quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Kiss 19 - Hot In The Shade (1989)

Oi, eu sou o salinas! Com Hot in the Shade, a onda glam já começava a perder força (até que enfim!). Depois da turbulência na formação durante vários anos, Paul & Gene (já mais sossegado de escapadas profissionais) perceberam que, firmes com Eric e Bruce, já era hora de voltar as boas e velhas personas.

Este é um dos maiores discos do Kiss. Não em repercussão ou em qualidade musical, mas em tamanho mesmo: 15 músicas, quase 1h de som. Talvez a escolha do nome, com as iniciais HITS, tenha relação com isso. Duas faixas foram co-escritas pelo jovem Tommy Thayer (ele também toca guitarra nelas, e viria a ser o guitarrista do Kiss uma década depois). E Paul, pra dar uma apimentada em seus xavecos, chamou o grande Michael Bolton pra fazer uma canção romântica de verdade.

Eles estavam tão seguros que rolou algo que não acontecia desde ...Elder: uma faixa com vocal principal de outra pessoa que não Gene & Paul. Sim, o baterista Eric Carr não queria ficar atrás do antecessor Peter, e deu sua tacada como cantor. E mandou bem em "Little Caesar"! (O que ninguém sabia é que este seria o último disco do coitado. Eric morreu em 1991, de uma doença rara no coração. E pra desgosto geral, ainda por cima, no mesmo dia morre ninguém menos que Freddie Mercury, e o mundo deu pouca atenção ao adeus do The Fox... #rip)

O disco fez lá seu sucesso, mas novamente as musicas não foram mais aproveitadas nas turnês seguintes, com exceção da "Forever", que superou todas as expectativas como grande hit do disco, da banda, do ano etc.

"Rise to It" (Paul, Bob Halligan, Jr)

Um estranho violão country faz a introdução, antes de uma batida lenta e arrastada, Paul dando uma de Gene logo de saída. Tá olhando a coitada da menina lá quieta, e se ela der uma chance ele "vai pra cima"!

"Betrayed" (Gene, Tommy Thayer)

Agora sim o Gene mostra como fazer uma batida, nem tão lenta ou arrastada, mas grave, bem grave. A situação não tá nada fácil: a "lei da selva, todos famintos, pagando taxas e aluguel ate não ter mais um centavo". Numa hora dessas, "traído" pelas circunstancias, não dá mesmo pra ficar pensando em mulher, mas "não é o único" nessa. É hora de "se agarrar ao que tem de melhor".

"Hide Your Heart" (Bonnie Tyler cover - Paul, Desmond Child, Holly Knight)

Um dos grandes hits do disco! Enredo de filme, mas desta vez não da Sessão da Tarde e sim do Super Cine! Johnny ficou louco pela tal Rosa quando a viu "num carro chamado Desejo", mas mal sabia ele que ela já tava amarrada num tal de Tito, o "rei do lado sombrio da cidade". E como isso acaba? Um "tiro e o sangue nas mãos dela". Puta som acompanhando, sem grandes arroubos ou solos matadores, mas dando toda a tônica da grande "batalha entre o amor, o desejo e o orgulho". Na verdade eles fizeram um cover da Bonnie Tyler.

"Prisoner of Love" (Gene, Bruce Kulick)

Gene agora tá apaixonadão! Descreve as sensações e arrepios que tem quando pensa na gaja: o "coração batendo, o doce doce sentimento de ser um prisioneiro do amor". Bacana ver que até um canastrão desse também tem coração.

"Read My Body" (Paul, Halligan)

Uma das batidas mais marotíssimas da história do Kiss, com direito a intro no agogô! Paul Stanley arranjou agora um xaveco "literário" pra atacar as minas. É que elas ficam tentando imaginar o que ele está pensando, será que ele tá afim ou não... mas na real ele é um livro aberto, "leia o meu corpo"!

"Love's a Slap in the Face" (Gene, Vini Poncia)

Gene Simmons, o veterano da putaria, dando uma aula filosófica de como funciona o amor. Compara-o a um "tapa na cara", mas um tapa que dói muito gostoso!

"Forever" (Paul, Michael Bolton)

O grande hit do disco! Este foi o maior sucesso do Kiss desde "Beth", la nos longínquos anos 70, e faz sucesso ate hoje, com versões covers pipocando por ai (principalmente esta que é a minha preferida, rs). Também, com a ajudinha do Michael Bolton, pegou um público que nunca tinha dado atenção pra quatro ~bêbados de roupas tresloucadas que saem pegando todo mundo por aí~. Muita gente se surpreendeu com esta verdadeira trilha sonora de romance, a maior declaração de amor "pra sempre", em estilo Kiss (desta vez não e declaraçãozinha não), com solo de violão e tudo!

