Olá, pessoas! (:
Em 1992 é lançado o sétimo disco da banda, “Gessinger, Licks & Maltz”,
inspirado na obra da banda britânica de rock progressivo “Emerson, Lake & Palmer”.
Parece
ser o clímax da banda nessa formação, quando cada um fez tão linda e talentosamente
a sua parte, que a obra ficou perfeita... É considerado um marco na história da
banda! Embora não seja o de mais hits emplacados (apenas “Ninguém=Ninguém” e “Parabólica”).
Uma das mais (pra não dizer a mais) populares do álbum, com
uma introdução deliciosa, calminha, lembra maresia... E cresce com os riffs da
guitarra e a bateria. Com uma frase emprestada de “A Revolução dos bichos –George Orwell”, (Uns mais iguais que os
outros), ela fala da diferença entre as pessoas, coisas, formas de pensar,
e como, mesmo com tamanhas diferenças, sejamos tão parecidos nas atitudes.
“São todos iguais e tão desiguais/Mas uns mais iguais que
os outros”.
Um lindo casamento entre a guitarra genial do Licks, um
prato marcado que cresce na bateria energética do Maltz, e o poderoso baixo Guessingeriano. Ela começa com um barulho de porta abrindo, como um
preludio de um encontro que promete conflito...
E ao longo da música, soa como
uma tirada de satisfação:
“Me Achas lento/Quando atravesso a escuridão/Por um momento
eu me sinto/Como um dardo em suas mãos [...] Até quando você vai ficar sem saber
o que quer de mim?”.
Genial e apaixonante! Como já é de costume da banda “redesenhar”
as músicas, “Sampa no Walkman” ganha
sua irmã em um ritmo contagiante e charmoso, num tipo de tango... (embora em um
trecho ele cante “Sinto muito blues”. Seria blues? Não tenho conhecimento pra
discernir) E num clima de desistência, a letra fala de uma relação complicada,
entre pessoas completamente diferentes, no momento errado, tentando escrever
uma história impossível.
Um pouco mais lenta, com efeitos eletrônicos mais
evidentes, e um clima um tanto melancólico.
Enigmática, saudosa, reflexiva, sofrida.
“Há vida na
Terra/Há chances de erro/Não há nada que possa nos proteger”.
Começa num corinho respondendo a voz quase missionária do
Gessinger, acompanhados de um violãozinho, e depois cresce em riffs de guitarra
tão nervosos quanto os versos que seguem.
“Triste vocação/A nossa elite burra se empanturra de
biscoito fino/
Somos todos passageiros clandestinos dos destinos da nação.
Triste destino, engolir sem mastigar/
Chuva de
containers/Entertainers no ar... noir [...]
Falta pão (O pão nosso de cada dia)/
Sobra pão (O pão que o diabo amassou)”.
6. Pose
Ao piano, com clímax acompanhado da bateria e
guitarra, um retrato do mundo em decadência, envenenados com uma ideia de “modernidade” imoral, tortuosa, destoando de seu
clima de quase ingênua esperança, de “Remar contra a corrente” e reverter o
estrago.
Piano novamente bem marcante, uma mistura de ingredientes
(inverno + escuridão) que resultam em “Um corpo que se deita/Na solidão de uma
cama desfeita/Um corpo em tempestade/Agora já é tarde...”.
“Só depois de perder, você descobre que era um jogo
Um jogo que não acaba nunca, nunca acaba empatado
Se foi um jogo, você ganhou: Eu perdi a direção
Se foi um sonho, se foi o céu, eu não sei
Eu que não sei perder, perdi o sono, na escuridão”.
Uma coletânea de sonhos, imagens controversas, “O
Suprassumo da contradição!”.
Pesadelos, com horror reformado, “Paz na Terra em transe
profundo”.
9. Parabólica
Só ao violão, pianinho, como uma canção de ninar, não à
toa. A canção foi escrita pra sua filha, nascida no começo de 1992, Clara. Uma
fofura! *-*
“Se a TV estiver fora do ar quando passarem os melhores
momentos da sua vida
Pela janela alguém estará de olho em você, completamente
paranóico
Prenda minha parabólica/Princesinha Clarabólica [...]
Longe, longe, longe (aqui do lado)
(Paradoxo: Nada nos separa).”
Uma auto-análise “cara a cara” de alguém, depois do jogo
perdido. Fundamental para a conquista de sí, a reflexão de seus atos... Regada
de belos solos de guitarra, num clima tão amargo quanto a letra...
“Eu roubei quase tudo que eu tenho só pra chamar tua
atenção
E, quando cheguei em casa, vi que lá morava um ladrão
Eu perdi quase tudo que eu tinha, a paz, a paciência,
A urgência que me levava pela mão [...]
Nunca mais saiu da minha boca o gosto amargo da palavra
traição
Nunca mais saiu da minha boca nenhum elogio a nenhuma
paixão”.
Uma continuação da conquista do espelho, literalmente. As
gravações são amarradas... Melancólica, angustiada, regada de solos
maravilhosos do Licks. A melhor conclusão a que se pode chegar depois de
um balanço negativo durante a conquista do espelho: “Problemas... Sempre existiram.” (e sempre existirão!).
“As mentiras da arte são tantas, são plantas artificiais
Artifícios que usamos para sermos ou parecermos mais reais
Um pedaço do paraíso, uma estação no inverno
Uma soma muito, muito, muito maior do que as partes, a
mentira da arte.”
A irmã de “A Conquista do Espelho”, mas tenho a impressão
que a antecede, embora venha por fim ao álbum. “Cara à cara (a conquista do
espelho)/ Passo à passo (a conquista do espaço)”.
Em uma dimensão além da terra firme.
Um “Gran finale” um pouco mais animado no corpo e final com
referência à “Ninguém = Ninguém” e “Pampa no Walkman” com a melodia de “Sampa
no Walkman”.
O jeito EngHaw de produzir álbuns tem a ver com uma obra
integral, “uma soma muito, muito, muito maior do que as partes...” e não apenas
um apanhado de músicas gravadas em qualquer ordem, preenchendo o CD.
Vale super a pena ouvir o disco na ordem que foi pensado,
dá um novo sentido pra quem ouve aleatoriamente.
Então, fica a dica! Rs.
P.S.: Esse link dá pra uma lista de reprodução com o CD completo, em sequência.
Obrigada por ler!
Até o disco ao vivo “Filmes
de guerra, Canções de amor”!
Tchau!
Bacana! Eu não conhecia muito dessa fase da banda. Sensacional, ainda tavam a mil nas composições.
ResponderExcluirPra muitos foi o auge da banda! A lendária formação GLM, que chegava ao fim...
ResponderExcluirEu, por ter conhecido numa época posterior, acho ótimo tmb! Mas não vejo decréscimo... Acho cada fase excelente à sua maneira. As composições então, nem se fala... rs.
"Tenho vinte e cinco anos
ResponderExcluirDe sonho e de sangue
E de América do Sul
Por força deste destino
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues"
sei lá, lembrei disso lendo o seu texto sobre "Pampa No Walkman"
Disco excelente. Ouvi muito!
ResponderExcluirPuta álbum!!!!
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