tem de reinventar as músicas.

Maltz no vocal principal e Gessinger no backing, uma energia que me lembra “sopa de letrinhas”.
Outra canção de amor totalmente fora do comum, enigmática e desafortunada.

Cara de blues, backing vocal feminino em inglês, conflito entre lados, batalhas mal explicadas...
“Tudo se resume, se presume, se reduz
E o principal fica fora do resumo”
Como nessa matéria, por exemplo.

Um rock com riffs nervosos, vocal com reverb, o retrato da donzelinha esperando na janela pelo príncipe que nunca chegou, chorando pelas desilusões que ela mesma criou, da responsabilidade que era dela e ela nunca soube.
Qualquer semelhança com tudo o que toda garota é ensinada desde a infância é mera coincidência. Ou não.

Bela melodia, cheia de variações, solo de castanhola, e um convite:
“Se tu quiseres saber quem eu sou, vem! Me dá tua mão
Vem viver, vem lutar lado a lado
Me protege e terás proteção, minha mão, meu irmão.”

12. Final
Um cavalgar. Seria a marca da passagem de um cavaleiro, indicando o final da estrada, ou o dessa música de 45 min, o álbum “Simples de Coração”?

Não. Uma homenagem ao "estúpido" vocalista, segundo ele próprio, ou “chucro/rústico”, conforme os companheiros da banda. :)


Até "Humberto Gessinger Trio"
Tchau!

terça-feira, 3 de junho de 2014

EngHaw - 8° Filmes de Guerra, Canções de Amor

Olá, pessoas! (:


1993 é o ano de lançamento do oitavo disco dos Engenheiros, o Ao Vivo “Filmes de Guerra, Canções de Amor”, seguindo o ritmo adotado pela banda até o momento, de um álbum ao vivo a cada três de estúdio. Produzido por Mayrton Bahia, que já havia produzido a lendária Legião Urbana, e gravado ao vivo na sala Cecília Meirelles, no Rio de Janeiro (com exceção das inéditas “Realidade virtual”, e ”Às vezes Nunca”, que foram gravadas em estúdio), em Julho de 1993.






Bom, eu não seria nada original se dissesse que é considerado por muitos, um dos melhores (quiçá o melhor!) álbum da banda, tanto entre os Ao Vivo, Acústicos e de Estúdio, pelas inéditas, pelas reinventadas (dá pra considerar praticamente como um disco de inéditas, considerando as ótimas versões que conseguem melhorar ainda mais as músicas já lançadas...), pelo estilo semi-acústico (Com a percussão feita sem bateria, com guitarras acústicas, piano, acordeon), nem lá-nem-cá, a contribuição da Orquestra Sinfônica, regida por Wagner Tiso, o amadurecimento, a despedida do guitarrista Augusto Licks, dando fim à “Era GLM”... Também, seria igualmente inútil dizer que eu o acho, de fato, brilhante! Visto que minhas opiniões elogiosas à banda são altamente suspeitas, dado o meu fanatismo... Então, deixo à seu critério o julgamento.   

Infelizmente, não encontrei um vídeo com o disco completo, exceto esse aqui... 
Mas já dá pro gasto, rs.

Enjoy!


Inédita e “abre-alas” do disco, com uma pitada clássica, acompanhada da orquestra sinfônica de Wagner Tiso, num clima perfeitamente ambientado à letra, te transportando à auto mar, “onda após onda, após onda... O barco ainda flutua. Ao sabor do acaso, apesar dos pesares...”.
Como todos os discos, seguindo a lógica artística da banda, o projeto é iniciado no clima proposto: à deriva.
“Então, preste atenção: O mar não ensina, insinua. Estamos no mesmo barco, sob a mesma lua
Ao sabor da corrente, tão fortes quanto o elo mais fraco
Âncora, vela, qual me leva? Qual me prende?
Mapas e bússola, sorte e acaso, quem sabe do que depende... (?)”.

Resgatada do 2° disco (Arevolta dos Dândis – 1987), e reinventada num blues acústico, a música perde a agressividade e ganha uma cara mais sínica, como quem passa do revolucionário irado ao crítico maduro...
“As coisas mudam de nome, mas continuam sendo o que sempre serão”.

Agora, voltando ao 3° disco (Ouça o que eu digo, não ouça ninguém – 1988), a canção ganha sua versão cheia de charme com a guitarra do Licks, acompanhando irresistivelmente cada verso. A percussão suave do Maltz regendo o clima manso da nova versão, e o Gessinger, bom, sendo o Gessinger...
“Pra entender... Nada disso é tudo, e tudo isso é fundamental!”

