Confesso que demorei demais para
escrever esse post.
Toda vez que tentava escreve-lo, achava a tarefa complexa demais e desistia. Ou então começava a ouvir as faixas do álbum e acabava me envolvendo tanto em ouvir e curtir, que esquecia completamente de escrever sobre.
Toda vez que tentava escreve-lo, achava a tarefa complexa demais e desistia. Ou então começava a ouvir as faixas do álbum e acabava me envolvendo tanto em ouvir e curtir, que esquecia completamente de escrever sobre.
Fácil porque eu o conheço bem,
porque as músicas já foram amplamente comentadas e criticadas, de modo que há
muito material por aí, pra pesquisar e complementar minhas ideias. Difícil
porque é muita responsabilidade. É um disco antológico, histórico. Mudou os
paradigmas da música até então. Acredito que ainda não tenha surgido nenhum
álbum capaz de tal façanha, até agora.
É o segundo álbum do Nirvana e um
sucesso de venda e de crítica. Está entre os 10 primeiros colocados na lista
dos 200 álbuns definitivos do Rock and Roll Hall os Fame.
E quem não conhece a famosa capa
do bebê nadando atrás da nota de dólar? Além de conhecida, a tal capa foi
eleita como a melhor capa de todos os tempos pela revista Rolling Stone. E
também existem inúmeras releituras e paródias da imagem, o que apenas reforça
seu sucesso.
Enfim, nesse álbum é que DaveGrohl entra definitivamente para a banda com a saída de Channing em 1990, como comentei no post anterior. Com o
relativo sucesso do primeiro álbum, e com o chamado “som de Seattle” estourando
na mídia, muitas gravadoras sondaram o grupo, mas no final, foi a Geffen
records que conseguiu contratá-los, por intermédio de Kim Gordon, baixista do
Sonic Youth.
Então, sem a produção de Jack
Endino e da estética da Sub Pop, o Nirvana esteve mais livre para produzir um
álbum mais elaborado melodicamente, um pouco mais pop, sem perder o peso. Não
tinha como não dar certo.
Novamente, todas são composições de Cobain, música e letra. Apenas smells like teen spirit é creditada também como sendo da banda toda (Cobain/Grohl/Novoselic).
Novamente, todas são composições de Cobain, música e letra. Apenas smells like teen spirit é creditada também como sendo da banda toda (Cobain/Grohl/Novoselic).
O produtor do Nevermind é Butch Vig, que também é baterista do Garbage (que também teve um disco comentado aqui),
que também produziu Gish, do Smashing Pumpkins e é responsável por ter
dobrado os vocais e guitarras de Kurt, nesse álbum, o que deu mais “corpo” ao
som do nirvana, que no álbum anterior.
Faixa 1 - Smells Like Teen Spirit (5:01)
Há tanto para dizer sobre essa música que valeria um post só
pra ela. Inicialmente rejeitada pelas rádios, chegou a ser eleita a melhor canção de todos os tempos.
Muitas vezes parodiada.
A própria banda já não aguentava mais tocar a canção,
realizando diversas piadas e auto-paródias.
Composição complexa? (segundo
a Wikipédia: “escrita na tonalidade de F menor, com o riff da
guitarra principal construído a partir de quatro power chords (F5-Bb5-Ab5-Db5) tocadas num ritmo de semicolcheia em síncope por Cobain”, etc. Entendeu?)
Hino de uma geração? Milimetricamente pensada para ser um
sucesso midiático, ou expressão espontânea e instantânea de uma mentalidade
genialmente criativa?
Ah, quer saber? Aumenta o som e quebra tudo!
Faixa 2 – In Bloom (4:14)
In Bloom tem um clipe sensacional, em que se vê a banda no
melhor estilo “bons moços”, como num programa antigo de televisão, estilo Ed
Sullivan, como foi sucesso com os Beatles. Ao mesmo tempo que se sobrepõem
imagens da banda quebrando tudo
Melodia fácil, baixo bem marcado com as viradas do bateria
de Dave Grohl muito bem colocadas, mostrando a que veio. Guitarra suja,
inclusive no solo, mas sem ser muito pesada, agradando a ouvidos de todas as
idades.