"Silver Spoon" (Paul, Poncia)

Novamente Paul dando sua lição de moral sobre como chegou onde chegou. Era só "mais um rosto na cidade grande", nunca teve "colher de prata" (a tradução livre seria "ter tudo de mão beijada"; até já ouvi por aí "bandeja de prata"), mas também não é bobo, não fica esperando nada cair do céu nem "convites" para fazer o que quer!

"Cadillac Dreams" (Gene, Poncia)

Gene entrou na onda do Paul, e também dá sua lição de moral, a seu modo. "Eu quero dinheiro, tenho sonhos de Cadillac, e ninguém tira isso de mim". Isso resume o "gerente" da banda, com suas escapadas cinematográficas. Teclados espertinhos lá no fundo dando o gostinho da boa vida: garotas, Cadillacs, garotas, iates, garotas, comida: garotas. Mas no meio da letra um lampejo filosófico: "Quando você quer tudo de melhor que o dinheiro pode comprar / Tem que alcançar o fundo do seu poço interior, pra depois chegar ao céu".

"King of Hearts" (Paul, Poncia)

Mas chega de tanta filosofia e ambição... agora é Paul que está apaixonado, como de costume, mas claro que não pode ser qualquer mina. Nããão, essa tem o brilho nos olhos, faz ele se sentir o próprio "Rei de Copas". A pegada de metal come solta aqui, bem mais pesada que as anteriores.

"The Street Giveth and the Street Taketh Away" (Gene, Thayer)

Outra aula do professor Gene Simmons sobre como se dar bem na vida. Depois de alcançar o fundo do seu eu interior, a próxima lição é que "a rua dá e a rua toma". O pau come o tempo todo e não existe "justiça cega". A rua não é senão uma alegoria da própria vida, da sociedade, do pais, das guerras... existem as leis, os contratos, mas no fim de tudo, é cada um por si e Deus por todos. E "sem vida após a morte".

"You Love Me to Hate You" (Paul, Child)

Um romance entre tapas e beijos de Paul. No fim é um jogo de "quem precisa de quem", os dois competitivos, cada um querendo ficar "por cima" do outro (não só na cama). Mas o fato é que "quanto mais ele a odeia, mais a ama".

"Somewhere Between Heaven and Hell" (Gene, Poncia)

E Gene tentou seguir a mesma pegada do Paul, de um romance entre tapas e beijos, mas não rolou. A mina "tinha a chave do céu", e fez o cara de gato e sapato. "Às vezes ele achava que ela queria, mas nunca sabia ao certo". Sempre ficava pra trás, "arrastado entre o céu e o inferno".

"Little Caesar" (Eric, Gene, Adam Mitchell)

O canto do cisne de Eric Carr. A verdade é que o cabra era BOM. Foi a batida pulsante do Kiss durante uma década, e também tocava violão (como fez em "...Elder") e, não contente com isso, cantou e tocou baixo nesta pauleira! Todos querem tudo pronto, caindo do céu em seus colos, e vêm com a maior cara de pau dizer que a vida não é fácil, mas a verdade é que eles nunca deram duro o bastante.

"Boomerang" (Gene, Kulick)

E pra fechar, uma cacetada! Batida acelerada, caixa marcando em mínima, na loucura do jogo da vida e do amor. É um grande "duelo" de forças que se completam. Ambos "fazem suas apostas e rolam os dados", mas no fundo se afastam e se atraem como "bumerangues".

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:



E é isso!


terça-feira, 28 de outubro de 2014

Bad Religion 6 - No Control (1989)

Nota: 9
O colorido oitentista da capa de "No Control"
Para aproveitar o verdadeiro rebuliço que “Suffer” (1988) causou na cena Punk Rock americana e mundial, o Bad Religion não perdeu tempo! Logo após o fim da sua primeira tour europeia, a banda entrou novamente no estúdio do guitarrista Mr. Brett, o Westbeach Recorders, em Los Angeles, para registrar suas novas músicas. Era junho de 1989 e o velho ditado, “em time que está ganhando, não se mexe!”, tão comum no futebol (e odiado no mundo corporativo), cai como uma luva para descrever esse momento que o Bad Religion vivia e o fruto proveniente dele: “No Control”, o 4º full length de sua carreira, uma verdadeira pedrada hardcore, com menos de meia hora de músicas curtas, rápidas, simples e melódicas até o osso!

Propositalmente ou não, assim como em “Suffer”, a banda conseguiu a façanha de cravar novamente a marca de 15 faixas em 26 minutos com “No Control”. E não foi apenas nos números e nos métodos de gravação que o BR repetiu a mesma fórmula. Musicalmente, além de manter a formação, com os compositores Greg Graffin (v) e Mr. Brett, mais Jay Bentley (b), Greg Hetson (g) e Pete Finestone (d), o grupo mostrou uma incrível consistência, fazendo o disco novo soar não só como uma continuação natural de seu antecessor, mas como se fosse um verdadeiro “lado B”, ou um “disco 2” de um álbum duplo. Claro que isso pode soar como “repetição”, mas não foi o caso aqui...

