Este é um dos maiores discos do Kiss. Não em repercussão ou em qualidade musical, mas em tamanho mesmo: 15 músicas, quase 1h de som. Talvez a escolha do nome, com as iniciais HITS, tenha relação com isso. Duas faixas foram co-escritas pelo jovem Tommy Thayer (ele também toca guitarra nelas, e viria a ser o guitarrista do Kiss uma década depois). E Paul, pra dar uma apimentada em seus xavecos, chamou o grande Michael Bolton pra fazer uma canção romântica de verdade.
Eles estavam tão seguros que rolou algo que não acontecia desde ...Elder: uma faixa com vocal principal de outra pessoa que não Gene & Paul. Sim, o baterista Eric Carr não queria ficar atrás do antecessor Peter, e deu sua tacada como cantor. E mandou bem em "Little Caesar"! (O que ninguém sabia é que este seria o último disco do coitado. Eric morreu em 1991, de uma doença rara no coração. E pra desgosto geral, ainda por cima, no mesmo dia morre ninguém menos que Freddie Mercury, e o mundo deu pouca atenção ao adeus do The Fox... #rip)
O disco fez lá seu sucesso, mas novamente as musicas não foram mais aproveitadas nas turnês seguintes, com exceção da "Forever", que superou todas as expectativas como grande hit do disco, da banda, do ano etc.
"Rise to It" (Paul, Bob Halligan, Jr)
Um estranho violão country faz a introdução, antes de uma batida lenta e arrastada, Paul dando uma de Gene logo de saída. Tá olhando a coitada da menina lá quieta, e se ela der uma chance ele "vai pra cima"!
"Betrayed" (Gene, Tommy Thayer)
Agora sim o Gene mostra como fazer uma batida, nem tão lenta ou arrastada, mas grave, bem grave. A situação não tá nada fácil: a "lei da selva, todos famintos, pagando taxas e aluguel ate não ter mais um centavo". Numa hora dessas, "traído" pelas circunstancias, não dá mesmo pra ficar pensando em mulher, mas "não é o único" nessa. É hora de "se agarrar ao que tem de melhor".
"Hide Your Heart" (Bonnie Tyler cover - Paul, Desmond Child, Holly Knight)
Um dos grandes hits do disco! Enredo de filme, mas desta vez não da Sessão da Tarde e sim do Super Cine! Johnny ficou louco pela tal Rosa quando a viu "num carro chamado Desejo", mas mal sabia ele que ela já tava amarrada num tal de Tito, o "rei do lado sombrio da cidade". E como isso acaba? Um "tiro e o sangue nas mãos dela". Puta som acompanhando, sem grandes arroubos ou solos matadores, mas dando toda a tônica da grande "batalha entre o amor, o desejo e o orgulho". Na verdade eles fizeram um cover da Bonnie Tyler.
"Prisoner of Love" (Gene, Bruce Kulick)
Gene agora tá apaixonadão! Descreve as sensações e arrepios que tem quando pensa na gaja: o "coração batendo, o doce doce sentimento de ser um prisioneiro do amor". Bacana ver que até um canastrão desse também tem coração.
"Read My Body" (Paul, Halligan)
Uma das batidas mais marotíssimas da história do Kiss, com direito a intro no agogô! Paul Stanley arranjou agora um xaveco "literário" pra atacar as minas. É que elas ficam tentando imaginar o que ele está pensando, será que ele tá afim ou não... mas na real ele é um livro aberto, "leia o meu corpo"!
"Love's a Slap in the Face" (Gene, Vini Poncia)
Gene Simmons, o veterano da putaria, dando uma aula filosófica de como funciona o amor. Compara-o a um "tapa na cara", mas um tapa que dói muito gostoso!