A segunda inédita lançada no acústico, com a gaita que a banda tanto gosta de usar, brilhando junto com o vocal, (e provavelmente só por este motivo não é tocada pelo multifacetado vocalista...), e à certa altura ganha também o acompanhamento de um triângulo...
“Quanto vale a vida, longe de quem nos faz viver?
São segredos que a gente não conta, são contas que a gente não faz
Coisas que o dinheiro não compra, perguntas que a gente não faz...”
Depois, virando um reggae engata um meddley com “Terra de Gigantes”, de onde vem o questionamento que dá nome a ela, e mais pra frente ganha um trechinho de “Refrão de um bolero” e “Perfeita simetria” .

Ainda resgatando o disco de 1988, é a vez da crônica ser cantada quase como um repente, com triângulo e belos novos arranjos em guitarras acústicas e uma percussão, acredito eu que em um bongô, e o belo acompanhamento das palmas, que energia...
“... Tudo isso já faz parte da rotina, e a rotina já faz parte de você... Que tem ideias tão modernas!
E é o mesmo homem que vivia nas cavernas...”.

A belíssima música do 5° disco (O papa é pop – 1990) substitui o piano pelo acordeon pela primeira vez, nascendo uma de suas versões mais belas.

Lançada no 6° disco (VáriasVariáveis – 1991), eu me arrisco a dizer que essa versão humilhou a primeira. Não que a original fosse ruim, mas essa versão aqui realmente... Só ouvindo. Coisa linda!
“Uma voz sublime, uma palavra sublime, um discurso subliminar
Entre sombras, entre escombros da nossa solidez...”.

A canção que dá nome ao 4° disco, o primeiro acústico (Alívio Imediato – 1989), a sua reinvenção ganha não apenas nova melodia, mas também letra alterada em alguns trechos.
“Que a noite traga alívio imediato, e que os muros e as grades caiam...”.

Sem medo da redundância, eu me atrevo a afirmar que este disco re-lança a melhor versão pra esta, também do 6° disco. Acompanhada pela orquestra, e com o Gessinger ao piano, a versão se tornou mais popular que a de lançamento.

Também acompanhada pela orquestra, original do 5° CD, a música ganha o seu glamour clássico, mas sem perder o tom marcial com a percussão em marcha no final.

Terceira inédita lançada neste disco, é gravada em estúdio, e plugada. Uma combinação de ritmos dentro dela, com sax, acordeon, triângulo e pesados riffs de guitarra em perfeita harmonia, cada um em seu momento. A letra é mais uma dessas demonstrações geniais do raciocínio subjetivo e subliminar do letrista, méééstre!
Às vezes nunca é a materialização sonora daqueles momentos que não aconteceram ainda, mas na sua cabeça são praticamente sólidos! Entendeu? Não? Então ouve...
“Às vezes não entendo o que você quer dizer quando fica calada,
você sempre soube (eu não sabia)
Quando a frase acaba, o mundo silencia
Às vezes não entendo onde você quer chegar quando fica parada
É como ficar esperando cartas que nunca vão chegar...”

A quarta música inédita, também gravada em estúdio, e com ares de encerramento, como que projetada pra fechar o disco... E um encerramento irônico, iniciado e terminado com um coral de acompanhamento.

“É preciso fé cega, e pé atrás. Olho vivo, faro fino, e tanto faz...”.

Até o "Simples de Coração"
Tchau! o/

sexta-feira, 4 de abril de 2014

EngHaw – 7° Gessinger, Licks & Maltz

Olá, pessoas! (:

Em 1992 é lançado o sétimo disco da banda, “Gessinger, Licks & Maltz”, inspirado na obra da banda britânica de rock progressivo “Emerson, Lake & Palmer”.                          

                           






Último álbum de estúdio e auto-produzido nessa formação, um dos primeiros no Brasil a utilizar “auto-tune”, hoje muito utilizado em músicas pop, e um trabalho mais sincronizado e harmonioso do que nunca no trio! 
Parece ser o clímax da banda nessa formação, quando cada um fez tão linda e talentosamente a sua parte, que a obra ficou perfeita... É considerado um marco na história da banda! Embora não seja o de mais hits emplacados (apenas “Ninguém=Ninguém” e “Parabólica”).