Foto de 89 (sem o baterista) no encarte de uma versão pirata de "No Control"
Tudo que se poderia esperar do “Bad Religion-pós-Suffer” está em “No Control”: as músicas curtíssimas, a simplicidade, os vocais melódicos, os vários coros de backing vocal com 3 vozes em harmonia, a energia infinita e aquele inconfundível, inexplicável-porém-perceptível “ar californiano”. Talvez a única diferença, que fez justamente o disco não soar como uma repetição, mas sim uma continuação de “Suffer”, foi a alta velocidade da maioria das músicas, o quê, futuramente, acabou fazendo o disco ser considerado o mais “hardcore” da carreira do Bad Religion.

Encarte da versão em K7 de "No Control"
No Control” foi lançado pela Epitaph Records, do guitarrista Brett, e veio ao mundo no dia 2 de novembro de 1989. Aqui no Brasil, a edição oficial saiu só em 1998, via Paradoxx Music. Inicialmente, o disco não vendeu tão bem como “Suffer”, mas sempre figurou entre os mais vendidos do catálogo da banda, sendo que em 1992, havia atingido a marca de 80 mil cópias vendidas, atrás dos discos “Generator” (1992), com 85 mil, “Suffer”, com 88 mil, e “Against The Grain” (1990), com 90 mil. A arte da capa, uma colagem de fotos dos membros da banda, com cores muito gritantes e oitentistas, e sem a fonte e logo do BR, foi feita pelo artista Norman Moore, que trabalhou em outras capas da banda em lançamentos futuros.

Contracapa do CD
De acordo com entrevistas, as músicas de “No Control” foram compostas durante a tour de “Suffer” e seus intervalos entre 88 e 89, com Brett assinando oito faixas e Graffin as outras sete. Brett chegou a afirmar que, devido ao ótimo momento que a banda vivia com “Suffer”, sua criatividade estava em alta: “Estava trabalhando como engenheiro de som em discos para minha gravadora e, em um intervalo para um café era capaz de escrever uma música inteira em menos de meia hora”, revelou.

Os assuntos nas letras mantiveram o tom altamente crítico e os alvos de “Suffer”, mas as “intervenções acadêmicas” nas músicas compostas por Greg Graffin, que havia acabado seu mestrado e estava começando seu doutorado na “facul”, tomaram proporções bem maiores em “No Control”, com o vocalista chegando ao ponto de citar e a colocar a fonte (!!!), ao usar as palavras do naturalista escocês James Hutton, na letra da faixa-título, com o verso “no vestige of a beginning, no prospect of an end.” Sua bela voz, agora “adulta”, uma marca praticamente impossível de desassociar quando se pensa no Bad Religion, também acabou sendo o destaque individual do álbum em comparação à performance de seus colegas instrumentistas.

Letras no encarte do K7 (clique para ampliar)
O lado A do vinil, que é quase inteiro composto por Mr. Brett, possui justamente as duas melhores músicas de Greg Graffin: “Change of Ideas” e a faixa-título. Na primeira, o cantor conseguiu a façanha de condensar uma música com dois versos e um refrão matador em apenas 54 segundos – nada mais Punk Rock – registrando um hardcore rápido e incrivelmente bem “amarrado” melodicamente falando.

Já “No Control”, a música, se tornou um clássico absoluto do Bad Religion, sendo inclusive coverizada este ano pelo Offspring numa versão lindona, em comemoração a uma tour conjunta entre as duas bandas. A letra, mais um “tapa-na-cara” do vocalista, fala sobre como não adianta você ser o “pica-do-rolê”, já que um dia tudo acaba sem você ter o controle e, justamente isso te faz igual a todos os homens.

Maravilhoso poster da tour de "No Control"
Ainda no lado A, temos a simples e certeira, mas não menos clássica e fantástica, “I Want to Conquer the World”, composta por Brett. Sua letra, apesar de divertida ao falar sobre o quê ele faria se fosse “o dono do mundo”, também pode ser encarada de maneira pessimista (algo bem comum no Punk Rock), como um grito de desespero ou agonia, como se a única solução para “consertar” o planeta fosse ele mesmo assumindo o poder. Em entrevistas, o músico simplesmente alegou que trata-se apenas de uma música “antiguerra”, mas os versos acabaram por entregar muito mais que isso.

Outro “clássico” presente em “No Control”, mas no lado B, é a melodiosa “You”, conhecidíssima da galera que jogava “Tony Hawk Pro Skater 2” no Playstation, no começo dos anos 2000. Composta na famosa sequência de acordes “Lá menor-Fá-Dó-Sol”, “You”, que segundo Brett, era uma “música de amor ao contrário” composta para uma ex-namorada, tem até uma citação de “We Can Work It Out”, dos Beatles: “there's no time for fussing and fighting, my friend.

