domingo, 9 de fevereiro de 2014

EngHaw - 3° Ouça o que eu digo, não ouça ninguém

Olá, pessoas! 

Em 1988 é lançado o 3° disco dos EngHaw, com a faixa título imponente e desafiadora "Ouça o que eu digo, não ouça ninguém", os caras mostram que vieram pra ficar, e que esse trio (Gessinger, Licks e Maltz - GLM) já no seu segundo CD nessa formação, ainda produziriam muita coisa boa juntos!




1. Ouça o que eu digo, não ouça ninguém
Um baixo cheio de personalidade; bateria energética, contagiante; guitarra limpa, preenchendo bem, bem trabalhada... Nesse clima orquestral a música narra uma cena obscura, de coisas infelizmente tão comuns, gente vendendo o que tem pra manter seu vício, gente fazendo do vício dos outros o seu negócio, e cobrando cada vez mais caro, gente observando, comentando, fingindo não ver, fingir se importar... E toda uma corrente de desencorajamento para uma existência de luz no fim do túnel. "Ouça o que eu digo, não ouça ninguém" é uma frase muito ambígua... Ela começa pedindo algo e sugere o contrário no final: A regra é, não ouça ninguém! Chega de ouvir quem quer que seja... Seja a voz na sua cabeça e vire a mesa. 

2. Cidade em Chamas
Começa pianinho, baixo e guitarra, e de repente uma virada de batéra... No clássico clima de rebeldia contra o sistema by Gessinger, a cidade está em chamas, e embora todas as chances estejam contra nós, estamos por ai, afim se sobreviver! Num panorama de guerras, ataques por todos os lados, principalmente do mais forte.

3. Somos quem podemos ser
Essa sim é mansa, arranjo muito refinado, sem bateria... Uma reflexão bem parecida com "Terra de Gigantes". O dia em que você cai na real e percebe que as coisas não são tão perfeitas como você imaginava, a vida te mostra isso de forma não tão gentil, mas ainda sim, e talvez graças a isso, você também enxerga como todo o mecanismo funciona. 

4. Sob o tapete
Baladinha sobre a força da expectativa, sobre a ilusão acerca das coisas... "O que seria de nós e não fosse a ilusão que nos trouxe até aqui?". Essa motivação misteriosa que nos leva a buscar cada coisa e direcionar as atitudes. Mas, pra todo caso, "há mais de um motivo/ há mais de uma razão", e a complexidade das coisas nos faz desistir, e "quanto mais se foge/ tanto mais se quer fugir", e no final, o macete da vida é esconder as cinzas sob o tapete.

5. Desde quando
"Rock n' roll não é o que se pensa/E o que se pensa não é o que se faz/ O que se faz só faz sentido/Quando vivemos em paz". Contestação de cada verdade feita, desde quando esses princípios foram impostos a nós, e em prol de quem? 

6. Nunca se sabe
Violãozinho gostoso com umas distorções de guitarra, clima mais reflexivo. "Não quero perder a razão pra ganhar a vida/ Nem quero perder a vida pra ganhar o pão/ Não é que eu faça questão de ser feliz/ Eu só queria que parassem de morrer de fome/ a um palmo do meu nariz". Nunca se sabe o porque das escolhas, "Sem dúvida, a dúvida é um fato/ E sem fatos não sai um jornal". 

7. A verdade a ver navios
Mais uma introdução que me lembra "Terra de gigantes", rs. 
Fala das ironias da vida, inimigos do mesmo lado, lutando pelas mesmas coisas, sonhos que nunca se tornam realidade... Da covardia de não pagar pra ver, não encarar a vida, o que deveria ser uma exceção e vira regra.

8. Tribos e tribunais
A incansável visão crítica de Gessinger ataca novamente. Embora tenhamos um otimismo automático, sempre chega a hora em que percebemos que há algo errado. Uma maioria esmagadora sendo esmagada por uma minoria opressora, lucro em detrimento de ideais... "Tem muita gente se queimando na fogueira/ E muito pouca gente se dando muito bem". Expressa também seu descontentamento com a saída do Roger Water do Pink Floyd "Forma sem função", rs.  

9. Pra entender
"Pra entender/Nada disso é tudo/E tudo isso é fundamental". Praticamente uma insinuação aos princípios da complexidade, a parte não forma o todo, que já é uma coisa diferente, não apenas a soma, e o todo não é possível sem as partes. "Pra entender... Basta olhar pra o que acontece/ Esteja onde estiver".

10. Quem diria
Com fortes riffs de guitarra, fala do fim de uma paixão, que embora sem muita lógica pra dar certo, sempre pega de surpresa quem esta apaixonado.

11. Variações sobre um mesmo tema
Bateria quase enfeitiçadora, distorções de guitarra... A mesma angustia humana sentida de formas diferentes em cada um, respostas pra tentativas infrutíferas. Citações de outras músicas, e um desfecho super viagem de frases carregadas de efeitos e significado.

Vou ficar devendo no áudio, não encontrei na íntegra...
Então fica aí pelo menos a faixa título do álbum!



... E até 1989, com Alívio Imediato

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