"Forever" (Paul, Michael Bolton)
O grande hit do disco! Este foi o maior sucesso do Kiss desde "Beth", la nos longínquos anos 70, e faz sucesso ate hoje, com versões covers pipocando por ai (principalmente esta que é a minha preferida, rs). Também, com a ajudinha do Michael Bolton, pegou um público que nunca tinha dado atenção pra quatro ~bêbados de roupas tresloucadas que saem pegando todo mundo por aí~. Muita gente se surpreendeu com esta verdadeira trilha sonora de romance, a maior declaração de amor "pra sempre", em estilo Kiss (desta vez não e declaraçãozinha não), com solo de violão e tudo!
"Silver Spoon" (Paul, Poncia)
Novamente Paul dando sua lição de moral sobre como chegou onde chegou. Era só "mais um rosto na cidade grande", nunca teve "colher de prata" (a tradução livre seria "ter tudo de mão beijada"; até já ouvi por aí "bandeja de prata"), mas também não é bobo, não fica esperando nada cair do céu nem "convites" para fazer o que quer!
"Cadillac Dreams" (Gene, Poncia)
Gene entrou na onda do Paul, e também dá sua lição de moral, a seu modo. "Eu quero dinheiro, tenho sonhos de Cadillac, e ninguém tira isso de mim". Isso resume o "gerente" da banda, com suas escapadas cinematográficas. Teclados espertinhos lá no fundo dando o gostinho da boa vida: garotas, Cadillacs, garotas, iates, garotas, comida: garotas. Mas no meio da letra um lampejo filosófico: "Quando você quer tudo de melhor que o dinheiro pode comprar / Tem que alcançar o fundo do seu poço interior, pra depois chegar ao céu".
"King of Hearts" (Paul, Poncia)
Mas chega de tanta filosofia e ambição... agora é Paul que está apaixonado, como de costume, mas claro que não pode ser qualquer mina. Nããão, essa tem o brilho nos olhos, faz ele se sentir o próprio "Rei de Copas". A pegada de metal come solta aqui, bem mais pesada que as anteriores.
"The Street Giveth and the Street Taketh Away" (Gene, Thayer)
Outra aula do professor Gene Simmons sobre como se dar bem na vida. Depois de alcançar o fundo do seu eu interior, a próxima lição é que "a rua dá e a rua toma". O pau come o tempo todo e não existe "justiça cega". A rua não é senão uma alegoria da própria vida, da sociedade, do pais, das guerras... existem as leis, os contratos, mas no fim de tudo, é cada um por si e Deus por todos. E "sem vida após a morte".
"You Love Me to Hate You" (Paul, Child)
Um romance entre tapas e beijos de Paul. No fim é um jogo de "quem precisa de quem", os dois competitivos, cada um querendo ficar "por cima" do outro (não só na cama). Mas o fato é que "quanto mais ele a odeia, mais a ama".
"Somewhere Between Heaven and Hell" (Gene, Poncia)
E Gene tentou seguir a mesma pegada do Paul, de um romance entre tapas e beijos, mas não rolou. A mina "tinha a chave do céu", e fez o cara de gato e sapato. "Às vezes ele achava que ela queria, mas nunca sabia ao certo". Sempre ficava pra trás, "arrastado entre o céu e o inferno".
"Little Caesar" (Eric, Gene, Adam Mitchell)
O canto do cisne de Eric Carr. A verdade é que o cabra era BOM. Foi a batida pulsante do Kiss durante uma década, e também tocava violão (como fez em "...Elder") e, não contente com isso, cantou e tocou baixo nesta pauleira! Todos querem tudo pronto, caindo do céu em seus colos, e vêm com a maior cara de pau dizer que a vida não é fácil, mas a verdade é que eles nunca deram duro o bastante.
"Boomerang" (Gene, Kulick)
E pra fechar, uma cacetada! Batida acelerada, caixa marcando em mínima, na loucura do jogo da vida e do amor. É um grande "duelo" de forças que se completam. Ambos "fazem suas apostas e rolam os dados", mas no fundo se afastam e se atraem como "bumerangues".
Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:
E é isso!