Além dos quatro clássicos, “No Control” ainda traz uma pá de canções legais, como a cadenciada “Sanity”, com sua letra bem poética (para os padrões de uma banda punk); a “desenfreada” “Sometime It Feels Like”, com suas cacofonias mostrando as primeiras experiências de Mr. Brett ao compor “músicas abstratas” – ele incrivelmente encaixa partes de “antimúsica” no meio da melodia do som, fazendo a música literalmente “falar”; as hardcores “Big Bang” e “Progress” com seus coros de backing vocals subindo os tons; e as interessantes “Henchman”, que começa no ritmo “Punk 77” e descamba pra um “HC insano” no final, e “Billy”, com sua fortíssima letra autobiográfica feita por Brett sobre seu vício em crack (ele viria a ficar 100% sóbrio somente em 1999, após muitas idas e vindas no seu "inferno")! Nunca li nada à respeito, mas essa música pode muito bem ser uma continuação da faixa "Billy Gnosis", lançada no fraquíssimo "Into The Unknown", de 1983.

BR sendo entrevistado na Alemanha em 1989
No Control”, que certamente está em os favoritos de qualquer fã do Bad Religion que se preze, não só manteve o patamar atingido pela banda no disco anterior, como também provou que eles ainda eram capazes de soar bem hardcore (como em seu início de carreira), mesmo fazendo músicas calcadas em melodias e em escalas musicais. E, como ainda havia caminhos para explorar nessa fórmula de fazer Punk Rock criada por eles mesmos, mantiveram o mote “em time que está ganhando, não se mexe!” no disco seguinte, “Against the Grain”, de 1990, que será o próximo resenhado. Até lá! ;) 

Escute "No Control" na íntegra logo abaixo:

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Kiss 18 - Crazy Nights (1987)

Oi, eu sou o Salinas! Lá por 1987 as ausências de Gene Simmons começam a virar um problema sério, já influenciando o som da banda. Como baixista e como "demônio", ele contribuía musicalmente com sua já manjada batida lenta e arrastada, puxando o som sempre pra baixo. Mas agora, com diversos projetos cinematográficos ele estava mais fora do que dentro, a ponto de quase comprometer a amizade com Paul Stanley. É normal ter outros projetos além da banda, ainda mais pra quem está sempre nos holofotes e aparecendo em todo lugar, mas Gene estava exagerando. E ainda por cima deixava pra Paul o peso de produzir o disco. Mas este resolveu chamar alguém pra isso, coisa que não se fazia desde Animalize. O escolhido foi Ron Nevison, que tinha Heart e Ozzy Osbourne num currículo já na época respeitável.

Tendo que lidar com um ego a menos (ou nem tanto: Gene pirava por ai, mas na hora bater o pau na mesa tava sempre online), Nevison acabou levando o disco mais pra uma espécie de "light metal", um som pesado mas ainda assim nem tanto (pros padrões do Kiss e da época). Muitas das faixas ficaram com aquela cara tão típica dos anos 80 (ou, este é um dos discos que construíram essa estética). Muitas camas harmônicas de teclado, e no geral uma sonoridade bem "pra cima" a maior parte do tempo.

A verdade é que este disco foi tocado apenas durante sua própria turnê. Foi só ela acabar e as músicas foram todas enterradas e esquecidas. Este é o segundo disco mais "renegado" pelo próprio Kiss, perdendo apenas para o injustiçadíssimo Music from the Elder.

O disco marca também a mudança do logotipo da banda. Alguns críticos afirmavam que o antigo logo lembrava a SS nazista. Uma grande bobagem, principalmente pelo fato de tanto Paul como Gene serem judeus. Ou talvez, exatamente por isso deram ouvidos à crítica. (Mas quando vejo esse logotipo sempre leio "kizz"...)

De qualquer forma, Crazy Nights foi o disco de maior sucesso dessa fase 80s, mas a crítica especializada não perdoou. Coisas como "música tirada da pedra, mas com letras escritas a batom" resumem a repercussão do disco. A verdade é que a fase glam, apesar do virtuosismo do Paul e do up geral na banda com Eric e Bruce, nunca pegou pra valer como nos bons velhos tempos. (Coragem, tá acabando!)

"Crazy Crazy Nights" (Paul, Adam Mitchell)

O disco começa bem pra cima e alegrão, tema de Sessão da Tarde. Paul, consciente da repercussão dos últimos anos, faz praticamente um disclaimer do que vem vindo por ai: "esta é nossa musica, adoramos ela alta, e ninguém vai me mudar, porque é isso o que eu sou". (é foda ter q vender algo que nem você mesmo compra...) Mas enfim... O solinho não é matador, mas tem seu valor como importante corretor de vibe numa eventual tarde de segunda nublada (sim, tô só imaginando esse cenário aqui na minha cabeça... na real tá um calor do caralho, insuportável mesmo, em plena falta d'água, na noite de 13 de outubro em que escrevo isto).

