quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

EngHaw - 4° Alívio Imediato

Olá, pessoas! :)

Alívio Imediato é o primeiro disco ao vivo da banda, lançado em 1989, no Canecão, Rio de Janeiro. Nessa fase a banda já havia se mudado para o Estado. 
Com relativamente curto tempo de vida/estrada, os EngHaw já experimentavam o sucesso profissional, com público record em shows por todo o país, disco de ouro, a "benção" da crítica, e turnê soviética (feito inédito para uma banda brasileira). 
Ta bom, ou quer mais? rs.



O quarto disco chega anunciando o início de uma pegada mais eletrônica, com "Nau à Deriva", e a faixa-título "Alívio imediato", que, enquanto novidade, são gravadas em estúdio e as demais gravadas durante o show, numa playlist dedicada a uma retrospectiva da trajetória da banda (turnês: Toda Forma de Tour - 86/87, Infinita Tour - 87/88, Variações Sobre a Mesma Tour - 88/89, Alívio e Mídia Tour - 89/90).
Reza a lenda que, provisoriamente, o nome escolhido para o disco era "Tudo Que Uma Banda Pode Oferecer", bem a cara deles, rs. 
Outro fato interessante (e bem bacana!) é que a capa do disco traz a faixa de um fã clube carioca (hoje instinto) "Além dos Outdoors".



1. Nau À Deriva
Faixa inédita, que foi tocada no show de lançamento, mas no disco está na versão de estúdio. Com efeitos mais eletrônicos, mais distorção, teclado, a banda já mostra uma nova tendência para as músicas do próximo disco.
Um dos melhores retratos da solidão que a banda tem. "Talvez um parto/Talvez aborto/Destroços da nave mãe... Longe demais/ do cais do porto/ Perto do caos", é quase palpável a solidão e deslocamento retratadas na música, não que não sejam sentimentos familiares às composições da banda, mas essa é uma das que passa essa ideia com mais intensidade. 
"O meu coração é um porta-aviões/ Perdido no mar, esperando alguém pousar
O meu coração é um porto sem endereço certo/ É um deserto em pleno mar".

2. Alívio Imediato
Também, como a outra inédita "Nau À Deriva", a faixa título "Alívio Imediato" também vem com uma cara mais eletrônica, mais teclado, e embora comece mais mansa, acaba num belo solo de guitarra.
Uma música libertadora, que passa uma mensagem de consolo, aparentemente de um coração partido por alguém que partiu.
"Há um muro de concreto entre nossos lábios/Há um muro de Berlim dentro de mim
Tudo de divide, todos se separam/Duas Alemanhas, duas Coreias/
Tudo de divide, todos se separam".

3. A Revolta dos Dândis I
Diretamente do segundo disco, que a traz como faixa-título, o Gessinger mostra lindamente seu dom de reinventar as músicas a cada disco, tocando o finalzinho numa versão blues super envolvente.

4. A Revolta dos Dândis II
Solo eletrônico, a música do 2°disco ganham a cara do novo, novos efeitos, e a fusão irresistível no finalzinho com a "...Dândis I".

5. Infinita Highway
Ainda do 2° disco, a infinita filosofia de vida chega numa versão mais agitada que no lançamento, a minha favorita, à proposito. *-*

6. A Verdade a Ver Navios
Recente, do ultimo disco lançado, versão curtinha, quase à capela, não fosse um tecladinho de fundo, que vai crescendo num baixo e uma bateria bem pontual...
Reza a lenda que no disco, e primeiras edições em CD, a musica era grafada como "A Verdade a Verd Navios". Algum significado especial, ou mero erro de digitação? 
Never gonna know... rs.

7. Toda Forma de Poder
Direto da primeira faixa, do primeiro disco, a energética música revolucionária que é apaixonadamente acompanhada pela multidão, que se ouve claramente no refrão, e dá o suporte dos "wooowooow's" e "yeaaah-yeaaaah's", palmas e um arranjinho eletrônico novo.

8. Terra de Gigantes
Com a serenidade que jamais perderia, entre um belo arranjo de guitarra, e o coro apaixonado dos fãs, a juventude nessa banda em uma propaganda de refrigerantes, o single do 2° disco volta com o costume Gessingeriano de brincar com as letras a bel prazer. 

9. Somos Quem Podemos Ser
Do disco anterior, num clima igualmente manso, sem deixar a platéia desanimar.
Que outra banda de rock consegue isso? rs.

10. Ouça O Que Eu Digo, Não Ouça Ninguém
Faixa título do 3° disco, com arranjos novos de guitarra e muito coro acompanhando!

