quinta-feira, 13 de março de 2014

EngHaw - 6° Várias Variáveis



Olá, pessoas! (:

No ano de 1991 os EngHaw lançam seu 6° disco, também produzido pela própria banda, o 3° nesta formação. A sonoridade de volta ao rock n’ roll mais cru, deixando a influência eletrônica. Há quem diga que é um dos discos mais fracos da banda em termos de sonoridade, mas com músicas (especificamente composições, que viriam a ser regravadas com arranjos diferentes) que inegavelmente, estão entre os grandes sucessos da carreira até hoje, como: Piano bar, Ando Só, Muros e grades, e a regravação de Herdeiros da Pampa Pobre do Gaúcho da Fronteira.


Nesse mesmo ano, em decorrência do lançamento de Várias Variáveis, a Rede Globo fez um especial, com algumas das músicas do 5° e 6° disco, entre alguns recortes da entrevista com o trio. A despeito da visão que a crítica tinha da banda, os caras comentam sua postura quanto a isso, na posição de uma banda que não está nem aí pra o que a crítica pensa, e igualmente aos fãs! (Isso dito por pessoas menos articuladas daria muita polêmica! Rs) E explicam a declaração, dizendo que estão ali, fazendo o que estão ali pra fazer, a que são inspirados... E não afim de agradar, ou cantar o que a demanda pede. 
Vale a pena assistir!


A capa criada pelo próprio Gessinger, trás uma grande engrenagem em forma de serpente mordendo o próprio rabo, com o trio dentro, sugerindo que o álbum é como um ciclo que se auto renova, o que pode ser percebido em músicas com melodias gêmeas (o caso da primeira e ultima faixa, por exemplo), cercada por várias outras: “O Homem Vitruviano(Leonardo Da Vinci); um símbolo radioativo; o emblema do 1/14° GAv (Grupo de Aviação) esquadrão Pampa, o relógio do Mickey Mouse (que aparece no início do vídeo The Wall” – Pink Floyd); Beba Chimarrão (alusão ao logo da Pepsi-Cola); uma pirâmide; o emblema do Sport Club Internacional; Uma moeda; o adesivo “Senta aPùa” (lema do 1° Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira durante a 2° Guerra Mundial); um telefone a disco; o emblema do Grêmio; um smile; e o símbolo da ONU.
No encarte do disco existe uma enigmática dedicatória: 
“Este disco é dedicado ao homem só, seja ele quem for, esteja onde estiver”.


Faixa curtinha, com pouco menos de 1 minuto e meio, violãozinho bem suave e uns arranjinhos de guitarra fazendo um charme. Tem a base instrumental de “Nunca é Sempre”, ultima faixa do disco. Guessinger em duas vozes, uma sobrepondo a outra, numa composição com frases já conhecidas de outras músicas, brincando com as palavras, citando “Ilusão de Ótica” e “O Papa é Pop”
Fala abstrata e lindamente da fragilidade do sonho popular, tão vulnerável e ameaçado pelos interesses dos mais poderosos.
“Uma estória mal contada/ Uma mentira repetida/ até virar verdade”.

Música do conterrâneo Gaúcho da Fronteira, tem forte crítica sociopolítica, foi um dos singles do disco e se eternizou um dos maiores clássicos na voz da banda.
“Porque eu não quero deixar pro meu filho/ A pampa pobre que herdei de meu pai!”

De volta ao rock: Guitarra-baixo-bateria, com alguns efeitos de gravação de falas no final. A mensagem é de alguém que quer “tirar o seu da reta”: 
“Não vem que não tem/ Eu não devo nada pra ninguém!/ 
Me deixa fora dessa guerra santa/ Senta a brasa/ Quebra o pau/”.

Um dos maiores sucessos da carreira, dentre as músicas de amor “À La EngHaw”, iniciada ao piano e recheada com um belo solo do Licks. Fala de um amor condicional, e condição essa aparentemente inconcebível. De repente, quando o estado de graça se vai, fica evidente o óbvio. Muitas vezes o amor que alguém nutri é uma forma de solidariedade, a adoção da solidão alheia como nossa.