"I'll Fight Hell to Hold You" (Paul, Mitchell, Bruce)

Esta faixa devia ter sido a primeira do disco. Cacetada logo de saída, o cantor e guitarrista Stanley H. Eizen novamente esticando as pregas vocais cada vez mais, para desespero dos fãs que curtem karaokê cantam no banheiro. No mais, outra declaraçãozinha de amor pra lista do Paul, mas essa sim bem poética e bonita: "eu luto até o inferno pra te abraçar, não tem rio fundo ou montanha alta!" Solinho matador desenrolado, receita pra virar hit! (se bem que não foi nenhum dos singles...)

"Bang Bang You" (Paul, Desmond Child)

"Mãos ao alto"! Paul Stanley tá todo armado pro xaveco desta vez, preparado e apontado como uma "bala de canhão" que ele vai atirar com sua "arma do amor" (lembrando aí os velhos hits do passado), e "acertar bem no coração". Batida lenta e arrastada, poderia até ser uma do Gene, não fosse aquele teclado dando um clarão no fundo. (detalhe: um fã brasileiro pode pensar inocentemente no "bangue bangue", mas na verdade Paul faz um trocadilho sacana: "bang" em inglês seria como o nosso "trepar")

"No, No, No" (Gene, Bruce, Eric)

Puta som do caralho!! Começa num solo de quebrar tudo, com direito a tapping, harmônicos e o raio que os parta, e uma batida lenta e arrastada (só que não MESMO!). Na letra, parece que a gaja não tá muito a fim, mas Gene tá assediando e não vai desistir. Não que seja diferente do que ele faz há quase 20 anos, mas desta vez, na boa, ele se aproxima da fina linha que separa o jogo da vacilação. A parte do "só assine a linha pontilhada, só me mostre onde que eu te mostro como" até que ok, mas "não diga que não se você vai, o que é meu é meu, o que é seu é meu", porra, Gene... então cê acha que as mina curte essa? "Não, não, não"!

"Hell or High Water" (Gene, Bruce)

Agora sim, bem melhor! Batida lenta e arrastada do Gene, agora sim a inconfundível, com aquele baixão rouco pontuando. Só dois dias sem ela e Gene já está que não se aguenta, "três da manhã acordado", foi parar no "achados e perdidos". Nada mais importa, "venha o inferno ou aguaceiro", mas vai "enrolar os braços nela" de novo. Solinho matador no final. Pô, Gene, tudo bem, existe amor na testosterona! Mas não pisa mais na bola.

"My Way" (Paul, Child, Bruce Turgon)

Outra trilha de filmes de praia e curtição dos anos 80. Coragem e confiança nos acordes maiores, teclado fazendo a cama, sol e céu azul, mas Paul está "na parede". Um hino a sua autoconfiança, e provavelmente alguma indireta aos críticos, talvez por causa da fase glam. Solo, e final em fade pra grudar.

"When Your Walls Come Down" (Paul, Mitchell, Bruce)

Agora é a vez do Paul abusar do jogo. Provocando a mina até o último, "mentirosa, com fogo nas calças" (seria algo como o nosso "está toda molhadinha"). Ela fica dando desculpas, "quero esperar por um amor pra sempre, tenho minha dignidade", mas ele não tá nem aí, vai fazê-la "engolir tudo" (sim claro, as frases...) "Nossa, como você fica doida quando as suas paredes caem"...

"Reason to Live" (Paul, Child)

O grande hit romântico do disco. Teclado pra tudo que é lado, não fosse a voz inconfundível do Paul (agora cantando limpo), passaria por um Scorpions ou um Van Halen na boa. Solo matador regado a perfume de motel (eu sei, ja usei essa...) e harmonias radiofônicas. Paul quando tá com o "coração partido" manda mó bem nas declaraçõezinhas de amor. OU no caso desamor. Ele pensou muito e criou coragem: "todos têm uma razão pra viver, mas [a minha] não é o seu amor".

"Good Girl Gone Bad" (Gene, Davitt Sigerson, Peter Diggins)

Depois de três seguidas do Paul (coisa rara), Gene volta ao ataque, mas a batida lenta tá menos arrastada, efeito das caminhas tecladísticas que a transformaram em mais uma pegada de rádio 80s. A mina queria tudo, menos amor... quando ela "fica má", se segura!!

"Turn On the Night" (Paul, Diane Warren)

Outro grude da telona e do rádio. Paul cria coragem e chega na mina, (desculpa gente) ~sem máscaras~: "todos querem você, mas eu quero mais que os outros caras". Em inglês, "turn on" é aquele toque especial que você adora numa pessoa... é aquilo que te deixa doidão! No caso do Paul, é a própria noite... Quando ela chega todos se transformam, e Paul "não pode esperar... ligue logo a noite" pra gente se amar!