Uma das mais (pra não dizer a mais) populares do álbum, com uma introdução deliciosa, calminha, lembra maresia... E cresce com os riffs da guitarra e a bateria. Com uma frase emprestada de “A Revolução dos bichos –George Orwell”, (Uns mais iguais que os outros), ela fala da diferença entre as pessoas, coisas, formas de pensar, e como, mesmo com tamanhas diferenças, sejamos tão parecidos nas atitudes.
São todos iguais e tão desiguais/Mas uns mais iguais que os outros”.

Um lindo casamento entre a guitarra genial do Licks, um prato marcado que cresce na bateria energética do Maltz, e o poderoso baixo Guessingeriano. Ela começa com um barulho de porta abrindo, como um preludio de um encontro que promete conflito... 
E ao longo da música, soa como uma tirada de satisfação:
Me Achas lento/Quando atravesso a escuridão/Por um momento eu me sinto/Como um dardo em suas mãos [...] Até quando você vai ficar sem saber o que quer de mim?”.

Genial e apaixonante! Como já é de costume da banda “redesenhar” as músicas, Sampa no Walkman ganha sua irmã em um ritmo contagiante e charmoso, num tipo de tango... (embora em um trecho ele cante “Sinto muito blues”. Seria blues? Não tenho conhecimento pra discernir) E num clima de desistência, a letra fala de uma relação complicada, entre pessoas completamente diferentes, no momento errado, tentando escrever uma história impossível.

Um pouco mais lenta, com efeitos eletrônicos mais evidentes, e um clima um tanto melancólico.
Enigmática, saudosa, reflexiva, sofrida. 
Há vida na Terra/Há chances de erro/Não há nada que possa nos proteger”.

Começa num corinho respondendo a voz quase missionária do Gessinger, acompanhados de um violãozinho, e depois cresce em riffs de guitarra tão nervosos quanto os versos que seguem.
“Triste vocação/A nossa elite burra se empanturra de biscoito fino/
Somos todos passageiros clandestinos dos destinos da nação.
Triste destino, engolir sem mastigar/ 
Chuva de containers/Entertainers no ar... noir [...]
Falta pão (O pão nosso de cada dia)/
Sobra pão (O pão que o diabo amassou)”.

6. Pose 
Ao piano, com clímax acompanhado da bateria e guitarra,  um retrato do mundo em decadência, envenenados com uma ideia de “modernidade” imoral, tortuosa, destoando de seu clima de quase ingênua esperança, de “Remar contra a corrente” e reverter o estrago.

Piano novamente bem marcante, uma mistura de ingredientes (inverno + escuridão) que resultam em “Um corpo que se deita/Na solidão de uma cama desfeita/Um corpo em tempestade/Agora já é tarde...”.
“Só depois de perder, você descobre que era um jogo
Um jogo que não acaba nunca, nunca acaba empatado
Se foi um jogo, você ganhou: Eu perdi a direção
Se foi um sonho, se foi o céu, eu não sei
Eu que não sei perder, perdi o sono, na escuridão”.

Uma coletânea de sonhos, imagens controversas, “O Suprassumo da contradição!”.
Pesadelos, com horror reformado, “Paz na Terra em transe profundo”.

Só ao violão, pianinho, como uma canção de ninar, não à toa. A canção foi escrita pra sua filha, nascida no começo de 1992, Clara. Uma fofura! *-*
“Se a TV estiver fora do ar quando passarem os melhores momentos da sua vida
Pela janela alguém estará de olho em você, completamente paranóico
Prenda minha parabólica/Princesinha Clarabólica [...]
Longe, longe, longe (aqui do lado)
(Paradoxo: Nada nos separa).”

Uma auto-análise “cara a cara” de alguém, depois do jogo perdido. Fundamental para a conquista de sí, a reflexão de seus atos... Regada de belos solos de guitarra, num clima tão amargo quanto a letra...
“Eu roubei quase tudo que eu tenho só pra chamar tua atenção
E, quando cheguei em casa, vi que lá morava um ladrão
Eu perdi quase tudo que eu tinha, a paz, a paciência, 
A urgência que me levava pela mão [...]
Nunca mais saiu da minha boca o gosto amargo da palavra traição
Nunca mais saiu da minha boca nenhum elogio a nenhuma paixão”.