Inspirada no conto “Pergunte ao Pó” de John Fante. Mais um dos grandes sucessos da banda! Relembrando meu primeiro post, essa foi a primeira música que eu ouvi da banda, amor à primeira ~ouvida~ rs.
Iniciada com uma gravação, uma voz feminina diz: “Driver, follow that car!” (motorista, siga aquele carro!) e então o barulho do motor do carro em partida... Guitarra e bateria marcantíssimas... E uma letra pra qualquer lobo solitário se apaixonar!
“Ando só, pois só eu sei/ Pra onde ir, por onde andei/ Ando só nem sei porque [...]
[...] Ando só, como um pássaro voando/ Ando só, como se voasse num bando/
Ando só, pois só eu sei andar sem saber até quando/ Ando só...”


Começa num violãozinho simpático, e então entram o trio à todo vapor...
Retrata a solidão de uma vida na estrada, o lado sombrio do que parece uma aventura tão excitante.

Faixa curtinha, instrumental. Lembra um dial procurando uma estação no rádio...

Música com referência/alusão à “Sampa” do Caê.
“Este sou eu/ Na esquina, de novo.
Tudo é tão novo quanto esta canção
?Será que alguém presta atenção?”

Grande música! Fala da alienação da vida em que vivemos nas grandes cidades, o quanto nos afastamos cada vez mais de uma vida minimamente saudável, em busca de proteção para o mal que nós mesmos produzimos. Doidera.
E no final, só pra não perder o costume, rs, aquele toque de #BrokenHearted
“Viver assim é um absurdo/ Como outro qualquer/ 
Como tentar o suicídio/ Ou amar uma mulher”.
Tarefa igualmente nada fácil, rs.

Essa faixa conta com uns trechos narrados pelo Cid Moreira, então âncora do Jornal Nacional, e tem tudo a ver com a letra, que fala de senso crítico. 
“Quem quiser saber por que/ E não quiser se arrepender/ 
Não pode acreditar em tudo/ Tem que acreditar em algo”.

Relativamente curta, a faixa tem base no piano, uns solos no violão e vai crescendo uma percussão mais aguda. 
Parece um ensaio, um curta que tenta retratar o Brasil, dividido em takes vacilantes.

Tem o mesmo clima de curta*, piano, violãozinho, vai crescendo uma percussãozinha... Parece uma despedida, uma continuação de sua jornada sem rumo certo, sem vista e sem fim.
“É sempre a mesma história/ É tão difícil partir
É sempre a mesma história/ É impossível ficar
É sempre mais difícil dizer adeus/ Quando não há nada mais pra se dizer”.

Bem hard rock...  Guitarra reinando! Dá-lhe Licks!
A eterna inconstância da humanidade de cada um.
“Às vezes parece que eu não tenho medo
Às vezes parece que eu não tenho dúvidas
Às vezes parece que eu não tenho nenhuma razão pra chorar [...]
[...] Como tudo na vida, nunca é sempre”.

E então entra ela, como numa continuação, uma história muito bem amarrada que se inicia continuando a ideia da música anterior, e dando a melodia da primeira, porque “A gente vive assim/ Sempre acabando o que não tem fim”.

*Não achei um vídeo com o áudio do álbum na íntegra, mas pra quem fica na vontade vale a pena ver o vídeo do especial que também esta bem legal! (putz, rimei.. ¬¬" rs)

Te vejo em 1992, com o álbum "Gessinger, Licks & Maltz". Tchau! o/

7 comentários:

  1. Cara, acabei de assistir o Especial. Bom demais, uma baita energia. E as entrevistas então? GENIAIS!

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  2. Né?! Puta personalidade... MUITO FODAA!!
    Aaah, eu sou babona demais pra comentar... rs *-*

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  3. Piano Bar é a minha favorita do Engenheiros EVER !
    AMO!!!

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    1. Sério Lud?? Coincidência feliz! rs
      https://soundcloud.com/juh46/piano-bar-enghaw-cover

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  4. =)
    coincidência feliz!
    Mais uma... rsrsrs

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  5. Achei o álbum completo:
    https://www.youtube.com/watch?v=-HWEm8KMzpQ
    =)

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  6. A faixa 7 "Várias Variáveis" traz os samples de "A Verdade a Ver Navios" (Ouça o que eu digo..., 1988) e "Vozes" (A revolta dos dândis, 1987), sendo que a última é citada na primeira e também em "Descendo a serra"

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