"Thief in the Night" (Gene, Mitch Weissman)

Uma batida lenta e arrastada pra fechar o disco depois desse lamaçal doce. Desta vez é a mina tendo sua vingança, fazendo do jogo do amor um "sacrifício ritual". Gene que tanto aprontou por ai, agora tem que se virar com uma mina que faz mil magias pra "entrar no coração dele, como um ladrão na noite, sem deixar marcas". Quando ele menos espera, é plena madrugada e as "garras vermelhas em seu pescoço"...

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:



E é isso!


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Bad Religion 5 - Suffer (1988)

Nota: 9

A icônica capa de Suffer
Sabe como você muda, revitaliza e influencia toda uma cena musical em pouco mais de 26 minutos? “Suffer”! Segundo Fat Mike, lendário vocalista do NOFX, este disco do Bad Religion foi o responsável por “mudar tudo”! E ele certamente estava se referindo às profundas mudanças de conceito e estética sonora que o “Punk Rock” sofreu após o lançamento de “Suffer”.

Sabe aquele som Punk bem cruzão, agressivo, cortante, com 3 ou 4 acordes no máximo, e com melodias bem primárias, ou até mesmo, sem nenhuma melodia? Até “Suffer” ser lançado em 8 de setembro de 1988 pela Epitaph Records, gravadora do próprio guitarrista da banda, Mr. Brett (sim, do-it-yourself!), o Punk Rock de verdade (o contestador, e não aquele com “letras-pra-pegar-mininha”) não era nada melódico, não tinha muitos acordes e estruturas musicais mais elaboradas e, muito menos, coros de backing vocals com harmonias em 3 vozes em tons diferentes.

E essas são as principais características deste segundo full length do Bad Religion, acrescidas ainda de um inexplicável, porém perceptível, “ar californiano” que permeia todas as velozes 15 faixas do play, que juntas somam poucos, porém certeiros, 26 minutos, sendo a menor, “Pessimistic Lines”, com 1:07, e a maior, “What Can You Do(o som do BR favorito de Tim Armstrong, do Rancid), com 2:44.

A banda estava parada desde o fim de 1985 e só se reuniu novamente no meio de 1987 para compor “Suffer”. A formação contava com os compositores Greg Graffin (v) e Mr. Brett (g), seus asseclas do 1º disco Jay Bentley (b) e Pete Finestone (d), e o responsável pela “sobre-vida” da banda no meio da década de 80, Greg Hetson na outra guitarra.

Line-up de Suffer, em 88: Brett (g), Pete (d), Hetson (g), Bentley (b) e Graffin (v)
Eles levaram apenas 8 dias, em abril de 1988, para gravar e mixar o disco no estúdio Westbeach Recorders, também de propriedade do guitarrista Mr. Brett (mais do-it-yourself nessa história!), que foi o engenheiro de som na gravação (seu novo “emprego” pós largar o vício em crack), além de produzir a bolacha junto com o resto da banda. Entre os fatos curiosos da gravação, que foi vitoriosa em tirar um som bem limpo e audível, sabe-se que Jay Bentley gravou o baixo com um amplificador de guitarra Hiwatt SA212, método que acabou empregado em quase todos os discos do BR desde então.

O impacto pelo novo jeito de fazer Punk Rock, ainda rápido, agressivo e com letras ainda mais contestadoras, porém cheio de melodias e harmonias vocais, foi tão grande que “Suffer” vendeu 3 mil cópias logo de cara no 1º ano, sendo que permaneceu como o campeão de vendas (no 1º ano) do selo Epitaph até 1994, quando foi desbancado pelo nada mais, nada menos clássico “Smash”, do The Offspring. No Brasil, “Suffer” só foi editado oficialmente em 1998, 10 anos após seu lançamento, em CD, pela gravadora Paradoxx Music.

Blusão com o "garoto queimando"
A icônica capa, desenhada pelo artista Jerry Mahoney, se tornou lendária ao trazer um típico adolescente no subúrbio americano, literalmente pegando fogo de raiva, ou “sofrendo”, fazendo alusão ao título do disco. O “garoto queimando”, mesmo não se tornando um “mascote” oficial do Bad Religion, acabou sendo muito utilizado em artes de camisetas e, principalmente, em tatuagens feitas por fãs.

O guitarrista Mr. Brett disse, em entrevistas, que o conceito lírico de “Suffer” (tradução “sofrer”) vem do escritor Fyodor Dostoyevsky, em não encarar o sofrimento como uma coisa ruim, mas sim como um fator de onde o ser humano sai “purificado”. Já do lado da outra força criativa da banda, o vocalista e professor universitário Greg Graffin, as letras escritas por ele, além da contestação pura e direta, começaram a abordar assuntos acadêmicos e Ciência propriamente dita, temas que passaram a ser recorrentes no resto do catálogo da banda a partir de então, e que te obrigam a usar bastante um dicionário para entender algumas vezes (rs).