11. Longe Demais Das Capitais
Faixa-título do 1° disco, segue a mesma vibe da versão de estúdio, começa pianinho e depois alterna com uma pegada mais rápida, e finalzinho com solo 

12. Tribos e Tribunais
O "bis" do show, do 3° disco, o desfecho merecido! :)


Oficialmente, esse disco não foi filmado, mas o já então mencionado fã clube carioca "Além dos Outdoors", não deixou passar... :)




Em breve... "O Papa É Pop!" 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Nei Lisboa 4: "Hein?!", 1988

E aeee galera! Belezinha? Bom, sei que to devendo esse post já faz bastante tempo, mas a vida às vezes toma nosso tempo de um jeito imprevisível, difícil de fugir. Mas enfim, vamos falar de Nei Lisboa que é mais interessante. rs

“Hein?!”, de 1988, é o quarto disco do Nei, também gravado pela EMI, logo depois de “Carecas...”. Foi seu segundo e último disco produzido por uma grande gravadora, porque no mesmo ano eles encerram o contrato. Foi um ano difícil pro cara. Sofreu um acidente grave de carro, e apesar de ter sobrevivido, perdeu sua então companheira, a Leila. Essa fase difícil da vida dele está bem retratada no disco, bem mais ‘deprê’ que os anteriores, mas não menos genial. O disco foi produzido por Mayrton Bahia.


É um disco bem mais cru, onde predominam os instrumentos mais típicos do rock. Junto com Nei estavam Renato Mujeiko no baixo, Pedro Tagliani na guitarra e Fernando Paiva na bateria (agradeço ao próprio Renato Mujeiko e ao Ciro Moreau pelas correções). Os teclados e timbres eletrônicos praticamente somem. O som tem mais pegada, claro, e me parece que nesse momento Nei deveria estar compondo mais na guitarra e no violão. As letras já são bem mais viscerais, às vezes usando palavras fortes, sendo sarcástico, crítico, se mostrando solitário, nostálgico, romântico e até, minimamente, bem-humorado. Mas no geral, parecem faces de um mesmo vago sentimento, digamos assim, Punk/Budista, uma melancolia de luta e sonho. Acho que o nome do disco e a capa em P/B traduzem bem essa idéia.

Essa faixa é um mistério pra mim, encontrei uma letra bem maior do que é cantado no disco. Vai saber... Tema introdutório que “surge e some do nada”, em fade, que lembra um pouco o que os Beatles fizeram com algumas faixas de Abbey Road e Lei it Be. Com violão e voz bem suaves, Nei recita sua poesia “transcendental”.
  

A intro lembra alguma coisa pós-punk. O som segue com mais pegada, com um andamento bem mais rock’n’roll. A bateria é bem preenchida, o baixão come solto em riffs cheios de slaps com cara de funk, fusion, sei lá, e aquela guitarrinha com riffs bem peculiares. A dinâmica característica do Nei, cheia de pausas, crescimento e quedas, está presente nessa faixa. A letra? “Nem Deus não entendeu, nem eu”. Nem eu, hahaha! Mas já dá pra perceber um lance mais beatnik na poesia do Nei. “Eu sou alcoólatra, Anarquista, Estuprador, E escrevo poesia”.

A faixa título do disco é a minha preferida. Não só pela letra genial, mas principalmente pelo instrumental. Aquela pegada meio punk-funk da faixa anterior também surge aqui, mas com um tom bem mais rock’n’roll, o baixão continua violento, slap slap slap, sensacional. A banda que acompanha o Nei nesse disco é bem enérgica. Os riffs de guitarra são hipnotizantes. A letra é simplesmente genial. O jeito ágil que ele canta, como vai alternando a métrica. Ele fala de um tal "inimigo", e de como ele o confronta em diversos momentos, que mais parece um confronto consigo mesmo. "Um inimigo invisível que eu tinha,
Cabeça e cauda de dragão, os olhos do Alain Delon, De dia atrás de mim, De noite se escondia no porão"
.


Um tema um pouco mais suave, com o mesmo swing das faixas anteriores, uma coisa meio pop/soul, mas ainda sim cru, guitarra cheia de riffs, baixão “black” e bateria toda cheia de quebradas. O destaque aqui está nos riffs e solos da guitarra. Acho que a letra fala sobre chapar o coco, beber até cair. Talvez algo mais metafórico que isso, sei não. rs

A faixa romântica do disco. Tem uma letra muito interessante, ao mesmo que é sensível e lúdica, tem metáforas geniais sobre amor e sexo. “A vinte léguas da vovó, parei, Pra, descansar, Tirei meu chapeuzinho e tudo o mais, Olhei pra trás, E era um nariz gigante, Oh!, ou ao menos parecera ser”. A sonoridade aqui é bem mais pop. O violão mantém a harmonia principal, baixo e guitarra são bem mais suaves, mais harmônicos, mas não menos geniais e bem trabalhados. Ênfase na mudança de andamento do verso pro refrão.