E a simples, mas incrível fórmula de começar já com o riff,
diminuir a intensidade na entrada do vocal mais suave, um pré refrão que vai
crescendo gerado uma tensão que explode no refrão onde todos os instrumentos
crescem e o vocal é quase gritado, voltando a ficar suave logo em seguida,
repetindo-se a sequencia.
Há quem
diga que a letra é uma crítica às pessoas que apenas gostam de cantar suas
cançõs favoritas, mas se importar com o significado delas.: “He's the one who likes / All the pretty
songs, and he / Likes to sing along, and he / Likes to shoot his gun, but he / Don't
know what it means”
Faixa 3 – Come As You Are (3:39)
Mesma fórmula, mas, com uma cara bem mais pop, um pouco mais
limpa. Aquele comecinho bem suave que cativa qualquer ouvinte de cara.
Qualquer pessoa que toque guitarra sabe qual é o melhor
exercício para checar a afinação do instrumento. Sim, o riff inicial de Come as
you are é unanimidade!
Curiosidade: Kurt não era muito de fazer grandes solos de
guitarra, mas este está entre seus solos mais longos.
E quanto a letra? Bem essa pra mim é difícil decifrar. às
vezes acho que é uma provocação, à crítica, á mídia em geral. Como se estivesse
chamando alguém para uma briga, de um modo bem irônico:
“Venha... Não perca tempo, rápido / A escolha é sua, não se
atrase / Descanse um pouco, como um amigo, como uma velha memória...” - “Come ... Take your time, hurry up / The choice is yours, don't be late / Take a
rest as a friend as an old memory...”E aí, no final aquela frasesinha marota,
como quem diz, prometo que não vai doer:“And I swear that I don't have a gun” - “E
eu juro que não tenho uma arma”
Faixa 4 –
Breed (3:03)
Acho que por muito tempo foi minha preferida do álbum. “I
don't care, I don't care, I don't care, I don't care, I don't care...” é um
tapa na cara das tradições, das coisas que todo mundo diz que você tem que
fazer, que esperam que você faça.
A ironia contida em trechos como “We could plant a house /
We could build a tree” (podemos plantas
uma casa / podemos construir uma árvore) é sensacional.
Não, não precisamos de nada disso, mas talvez podemos ter, não
me importo.
E o começo da música é demais. Um ruído, a guitarra
distorcida, a sensacional virada de bateria que vai crescendo como num galope,
o baixo marcando, até atingirem a harmonia principal e darem espaço para o
vocal, que começa com a frase-chave. “I don’t care!”
Faixa 5 -
Lithium – (4:17)
E essa letra? Bipolaridade total. Contradição pura. Há quem
diga que Kurt sofria desse transtorno.
O estilo Nirvana de alternar momentos suaves, com momentos
mais agressivos na mesma música, alternado inclusive o andamento, e explodindo
no refrão se faz muito presente aqui, o que faz coro ao tema – bipolaridade.
Faixa 6 - Polly
– (2:57)
Tema pesadíssimo, melodia melancólica, com um violãozinho, o
baixo acompanhando, e só um prato bem colocado, suavemente e cada fim de verso
e entrada de refrão. Há uma breve pausa lá pelo meio retomando imediatamente só
com a linha do baixo, e Kurt cantando “Polly Said” meio que atravessando o
tempo, propositalmente ou não, mas que dá uma dinâmica sensacional para a
música. Não sei quem faz o backing vocal, se é o próprio Kurt, Novoselic ou Grohl,
mas eu acho muito bom.
Está bem alinhada com a forma irônica de composição de Kurt
e de sua ideia de que as pessoas não se importam com as letras ou as mensagens
das canções. Certeza que muita gente achava (e ainda ache) que era uma música
romântica estilo dor-de-cotovelo.
Faixa 7 - Territorial
Pissings – (2:22)
Uma porrada! Pesada, rápida, guitarra bem suja, bateria
sensacional. Letra minimalista e refrão gritado, berrado no final. O melhor
estilo Pixies de fazer música, um pouco mais sujo. A letra é sensacional, fala
de manipulação da mídia, guerra por territórios, teorias da conspiração, fala
da não aceitação do “diferente” e, porque não, de machismo.