Encarte com as letras pintadas na parede do quarto do baixista
Se historicamente “Suffer” foi um divisor de águas para a cena Punk nos EUA, musicalmente ele inventava, sem querer-querendo, um novo estilo, com músicas velozes, com pouco mais de 1 minuto de duração, compostas seguindo harmoniosamente as escalas das notas musicais (a sequência “dó-ré-mi” é bastante utilizada), cheias de melodias fáceis de cantar e assobiar, que agradavam não só os punks fãs de contestar o sistema, mas também um público mais jovem, incluindo uma boa parcela de skatistas e aficcionados em esportes radicais em geral.

You Are (The Government)” abre o play com os dois pés no peito, montada em uma estrutura que vai direto ao ponto, com verso-verso-refrão-fim abrupto em 1:21 de música, que te faz dar um repeat logo em seguida, pra ver se você entendeu direito que é realmente “só isso” que é necessário pra fazer musica cativante!

Contracapa da versão em CD
O lado A do vinil também traz as empolgantes “Give You Nothing”, com sua levada “surf” e letra brutalmente humilde (“Então você tem um lugar que pode chamar todo seu, mas isso se tornou em um hábito de carregar uma cruz.”), e a cadenciada “Best For You”, com seu ritmo “punk 77” perfeito pra pogar e a participação das guitarristas do L7 (outra banda da gravadora Epitaph na época) Donita Sparks e Suzi Gardner no solo do final.

A pessimista faixa-título, tocada nos shows até os dias de hoje, abre o lado B com suas cacofonias, preparando terreno para a mais hardcore de todas, “Delirium of Disorder”, o único som que lembra o estilo de Punk Rock mais sujão praticado pelo Bad Religion no início da carreira.

Foto da arte do vinil, com o BR posando em frente ao CBGB, em NY
Part II (The Numbers Game)”, que contou com a participação de outra integrante do L7, Jennifer Finch, nos backing vocals, vem na sequência e tem uma das letras mais surpreendentes. Quando li pela 1ª vez achava que era uma letra facista e arrogante no meu entendimento de Inglês aos 16 anos de idade. Só alguns anos depois saquei a brilhante ironia por trás da letra, que é cantada como se fosse um hino ou um discurso de um líder político americano, que exalta a política imperialista de dominação e opressão de seu país de forma bem irônica, assim como o BR fez anos mais tarde em seu maior hit, “American Jesus”, que só saiu em 1993, no disco “Recipe For Hate”.

"Suffer" ainda conta com o hino hardcore “Do What You Want” e sua letra “totalmente foda-se” (“Faça o que quiser, mas não faça perto de mim (...) Faça o que for preciso, faça o que puder, quebre todas as regras e vá pro inferno com o Superman, morrendo como um herói!”), talvez o maior sucesso do play e uma das favoritas de todos os tempos pelos fãs da banda.

Bad Religion ao vivo, circa 89
Depois que “Suffer” saiu, a gravadora Epitaph virou referência nesse estilo de Punk Rock com cheiro de California e um monte de melodia, lançando os primeiros álbuns de bandas que mais tarde se tornaram seminais, como The Offspring, Pennywise, Rancid, Down By Law, entre outras. Uma nova cena havia sido inagurada e o Bad Religion era o ponta-de-lança, referência máster, tanto musicalmente, como mercadologicamente, com o guitarrista Brett capitaneando a Epitaph, lançando, produzindo e, consequentemente, profissionalizando cada vez mais bandas do estilo.

Com o sucesso de "Suffer" no underground, a carreira do Bad Religion, que estava estagnada apenas aos EUA até então, virou internacional, com a banda fazendo sua primeira tour na Europa em 1989. E a vibe pelo lançamento de algo tão influente foi tão forte, que eles logo entrariam em estúdio novamente para registrar, nos mesmos moldes, o sucessor, o não menos clássico “No Control”, que será comentado no próximo post. Até lá! ;)

Escute "Suffer" logo abaixo:



domingo, 19 de outubro de 2014

Pitty - 3° Chiaroscuro

Olá, pessoas! (:




Chiaroscuro é o terceiro álbum de estúdio da banda Pitty, lançado em Agosto de 2009, depois de um intervalo de 4 anos sem um trabalho de inéditas, alcançando disco de platina, e ganhou sua edição em Vinil também, no ano seguinte.



Compacto – Me Adora

E numa tiragem limitada da bolacha de 7 polegadas, lançado pela Deck Disc e Polyssom, vinil preto, a faixa “Sob o sol” no lado B, escrita pela bahiana em parceria com Fabio Cascadura. Perfeita harmonia entre imensidão e solidão. “Todo velho disco tem seu lado B, quem vai na mata escura sabe o que eu quero dizer [...] E ela ainda é tão só...”