Blusão sem tirar nem por. Começa com uma gaitinha marota e um violãozinho na base. A progressão é típica do gênero. Um som bem mais alegre e debochado que os anteriores, e talvez, um dos “menos tristes” do disco. A letra é bem divertida (uma das poucas), uma “faxineira fascinante” que só faz cagada. E o tal Mutuca que ele cita é aquele mesmo do “Carecas...”, lembram? Gênio do rock gaúcho. ;-)

Essa é linda, tem uma das letras mais geniais do disco. “Oh, mana, Eu quero é morrer, Bem velhinho, assim, sozinho, Ali, bebendo um vinho, E olhando a bunda de alguém.” Engraçado como ele imprime dramaticidade na música e ainda usa a palavra BUNDA. Gênio. De fato uma balada, extremamente pop, mas muito bonita, sensível. O Nei está extremamente mais visceral nesse disco, canta com verdadeira dor. A guitarra suave e harmoniosa realça esse clima, mais um baixo lacônico, bem marcado. O refrão quebra a tranquilidade, e vira um grito de desespero, mas não menos melancólico. Aqui um órgão bem discreto completa a harmonia.


Começa bem tranquila, violão e voz. Um piano vem pra realçar a harmonia, e então entra a banda toda, num andamento e harmonia que lembram aquelas canções de blues bem melancólicas. O som vai crescendo, junto com o tom dramático da letra, com vocal mais gritado, dolorido. Piano e guitarra se intercalam no solo. Curioso é que termina de forma bem “caótica”, desencontrada. Um verdadeiro grito de desilusão e solidão.

A letra é bem sacada, usa de forma ambígua a idéia de “sonho”, estar dormindo ou estar acordado. “Estamos sós num sonho, É só um sonho, Mas gela minha cara na janela, Vidrando os olhos no vazio”. O violão introduz uma baladinha levemente animada, que lembra um pouco a estrutura melódica e o andamento da country music americana (Nei continua diversificando). O refrão é bem mais animado, com um riff de guitarra brilhante, o andamento muda, fica mais enérgico.

Mais uma baladinha, agora mais simples, só violão e voz. A melodia da voz é linda, o refrão ainda mais maravilhoso. O cara continua sendo mestre em fazer mais com menos. A letra é um tanto acinzentada, uma visão bucólica da vida, fala sobre silêncio, desistência, loucura. É simplesmente linda. O refrão é o mais enigmático: “Eu tenho os olhos doidos, doidos, já vi, Meus olhos doidos, doidos, são doidos por ti”.

A última faixa do disco lembra mais o Nei dos albums anteriores. Piano bem forte, melodia mais rebuscada, mas sem sair da sonoridade pop que lhe é característica. Violão e baixo apenas complementam a harmonia. A sonoridade é bem positiva, o que também lembra seus trabalhos anteriores. Existem implícitas na letra uma espécie de nostalgia e uma estranha metafísica...

E assim termina o disco que foi lançado num ano trágico da vida do Nei. Preciso confessar que de início eu não gostava muito do "Hein?!", mas cada vez que eu ouço acho mais genial. Apesar de "carregado", o disco mantém uma coerência poética dentro da linha de trabalho dele. Depois de 88 ele ficou uns bons anos sem lançar nada, retirou-se. Foi voltar só cinco anos depois, com “Amém” (1993), aliás, outro nome sugestivo. Mas desse falaremos depois. Só pra lembrar que cada título de música é também um link pra letra. Valeu! Comentem aeeeee! \o/

Disco completo no YouTube:


domingo, 16 de fevereiro de 2014

Sleigh Bells - Reign Of Terror.


E em 2012 veio o segundo disco Reign Of Terror. Já mais famosos, mas ainda não tinham estourado. Um ótimo disco na pegada do primeiro.



True Shred Guitar: O disco começa com uma pancada distorcido ao vivo. Mais distorção, vocal forte, e mais um pouco de distorção, bem parecido com as músicas do primeiro disco. A guitarra e a voz dividindo o primeiro plano.

Born To Lose: música de ritmo pesado, bem distorcida, com um vocal sereno de Alexis cantando sobre nascer para perder e suicídio. Um repique de bateria deslocado, quase que colocado ao acaso, e um final sinistro em um solo de guitarra. Alexis faz back vocal com ela mesmo.

Crush: A guitarra, a batida e o vocal estão lá, mas há elementos novos nessa música, ruídos de multidão, outros ruídos difíceis de identificar. Muita sobreposição. Soa muito bem para mim, um monte de recortes bem encaixados.

End Of The Line: Uma faixa mais leve, menos abstrata, com uma guitarra coerente, vocal leve, efeitos eletrônicos e bateria. Uma pausa na pancadaria do disco. Excelente música introspectiva, a letra também é mais coerente e menos sopa de versos que as outras. É a história de uma despedida.

Leader of The Pack: No meio das guitarras e batida um vocal melancólico canta sobre alguém lembrar de um tempo que podia acreditar em mentiras, e acaba com a repetição de que ele não volta mais.  mais triste que o restante do disco.

Comeback Kid: Com instrumentos que poderiam estar em um grupo de heavy metal , mas em outra ordem, a voz de Alexis se destaca falando que é difícil, mas que o garoto pode vencer e voltar algum dia. As letras desses álbum são mais trabalhadas que do álbum anterior.