Uma continuação da conquista do espelho, literalmente. As gravações são amarradas... Melancólica, angustiada, regada de solos maravilhosos do Licks. A melhor conclusão a que se pode chegar depois de um balanço negativo durante a conquista do espelho: “Problemas... Sempre existiram.” (e sempre existirão!).
“As mentiras da arte são tantas, são plantas artificiais
Artifícios que usamos para sermos ou parecermos mais reais
Um pedaço do paraíso, uma estação no inverno
Uma soma muito, muito, muito maior do que as partes, a mentira da arte.”

A irmã de “A Conquista do Espelho”, mas tenho a impressão que a antecede, embora venha por fim ao álbum. “Cara à cara (a conquista do espelho)/ Passo à passo (a conquista do espaço)”.
Em uma dimensão além da terra firme.
Um “Gran finale” um pouco mais animado no corpo e final com referência à “Ninguém = Ninguém” e “Pampa no Walkman” com a melodia de “Sampa no Walkman”.

O jeito EngHaw de produzir álbuns tem a ver com uma obra integral, “uma soma muito, muito, muito maior do que as partes...” e não apenas um apanhado de músicas gravadas em qualquer ordem, preenchendo o CD.
Vale super a pena ouvir o disco na ordem que foi pensado, dá um novo sentido pra quem ouve aleatoriamente.

Então, fica a dica! Rs.

P.S.: Esse link dá pra uma lista de reprodução com o CD completo, em sequência.

Obrigada por ler!
Até o disco ao vivo “Filmes de guerra, Canções de amor”!

Tchau!

quinta-feira, 13 de março de 2014

EngHaw - 6° Várias Variáveis



Olá, pessoas! (:

No ano de 1991 os EngHaw lançam seu 6° disco, também produzido pela própria banda, o 3° nesta formação. A sonoridade de volta ao rock n’ roll mais cru, deixando a influência eletrônica. Há quem diga que é um dos discos mais fracos da banda em termos de sonoridade, mas com músicas (especificamente composições, que viriam a ser regravadas com arranjos diferentes) que inegavelmente, estão entre os grandes sucessos da carreira até hoje, como: Piano bar, Ando Só, Muros e grades, e a regravação de Herdeiros da Pampa Pobre do Gaúcho da Fronteira.


Nesse mesmo ano, em decorrência do lançamento de Várias Variáveis, a Rede Globo fez um especial, com algumas das músicas do 5° e 6° disco, entre alguns recortes da entrevista com o trio. A despeito da visão que a crítica tinha da banda, os caras comentam sua postura quanto a isso, na posição de uma banda que não está nem aí pra o que a crítica pensa, e igualmente aos fãs! (Isso dito por pessoas menos articuladas daria muita polêmica! Rs) E explicam a declaração, dizendo que estão ali, fazendo o que estão ali pra fazer, a que são inspirados... E não afim de agradar, ou cantar o que a demanda pede. 
Vale a pena assistir!


A capa criada pelo próprio Gessinger, trás uma grande engrenagem em forma de serpente mordendo o próprio rabo, com o trio dentro, sugerindo que o álbum é como um ciclo que se auto renova, o que pode ser percebido em músicas com melodias gêmeas (o caso da primeira e ultima faixa, por exemplo), cercada por várias outras: “O Homem Vitruviano(Leonardo Da Vinci); um símbolo radioativo; o emblema do 1/14° GAv (Grupo de Aviação) esquadrão Pampa, o relógio do Mickey Mouse (que aparece no início do vídeo The Wall” – Pink Floyd); Beba Chimarrão (alusão ao logo da Pepsi-Cola); uma pirâmide; o emblema do Sport Club Internacional; Uma moeda; o adesivo “Senta aPùa” (lema do 1° Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira durante a 2° Guerra Mundial); um telefone a disco; o emblema do Grêmio; um smile; e o símbolo da ONU.
No encarte do disco existe uma enigmática dedicatória: 
“Este disco é dedicado ao homem só, seja ele quem for, esteja onde estiver”.


Faixa curtinha, com pouco menos de 1 minuto e meio, violãozinho bem suave e uns arranjinhos de guitarra fazendo um charme. Tem a base instrumental de “Nunca é Sempre”, ultima faixa do disco. Guessinger em duas vozes, uma sobrepondo a outra, numa composição com frases já conhecidas de outras músicas, brincando com as palavras, citando “Ilusão de Ótica” e “O Papa é Pop”
Fala abstrata e lindamente da fragilidade do sonho popular, tão vulnerável e ameaçado pelos interesses dos mais poderosos.
“Uma estória mal contada/ Uma mentira repetida/ até virar verdade”.