O disco foi feito, a gosto da banda, da maneira mais “old school” possível, gravando todos os instrumentos ao vivo, produzido pelo Rafael Ramos, da Deck, e mixado no estúdio Tambor, no Rio de Janeiro, masterizado em Los Angeles por Bernie Grundman (que já trabalhou com Neil Young, Michael Jackson, Dead kennedys, Beck, e cia.).
Foram produzidas 14 faixas ao todo, onze delas estão no disco e as 3 que não entraram (“Sob o sol”, “Pra Onde Ir” e “Just Now”) estão no DVD Chiaroscope, que foi lançado 2 meses depois, com vídeos e Making Of.


A expressão que dá nome ao disco significa “claro e escuro”, tem origem italiana, e se refere originalmente a uma técnica de pintura de Leonardo Da Vinci, que se vale dos contrastes entre luz e sombra para caracterizar/definir as imagens, dando um efeito tridimensional na pintura.
Pensando na origem do termo, a escolha se justifica pelos contrastes encontrados nas composições, onde, embora se refira predominantemente ao rock, têm influências do soul, tango, bolero, música erudita... Confrontando sutileza e visceralidade, leveza e densidade.

A capa foi desenhada durante as gravações pela artista plástica, ilustradora e estilista Catarina Gushiken, inspirada em um painel do estúdio.

A crítica encarou o trabalho como o mais maduro até então, tanto pelo enriquecimento sonoro, a mescla de ritmos, influências, arranjos cada vez mais elaborados, o vocal mais comedido, e as letras, que embora continuem com o mesmo foco – Uma investigação sobre o ser humano como um todo (segundo a própria vocalista e letrista principal) – seguem cada vez mais densas e recheadas de mensagens subliminares e referências literárias.


A bateria chama os riffs, que vão crescendo e enchendo a música... Falar de extremos sem ser extremista, admitir a possibilidade de transitar entre o amor e o ódio, mas nunca o meio termo.
O morno não acorda ninguém.
“Eu só quero o começo, me entedia lidar com o meio
Quero muito, tenho apego - Já não quero, só resta desprezo.”

Primeiro single do disco, baladinha gostosa, contagiando com sua batéra como numa marcha, uns toques do que me arrisco ser uma castanhola no fim do refrão... A cabeça erguida ao fim de um relacionamento, o orgulho ferido, a transgressão e ousadia na auto-afirmação, que camufla um pedido de recomeço de alguém que ainda não aceita o fim. E o Martin te hipnotizando nos agudos durante toda a música.

3. Medo
Explanação sobre um dos sentimento mais experimentados e evitados pelo homem, sob a ótica de quem o aprecia, aprende com ele, vive sua adrenalina com prazer.

Na minha humilde opinião: um charme!
Começa num tanguinho, encantadoramente sofrido, expondo suas feridas abertas, e explode num rock de exorcismo, expulsando todo o sofrimento com a coragem de sentí-lo até que se esgote.

Terceiro single lançado deste disco, preenchendo a curta e já conhecida cota de românticas por CD.
E não é porque fala de amor, que tem que ser feliz. Mansinha, invoca aquele mix de melancolia, sono e sentimentalismo. Sobre aquele romance que não pode dar certo, mas nem por isso você desapega.

Single promocional com clipe, mais (pop) rock. Inspirada naquelas mal perdedores, que vivem de atribuir aos outros os seus insucessos. 

Difícil pra uma feminista não amar essa.
Literalmente, o retrato da desconstrução da Amélia, divinamente descrita. Sem a agressividade e repúdio aos homens, como dita o imaginário popular sobre o feminismo. Com a energia e pulso firme daquelas que se reconhecem como parte importante na sociedade, na família, em casa, na história... Na sua própria, principalmente. A mulher que foge da imagem injusta a que a cultura lhe atribuiu.
“Nem serva, nem objeto. Já não quer ser o outro, hoje ela é um, também.”


Profunda, sugestiva, firme, intensa. A vida de um rato na roda, “Sempre seguindo, pra nunca chegar”.
Qualquer semelhança com a sua(nossa) vida desgraçada de classe média-baixa é mera coincidência. Ou não.

Single promocional, com um clipe bem brisa da Pitty tomando banho de banheira, devidamente coberta por espumas, o Duda no chuveiro nú em pelos atrás de um box transparente, Joe levando tranquilamente na viola, e o Martin lixando a unha.
Daquelas músicas sem refrão, uma história sobre um sonho, a manhã seguinte, a reflexão sobre a maneira de levar a vida, a ressaca moral de quem caiu do trapézio. Ou, como diria o ditado popular: “Mãe, o forninho caiu!” #PiadaFail.

A mais calminha do disco, talvez a mais profunda também, a mais voltada pra dentro, eu acho.
Fala de aceitar e amar a si mesmos como somos. Aquela pra você ouvir quando ta no fundo do poço, decidido a subir.

O mais próximo de um hino lançado até aqui, um tanto inespecífica eu diria, mas que por outro lado serve pra muitas situações, a falta de porquês e de voz, ideais, a imparcialidade das pessoas em tempos de se manifestar.

Até o próximo álbum ao vivo: A Trupe Delirante no Circo Voador!
Tchau!