Demons: Começa com uma guitarra que poderia estar em Qualquer banda de Heavy Metal, vem a bateria que poderia estar junto, então o vocal de Alexis entra com a mesma energia. Essa é uma faixa, que com poucas mudanças de arranjo é um heavy metal bem clássico, até a letra sobre demônios, purificação e fogo encaixa perfeitamente. Para uma banda lo-fi e noise pop é bem interessante uma faixa dessas que enfraquece barreiras entre o metal e o pop dançante. (quantos metaleiros gostariam de arrancar minha cabeça no momento?)

Road to Hell:  essa já lembra algum tipo de glam, em partes, depois descamba para um lo-fi com as guitarras distorcidas de Miller. Acho incrível essa destruição de gêneros que Miller faz. Numa voz adocicada Alexis canta sobre o caminho para o inferno (refrão da música).

You Lost Me: Uma música lenta e cheia de distorções. Alexis canta em um tom sereno sobre estar pronta para morrer e como nós poderemos cantar da cova. Acho incrível isso no Sleigh Bells, essa diferença quase bipolar entre a agitação ou serenidade da música com as letras lúgubres.

Never Say Die: Mais um começo que poderia ser de uma banda de Heavy Metal, mas a música segue por outro caminho, com uma guitarra base bem marcada e uma batida mais homogênea, Alexis canta de modo lírico, quase como contando uma história, outros elementos completam uma música bastante coesa e sem grandes distorções ou sobreposições fora de ritmo.

D.O.A.: A ultima música do disco segue por um lo-fi meio triste, no geral este disco é mais sombrio que o anterior. Uma linda música cantada sem interrupções acompanhada pelas distorções e instrumentos de sempre sem grandes variações.

Reign Of Terror é um excelente disco, não é surpreendente como Treats, mas era de se esperar, não dá pra revolucionar duas vezes a mesma coisa. Mesma recomendação do anterior: Escute alto em um som com bons graves.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Raul Seixas 4 - Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock (1973)

Oi, eu sou o Salinas! Esse disco pode até ser considerado um disco "maldito" de Raul. Ele queria fazer uma homenagem aos clássicos que o inspiraram, desde os tempos de criança em Salvador, quando começou a ter contato com o rock, coisa rara naquela época. Mas na época a gravadora achou "nada a ver" um cara que começava a fazer sucesso fazer um disco de covers.

Quando Raul falava de rock, era Elvis Presley no começo da carreira, Little Richard, Paul Anka, The Platters. Ele pegou o começo da coisa, a década de 50. Como ele mesmo disse em entrevistas, o Rock havia morrido em 1959 quando Elvis entrou pro exército.

A gravadora topou lançar o disco em 1973, mas com uma condição: o nome de Raul Seixas não apareceria na capa (aqui relançada pelo Raul Rock Club). Então foi criada uma banda fictícia, uma tal de Rock Generation, que levou os créditos. Raul apareceu apenas como produtor. E pra não "queimar" o próprio artista, a gravadora não fez divulgação. O disco ficou esquecido nas lojas. Em 1975, depois do sucesso de "Gita", eles perceberam a burrada e relançaram o disco como "20 Anos de Rock", agora com o nome do Raul. Quiseram dar uma garibada, mudando a capa, ordem de faixas e incluindo assobios e aplausos pra parecer que era ao vivo. Raul, claro, não gostou muito. Em 1985 outro relançamento, atualizando o título pra "30 anos de Rock". (haja picaretagem... mudar um dígito na capa e fazer a galera comprar de novo o disco). Por fim, em 2001 o disco foi relançado uma última vez, com a imagem acima, e do jeito que Raul queria, na ordem certa e sem assobios.

As faixas não correspondem exatamente a cada música. Raul deu uma encurtada em cada uma, pra poder caber 24 músicas em 1 só disco, e cada faixa é um "medley" de duas ou três músicas (detesto o termo ~pot-pourri~, kkk). Então vou comentar por "música" em vez de por "faixa".

"Abertura"

A primeira faixa é uma vinheta instrumental, bem TV, tipo aqueles shows dos anos 60. Naipe de metal comendo solto, com brecada sensacional e solinho de batera no final.

"Rock Around the Clock" (Jimmy de Knight / Max C. Freedman)

Logo de cara a paulada-mor do rock, aqui gravada pelo Bill Haley. O ponteiro das horas deu uma volta inteira no relógio e ainda estamos dançando!

"Blue Suede Shoes" (Carl Perkins)

Outro clássico do 1-4-5, gravada pelo Rei do Rock. Cuidado pra não pisar no meu sapato azul de camurça! Faça o que quiser, me dê um tapa na cara, roube meu carro, beba minha bebida... mas não me pise no sapato!