A linda ironia está na introdução, cantada por Novoselic, totalmente fora do
tom: "Come on people now / Smile on your brother / Everybody get together
/ Try to love one another / Right now", referência à canção Get Together,
que ficou conhecida com a banda The Youngbloods, e foi um hino hippie da época
do woodstock (sabe, aquela coisa toda de paz e amor?). Pois é.
Faixa 8 –
Drain You – (3:43)
Uma música deliciosa. A canção tem um refrão menos gritado,
com backing vocals bem harmoniosos. Não tem grandes explosões, mas uma bateria muito
marcada, que apresentando pausas bem colocadas, viradas incríveis e uma
retomada sensacional após o 2º. refrão em que música “morre”. A bateria mantém
uma marcação quase tribal, com grande destaque no bumbo, enquanto os outros
instrumentos piram no melhor estilo “psicodélico” e um vocal com muito efeito
repetindo a mesma palavra, a última do refrão (YOU), parecendo vir do além. E
então todos seguem num crescendo, até uma retomada para reiniciar o verso.
A letra fala de paixão e de entrega total ao parceiro(a).
Hetero ou homossexual, não faz diferença.
Faixa 9 – Lounge
Act – (2:36)
O baixo inicia a canção de forma deliciosa. O título “Lounge
act” (Sala de Estar) refere-se ao fato de que esta música pode ser tocada numa
sala de estar. Tá mais pra aquele tipo de música barulhenta, mas que você pode
ouvir numa festa de família sem chocar demais sua avó, e sem os tios reclamarem
demais. O final dela é bem bacana.
Faixa 10 – Stay Away – (3:32)
Porrada do começo ao fim, é mais uma canção com letra
crítica à sociedade e às imposições sociais a que nos submetemos, sem
questionar: Macaco vê, macaco faz. (Monkey see, monkey do / I don't know why). Crítica à mídia, à
indústria da moda.
Originalmente, o título era pra ser Pay To Play (Pague para
tocar), um tapinha na cara da indústria músical.
Mas o que impressiona mesmo, é a frase “I'd
rather be dead than cool / I don't know why”, ou seja, “Eu prefiro estar morto
que ser legal (ou popular) / Eu não sei porque”. Profético.
Faixa 11 – On
a Plain – (3:16)
Música bacaníssima. Nem tão pesada, mas guarda uma certa raiva.
Love myself Better than you!
Os vocais do refrão são muito harmoniosos. O finalzinho com
um fade para o vocal principal e ficando só o Ah-Ah de fundo é sensacional...
Faixa 12 – Something in the way – (3:55)
Trilha sonora para cortar os pulsos, a cara de toda uma
geração, a dos anos 90, melancólica e desesperançosa. Fala da dura realidade de
quem vive na rua, e não tem o que comer. Melodia linda, arranjo incrível. Uma
linha de violoncelo surge no refrão, dando uma beleza triste e poética.
Faixa oculta: Endless, Nameless
Surge após cerca de 10 minutos do fim da última canção
creditada, Something in the Way. Não fazia parte do álbum originalmente,
somente algumas cópias do CD continham a canção como faixa oculta.
Pesadona, lembra o Nirvana de Bleach. Há boatos de que
surgiu no estúdio mesmo, num esquema jam/piração.
E viva a distorção!
E viva a distorção!
Maravilhoso. Valeu a pena esperar. De fato, um disco histórico, e muito significativo pra mim, fez parte da minha adolescência e ainda me deixa doidão quando toca, hahahaha
ResponderExcluirSensacionaaal!!! *-----*
ResponderExcluirEsse CD é o segundo mais ouvido da minha vida, sem dúvida nenhuma... rsrs. É muito gostoso perceber que conheço tão bem e amo tanto cada uma das músicas (menos essa última, acho que minha cópia de camelô do nevermind não tinha essa faixa bônus, rsrs), dá uma sensação de plenitude, 100% de aproveitamento!
Trilha sonora do resto da tarde, certeza... hahaha. \o/
Tranquilo, Ju. Minha fitinha K7, gravada do Lp de alguém que me emprestou um dia (não lembro mais quem foi, mas OBRIGADA!) também não tinha essa última faixa! kkkk
ExcluirPORRADA!!!!!
ResponderExcluir