Música do conterrâneo Gaúcho da Fronteira, tem forte crítica sociopolítica, foi um dos singles do disco e se eternizou um dos maiores clássicos na voz da banda.
“Porque eu não quero deixar pro meu filho/ A pampa pobre que herdei de meu pai!”

De volta ao rock: Guitarra-baixo-bateria, com alguns efeitos de gravação de falas no final. A mensagem é de alguém que quer “tirar o seu da reta”: 
“Não vem que não tem/ Eu não devo nada pra ninguém!/ 
Me deixa fora dessa guerra santa/ Senta a brasa/ Quebra o pau/”.

Um dos maiores sucessos da carreira, dentre as músicas de amor “À La EngHaw”, iniciada ao piano e recheada com um belo solo do Licks. Fala de um amor condicional, e condição essa aparentemente inconcebível. De repente, quando o estado de graça se vai, fica evidente o óbvio. Muitas vezes o amor que alguém nutri é uma forma de solidariedade, a adoção da solidão alheia como nossa.

Inspirada no conto “Pergunte ao Pó” de John Fante. Mais um dos grandes sucessos da banda! Relembrando meu primeiro post, essa foi a primeira música que eu ouvi da banda, amor à primeira ~ouvida~ rs.
Iniciada com uma gravação, uma voz feminina diz: “Driver, follow that car!” (motorista, siga aquele carro!) e então o barulho do motor do carro em partida... Guitarra e bateria marcantíssimas... E uma letra pra qualquer lobo solitário se apaixonar!
“Ando só, pois só eu sei/ Pra onde ir, por onde andei/ Ando só nem sei porque [...]
[...] Ando só, como um pássaro voando/ Ando só, como se voasse num bando/
Ando só, pois só eu sei andar sem saber até quando/ Ando só...”


Começa num violãozinho simpático, e então entram o trio à todo vapor...
Retrata a solidão de uma vida na estrada, o lado sombrio do que parece uma aventura tão excitante.

Faixa curtinha, instrumental. Lembra um dial procurando uma estação no rádio...

Música com referência/alusão à “Sampa” do Caê.
“Este sou eu/ Na esquina, de novo.
Tudo é tão novo quanto esta canção
?Será que alguém presta atenção?”

Grande música! Fala da alienação da vida em que vivemos nas grandes cidades, o quanto nos afastamos cada vez mais de uma vida minimamente saudável, em busca de proteção para o mal que nós mesmos produzimos. Doidera.
E no final, só pra não perder o costume, rs, aquele toque de #BrokenHearted
“Viver assim é um absurdo/ Como outro qualquer/ 
Como tentar o suicídio/ Ou amar uma mulher”.
Tarefa igualmente nada fácil, rs.

Essa faixa conta com uns trechos narrados pelo Cid Moreira, então âncora do Jornal Nacional, e tem tudo a ver com a letra, que fala de senso crítico. 
“Quem quiser saber por que/ E não quiser se arrepender/ 
Não pode acreditar em tudo/ Tem que acreditar em algo”.

Relativamente curta, a faixa tem base no piano, uns solos no violão e vai crescendo uma percussão mais aguda. 
Parece um ensaio, um curta que tenta retratar o Brasil, dividido em takes vacilantes.

Tem o mesmo clima de curta*, piano, violãozinho, vai crescendo uma percussãozinha... Parece uma despedida, uma continuação de sua jornada sem rumo certo, sem vista e sem fim.
“É sempre a mesma história/ É tão difícil partir
É sempre a mesma história/ É impossível ficar
É sempre mais difícil dizer adeus/ Quando não há nada mais pra se dizer”.

Bem hard rock...  Guitarra reinando! Dá-lhe Licks!
A eterna inconstância da humanidade de cada um.
“Às vezes parece que eu não tenho medo
Às vezes parece que eu não tenho dúvidas
Às vezes parece que eu não tenho nenhuma razão pra chorar [...]
[...] Como tudo na vida, nunca é sempre”.

E então entra ela, como numa continuação, uma história muito bem amarrada que se inicia continuando a ideia da música anterior, e dando a melodia da primeira, porque “A gente vive assim/ Sempre acabando o que não tem fim”.

*Não achei um vídeo com o áudio do álbum na íntegra, mas pra quem fica na vontade vale a pena ver o vídeo do especial que também esta bem legal! (putz, rimei.. ¬¬" rs)

Te vejo em 1992, com o álbum "Gessinger, Licks & Maltz". Tchau! o/