"Tutti Frutti" (Little Richard / Joe Lubin / Dorothy La Bostrie)

Nesses vídeos a gente vê como a coisa era muito diferente naquela época... a banda anunciada por um ~gerente de banco~, toda comportadinha em seus ternos brancos, dançandinho ao ritmo, mas nada que se comparasse ao pornográfico "Pelvis", que gera piadinhas até hoje. E claro, o gordinho mandando ver na pista!

"Long Tall Sally" (Little Richard / Joe Lubin / Dorothy La Bostrie)

Essa fecha o primeiro medley, que já deixa a galera sem fòlego! Com a história do tio John, que resolveu dar uma escapada com a tal ~Sally compridona~ (bons tempos de inocência... era apenas uma menina alta). Quase que a tia Mary pegou, mas na hora H eles se esconderam agachadinhos no beco...

"Rua Augusta" (Hervé Cordovil)

"Descendo a Rua Augusta a 120 por hora"... sim, é a Augusta Baixa, em SP, que já na época de Raul fervilhava, de intelectuais a zés-ninguém. Talvez mais que hoje... e lá Raul e sua gangue aprontavam altas confusões com seus carrões, com três carburadores envenenados, sem breque, sem luz e sem buzina.

"O Bom" (Carlos Imperial)

Aqui, um clássico do "rock ostentação". Nada a ver (ou será que tem?) com o polêmico estilo que hoje em dia domina as paradas de sucesso da quebrada, aqui é ostentação no sentido puro e simples. Não tem pra ninguém!

"Poor Little Fool" (Sharon Sheeley)

Será o mesmo cara da música anterior? Agora uma balada mais lenta, pra descansar depois de tanta agitação. "Pobre bobinho" conta como foi enganado e jogado às traças por uma espertinha à qual ele entregou seu coração.

"Bernadine" (Johnny Mercer)

Um teclado maroto pra contar sobre a Bernardine. Ela parece igual às outras em cada uma de suas partes, mas no "conjunto da obra" é toda especial.

"Estúpido Cupido" (Neil Sedaka / Howard Greenfield - Versão: Celly Campelo)

Vamos esquentar as coisas de novo! E pra começar, um esporro nesse tal Cupido que andou aprontando com o coração da galere. O baixo e guitarra deram uma "atualizada" e essa música ficou bem mais 70's.

"Banho de Lua" (Bruno de Filippi / Franco Migliaci)

Aqui a guitarra solando praticamente a música inteira, lá no fundo, enquanto Raul conta sobre a experiência de tomar um banho de lua... homenagem pra Celly Campelo. O curioso é que todo mundo (eu) só conhecia a parte do banho de lua, então ninguém (muito menos eu) entendia o lance de "ficar branco como a neve": é que na verdade, antes, Celly tomou um banho de sol, "se queimou e escureceu". O banho de lua, no caso, teria o efeito inverso...

"Lacinhos Cor-de-rosa" (Mickie Grant)

Mas até que seria engraçado o Raul com um sapatinho de lacinho cor-de-rosa, hehehe... outra homenagem pra Celly, que também vai pro Mickie Grant (aqui gravado pela Dodie Stevens).

"The Great Pretender" (Buck Ram)

Quem o vê sorrindo, pensa que está alegre... não pera, essa é outra. Mas que no fundo tem a mesma mensagem: Raul, o grande fingido, está sozinho mas ninguém percebe... ele finge que tudo vai bem. A versão original foi gravada pelos Platters, mas não posso deixar de citar a versão do Freddie Mercury. Essa eu nem ouço mais até o final, porque toda vez eu choro. :'-)

"Diana" (Paul Anka)

Medley pra Reginaldo Rossi nenhum botar defeito. A entrada já tem aquele "sax brega" (mas que na época não era brega hehe). Raul está ficando com uma mina bem mais velha, mas não se importa com o que o pessoal diz...

"Little Darlin'" (Maurice Williams)

Aqui Raul está novamente apaixonado... o arranjo de vozes no fundo ficou bacana.

"Oh! Carol" (Neil Sedaka)

Ô Carol, dá uma chance pro Raul, PÔ... o cara tá apaixonado e vc só pisa nele, tsc tsc...

"Runaway" (Del Shannon / Max Crook)

Agora Raul anda sozinho pela chuva, e se pergunta o que teria dado errado com o seu amor.

"Marcianita" (José I. Marcone / Galvarino V. Alderete)

Aqui volta a guitarra 70's de novo, solando alucinada lá atrás... Raul tentou atacar com um xaveco mais nerd: os cientistas asseguram que em 10 anos ele conseguirá o coração de uma marciana!! Sim, acreditavam eles que não demoraria muito pro ser humano pisar em Marte...

"É Proibido Fumar" (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)

O maior clássico entre os bombeiros (só que não). Raul terrorista não está nem aí, vai tacar fogo em tudo dando um beijo na garota!!

"Pega Ladrão" (Getúlio F. Cortês)

Os rocks antigos tinham umas historinhas singelas. Aqui Raul estava com seu "broto" no portão, quando passa um ladrão correndo. Teria roubado um coração, e ele achava ser isso uma metáfora. Mas não, era uma jóia em formato de coração... era um ladrão mesmo!!

