O tom geral das músicas e do álbum como um todo me passa tristeza. Não sei se por alguma nostalgia minha com o rock "estilo antigo" ou por causa das temáticas das letras (em geral sobre relacionamentos conturbados), esse disco traz muito pouco daquele Raul animadamente crítico que vemos nos anos seguintes. Mas no final dá uma animadinha, e de certa forma o conjunto das letras meio que conta uma historinha: as desventuras de Raulzito em busca do amor.
"Brincadeira" (Mariano)
A primeira faixa já dá o tom do disco, com o vocal do Raulzito sendo seguido pelos demais, alternando com a guitarra entre as estrofes. Raulzito tenta a reconciliação com a amada, que aparentemente está a "brincar" com seu coração.
"Por quê? Pra quê?" (Eládio)
Esta é uma das preferidas do próprio Raul Seixas, e na letra já vemos as influências filosóficas que continuariam nos discos seguintes, falando sobre as dúvidas metafísicas que já há muito povoavam a mente de Raul. E no fundo, aquele tecladinho de cortar os pulsos...
"Um Minuto mais (I Will)" (Dick Glasser - Versão: Raulzito)
A primeira "versão" incluída no disco, feita a partir de uma canção de Dick Glasser, regravada por Vic Dana, Dean Martin e vários outros. O arranjo de entrada tem uns metais calorosos, ajudados pelos backing vocals. Raulzito foi abandonado mas ainda está apaixonado, sonhando com um possível retorno da amada.
"Vera Verinha" (Raulzito/Eládio)
Mais uma baladinha lenta, com um belo arranjo de vozes na entrada, e uma estrofe declamada ao som de guitarra. Raulzito alimenta esperanças de um dia conquistar o amor de Vera Verinha.
"Você ainda Pode Sonhar (Lucy in the Sky with Diamonds)" (Lennon/McCartney - Versão: Raulzito)
A outra "versão" incluída no disco, feita a partir do clássico dos Beatles gravado no ano anterior. A introdução mais lenta, alternando com o refrão mais animado. A letra na tradução tem mais nostalgia que o original, com lembranças da infância, no lugar da psicodelia de céus de tangerina e flores de celofane.
"Menina de Amaralina" (Raulzito)
Depois de tanta choradeira, esta balada tem um tom mais quente e esperançoso. Raulzito se apaixonou novamente! Em Amaralina alguma garota balançou o coração dele.
"Triste Mundo" (Mariano)
Com uma entrada quase triunfal, Raulzito volta a se entristecer com mais um amor que não deu certo. Solinho de teclado.
"Dê-me tua Mão" (Raulzito)
Mais uma baladinha sobre fins de relacionamento, mas desta vez quem está triste é a gaja. Raulzito está indo embora, mas promete voltar. Provavelmente algum coração ficou partido quando do famoso convite de Jerry Adriani...
"Alice Maria" (Mariano/Raulzito/Eládio)
Uma das músicas mais tristes do disco e com a letra mais lacônica. Mais um jogo de vozes com a baladinha lenta ao fundo, e a genial sacada: "Adeus ao amor / Que ali se partia"... isso é de chorar... :'-)
"Me Deixa em Paz" (Mariano/Raulzito/Carleba)
A partir daqui as coisas ficam mais animadas. A banda deixa de seguir tão de perto o estilo Beatles e começa a brincar mais. Raulzito pelo jeito aprendeu a lição e não quer mais saber de se apaixonar. E o batera puxa uma surpresinha no final!
"Trem 103" (Raulzito)
A levada, vozes e bateria imitam o som do trem, que levou o "bem" de Raulzito. E ele quer ir também!
"O Dorminhoco" (Carleba/Eládio/Raulzito/Mariano)
E pra fechar com chave de ouro, depois de tantos altos e baixos, Raulzito finalmente está de bem com seu amor. Agora ele quer continuar dormindo com seu benzinho. O problema é que ela não lhe dá sossego: "Passo o dia dando duro / E não vejo a hora de me deitar / E quando volto está escuro / E você me pede pra passear". Mas esse é o tipo de problema ~bom~ de resolver!
Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar o disco nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:
E é isso! No próximo post vamos para um dos melhores discos do Raul: o da Sociedade da Grã-Ordem Kavernista. Até lá!
Mto surreal esse disco... Nem parece Raul!!! rsrs, eu não conhecia nenhuma... E me lembrou os Fevers... rs.
ResponderExcluirGosto demais desse disco.
ResponderExcluirÉ a essência Rocker do Raulzito. Muito do que ele fez e produziu no início de sua carreira tinha essa cara.
Tem aquele jeitão de jovem guarda, mas já dá pra sentir as influências psicodélicas que vão dar o toque do disco posterior, e que acompanharão Raul em toda sua carreira.
Gosto muito da versão de Lucy in the Sky. Mas a minha favorita é "Trem 103", muito gostosinha de ouvir.
Interessante perceber como há temas que se repetem na vida de Raul, desde esse início. O trem, os questionamentos (porque pra que?) e a dificuldade em dormir com um mal-humor característico quando acordado antes do que gostaria (o dorminhoco).
Eu já não curti muito o coversinho dos beatles, na verdade foi a única que estranhei o resto do disco foi gostosin de ouvir.
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