"Jambalaya" (Hank Williams)

Entrada de baixo bacanosa, misturando no começo com samples da faixa "Todo Mundo Está Feliz" do (já comentado) "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez" .

"Shake, Rattle and Roll" (Charles E. Calhoun)

Outro clássico do rock. Aqui a garota está usando um vestido meio transparente, e o cara se sente "um gato caolho tentando espiar pra dentro de uma loja de peixes".

"Bop-a-Lena" (Tillis / Pierce)

Olha aí a origem da Babilina. Sim, aquela, que Raul queria tirar do bordel... Mas no original não tinha nada disso, ele só falava sobre a hora que a turma ia pras baladas tungz tungz, na época, e a tal Bop-a-Lena que parecia uma rosa, era a favorita dele.

"Only You" (Ande Rand, Buck Ram)

O clássico número 1 dos bailinhos românticos! Quem nunca dançou esta com rosto coladinho, olhando no olho... tá ok, hoje ninguém faz isso. Uma das poucas músicas que ganhou versão inteira, numa faixa só pra ela. Agora sim Raul tá embasbacadamente apaixonado: "só você" isso, "só você" aquilo, não existe mais mulher pra esse cara...

"Vem Quente Que Eu Estou Fervendo" (Carlos Imperial, Eduardo Araújo)

E pra fechar a casa, outro clássico do rock nacional! O grande blefe: no fundo Raul tá mó triste e louco pra fazer as pazes do ~melhor~ jeito, mas não dá o braço a torcer.

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar o disco nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube.

E é isso! No próximo post vamos falar do maior sucesso de Raul, "Gita". Até lá!




domingo, 9 de fevereiro de 2014

EngHaw - 3° Ouça o que eu digo, não ouça ninguém

Olá, pessoas! 

Em 1988 é lançado o 3° disco dos EngHaw, com a faixa título imponente e desafiadora "Ouça o que eu digo, não ouça ninguém", os caras mostram que vieram pra ficar, e que esse trio (Gessinger, Licks e Maltz - GLM) já no seu segundo CD nessa formação, ainda produziriam muita coisa boa juntos!




1. Ouça o que eu digo, não ouça ninguém
Um baixo cheio de personalidade; bateria energética, contagiante; guitarra limpa, preenchendo bem, bem trabalhada... Nesse clima orquestral a música narra uma cena obscura, de coisas infelizmente tão comuns, gente vendendo o que tem pra manter seu vício, gente fazendo do vício dos outros o seu negócio, e cobrando cada vez mais caro, gente observando, comentando, fingindo não ver, fingir se importar... E toda uma corrente de desencorajamento para uma existência de luz no fim do túnel. "Ouça o que eu digo, não ouça ninguém" é uma frase muito ambígua... Ela começa pedindo algo e sugere o contrário no final: A regra é, não ouça ninguém! Chega de ouvir quem quer que seja... Seja a voz na sua cabeça e vire a mesa. 

2. Cidade em Chamas
Começa pianinho, baixo e guitarra, e de repente uma virada de batéra... No clássico clima de rebeldia contra o sistema by Gessinger, a cidade está em chamas, e embora todas as chances estejam contra nós, estamos por ai, afim se sobreviver! Num panorama de guerras, ataques por todos os lados, principalmente do mais forte.

3. Somos quem podemos ser
Essa sim é mansa, arranjo muito refinado, sem bateria... Uma reflexão bem parecida com "Terra de Gigantes". O dia em que você cai na real e percebe que as coisas não são tão perfeitas como você imaginava, a vida te mostra isso de forma não tão gentil, mas ainda sim, e talvez graças a isso, você também enxerga como todo o mecanismo funciona. 

4. Sob o tapete
Baladinha sobre a força da expectativa, sobre a ilusão acerca das coisas... "O que seria de nós e não fosse a ilusão que nos trouxe até aqui?". Essa motivação misteriosa que nos leva a buscar cada coisa e direcionar as atitudes. Mas, pra todo caso, "há mais de um motivo/ há mais de uma razão", e a complexidade das coisas nos faz desistir, e "quanto mais se foge/ tanto mais se quer fugir", e no final, o macete da vida é esconder as cinzas sob o tapete.

5. Desde quando
"Rock n' roll não é o que se pensa/E o que se pensa não é o que se faz/ O que se faz só faz sentido/Quando vivemos em paz". Contestação de cada verdade feita, desde quando esses princípios foram impostos a nós, e em prol de quem? 

6. Nunca se sabe
Violãozinho gostoso com umas distorções de guitarra, clima mais reflexivo. "Não quero perder a razão pra ganhar a vida/ Nem quero perder a vida pra ganhar o pão/ Não é que eu faça questão de ser feliz/ Eu só queria que parassem de morrer de fome/ a um palmo do meu nariz". Nunca se sabe o porque das escolhas, "Sem dúvida, a dúvida é um fato/ E sem fatos não sai um jornal". 

7. A verdade a ver navios
Mais uma introdução que me lembra "Terra de gigantes", rs. 
Fala das ironias da vida, inimigos do mesmo lado, lutando pelas mesmas coisas, sonhos que nunca se tornam realidade... Da covardia de não pagar pra ver, não encarar a vida, o que deveria ser uma exceção e vira regra.

8. Tribos e tribunais
A incansável visão crítica de Gessinger ataca novamente. Embora tenhamos um otimismo automático, sempre chega a hora em que percebemos que há algo errado. Uma maioria esmagadora sendo esmagada por uma minoria opressora, lucro em detrimento de ideais... "Tem muita gente se queimando na fogueira/ E muito pouca gente se dando muito bem". Expressa também seu descontentamento com a saída do Roger Water do Pink Floyd "Forma sem função", rs.  

9. Pra entender
"Pra entender/Nada disso é tudo/E tudo isso é fundamental". Praticamente uma insinuação aos princípios da complexidade, a parte não forma o todo, que já é uma coisa diferente, não apenas a soma, e o todo não é possível sem as partes. "Pra entender... Basta olhar pra o que acontece/ Esteja onde estiver".

10. Quem diria
Com fortes riffs de guitarra, fala do fim de uma paixão, que embora sem muita lógica pra dar certo, sempre pega de surpresa quem esta apaixonado.

11. Variações sobre um mesmo tema
Bateria quase enfeitiçadora, distorções de guitarra... A mesma angustia humana sentida de formas diferentes em cada um, respostas pra tentativas infrutíferas. Citações de outras músicas, e um desfecho super viagem de frases carregadas de efeitos e significado.

Vou ficar devendo no áudio, não encontrei na íntegra...
Então fica aí pelo menos a faixa título do álbum!



... E até 1989, com Alívio Imediato

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Sleingh Bells - Treats


Quando conheci Sleigh Bells em 2011, eu escrevi que era um som pra todo mundo, críticos de verdade disseram o mesmo, sentamos e esperamos, tínhamos descoberto uma banda que ia estourar, todos escutariam e nós todos poderíamos falar: Eu já escutava antes! Bem, ninguém escuta Sleigh Bells, ninguém que eu conheço (ou quase ninguém), para quase todos que eu mostrei me perguntaram se eu tava zuando. Em uma viagem de carro, quando coloquei Sleigh Bells para tocar me perguntaram se eu ou o cd sairia do carro. Mas pelo que percebi, nos EUA Sleingh Bells tem bastante público.

Mas que diabos é Sleigh Bells:

 Duo de noise pop formado em 2008  no Brooklyn - Nova York. É formado por Derek E. Miller (guitarrista, produtor e escritor[em outras palavras: TUDO!]) e Alexis Krauss (vocal). Seu primeiro EP de 2009 é Sleigh Bells e seu disco de estréia e Treats de 2010, seguido por Reign of Terror (2012) e Bitter Rivals (2013).


Treats:
É um disco bem moderno, cru e distorcido, e bota distorcido nisso, nesse primeiro álbum quase não se distingue instrumentos como eles vieram ao mundo. O estilo explica bem noise pop, é exatamente isso que se escuta.

Faixas:

Tell`Em: Começa com uma guitarra distorcida e um e uma batida mais distorcida ainda, pesado para o padrão pop. O vocal leve se contrapõe. A letra se repete e se alterna junto ao ritmo, uma letra provocativa indagando sobre a juventude ser assim. Nada muito profundo, é a pancada da melodia que conta.

Kids: Começa com a guitarra distorcida, parece um tipo de sirene, a batida eletrônica acompanha, o som é sujo e distorcido. Alexis canta sobre a praia, água, férias e sangramento no nariz. A música tem uma narração incidental e pauas. Muito boa.

Riot Rhythm: Batida suja, guitarra distorcida e um vocal lírico, segue um back vocal gritado, como líderes de torcida. Melhor amiga, lutar contra raios e revolta contra disciplina.

Infinity Guitars: a batida nessa música é mais predominante que a guitarra, lembra algo mais de gueto do que do Broklin, O vocal é mais gritado, música para escutar bem alto. A letra não tem grande importância, algo sobre acordes surdos, guitarras infinitas, caras heterossexuais. O clímax da música é na aprte final quando a guitarra entre duma vez, pena que ela acabe nessa parte, essa é uma música que eu fico com vontade de saber o que acontece depois, mas ela simplesmente acaba.


Run The Heart: Vocalizações, distorções, batida eletrônica e barulhos montam uma melodia melancólica e um tanto dançante. Sobre relacionamentos e saber o que é melhor para o outro. A letra repete alternando com o ritmo.

Rachel: Uma guitarra distorcida, mais um instrumento mais distorcido ainda, talvez outra guitarra, uma percussão que toca intercalada, como um estalo, e um vocal melancólico. Nenhum dos elementos está minimamente alinhado, está lá tudo sobreposto e exatamente por isso é uma música incrível. Por favor Rachel, não vá à praia, mais uma letra que se repete, não consigo entender sobre o que seria.

Rill Rill: Uma balada, com instrumentos identificáveis, basicamente um violão ou guitarra (só um pouquinho distorcido, mas dá até pra escutar as notas). O vocal doce de Alexis se sobrepõe ao backing vocal gravado por ela também. A letra fala sobre questões da adolescência (talvez). É a faixa menos abstrata do disco.


Crown On The ground: E de volta a batida e distorção, essa faixa é mais pesada e barulhenta, menos minimalista que as anteriores. Lenta e barulhenta, sobreposição, mas alinhada. Nem entendi a letra.

Straight A´s: Batida ritimica, uma guitarra base sobreposta, mais uma guitarra distorcida sobreposta e vocalizações. Muito legal, música de recortes, lembra um hardcore talvez. Para escutar no vomule absurdo.

A/B Machines: As máquinas A estão na mesa, e as máquinas B estão na gaveta. Repita isso muitas vezes, coloque uma guitarra distorcida e um monte de ruídos, uma bateria que nem está no resto da música, depois de tudo misturado deixe no volume PQP (é o volume logo depois do Absurdo) e escute uma ótima música.

Treats: E chegamos na música que dá nome ao disco. Treats fala do garoto da bateria, da banda de heavy metal, dos sonhos e de bombas dos céus, tudo bem surreal e recortado. A música é exatamente isso, imagine uma música típica de heavy metal, então recorte todos os elementos e os misture em outra ordem. Com o falsete de Alexis, é uma curta e ótima música para encerrar um disco tão legal, inovador e barulhento.

Tirando a média: ótimo disco de abertura, brilhante, inovador, rústico e, principalmente, distorcido.
Escute alto, de preferência com um som que tenha bons graves e divirta-se.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Raul Seixas 3 - Krig-ha, Bandolo! (1973)

Oi, eu sou o Salinas! Krig-ha, Bandolo! é o início da carreira solo de Raul. Depois das efêmeras Raulzito e os Panteras e Sociedade da Grã-Ordem Kavernista, ele resolve assumir o próprio nome e colocar pra fora o espírito anárquico, que já estava presente desde o disco anterior, misturado com os grandes conhecimentos musicais.

O disco foi gravado pela Philips e o título é uma referência ao Tarzan (sim, o do grito), e significa "Cuidado, aí vem o inimigo". Foi o primeiro feito em parceria com Paulo Coelho (conhecido por seus livros, alguns adaptados para a televisão). Raul faria outras parcerias ao longo da carreira, mas esta foi a mais duradoura e a mais conhecida.

"Introdução: Good Rockin' Tonight" (Roy Brown)

Esta primeira faixa é um sampler gravado, da criança Raul que, contrariando a época e o lugar, já curtia o rock. Aqui ela canta uma paulada do Roy Brown, e no final anuncia para a "plateia" da sua rádio imaginária.

"Mosca na Sopa" (Raul)

Em seguida o Raul adulto já começa com o pé na porta! A "mosca na sopa" na verdade é o próprio Raul sabendo que vai incomodar e sem medo nenhum disso, e aprontando a maior macumba pra deixar isso bem claro. A inquietação, a dúvida que não quer calar, a incerteza: são as muitas moscas que insistem em pousar na nossa sopa, entrar na nossa orelha... E no meio da macumba, o refrão cai no rock! Olha aí o salseiro q esse cara vai armar...

"Metamorfose Ambulante" (Raul)

O grande clássico, talvez o mais conhecido entre todos do Raul. O termo "Metamorfose Ambulante" é praticamente sinônimo de Raul. Aqui, já mais calmo numa balada mais lenta, ele explica melhor o que disse na música anterior: ele tem as opiniões próprias dele, e não quer se conformar com um establishment. Hoje em dia isso pode parecer bobo, manjado, over, desgastado, ou o nome que você quiser dar. Mas, em plena ebulição do movimento hippie (no Brasil), e ainda durante uma ditadura, isso tinha um peso muito grande.

"Dentadura Postiça" (Raul)

Cavalgada simples com violões, que vai crescendo a cada estrofe com um baixo cada vez mais alucinado. Não sei como essa música não foi censurada... os milicos não perceberam a sutileza, mas o tema não são técnicas dentárias e sim a "ditadura"!! (em negrito, itálico, sublinhado e entre aspas, pra deixar bem claro!) Cada verso é uma metáfora representando que a ditadura "vai cair", desde a ~estrela~, o ~verde~, até o ~gás~ (ou seja, Geisel, que nessa época não era presidente mas, no papel, já era o próximo da fila: lembre-se q na ditadura não tinha eleição!). A maior esperança dele era que com a queda da ditadura, finalmente subisse o "nível mental", seja em termos de espiritualidade ou de educação mesmo.

"As Minas do Rei Salomão" (Raul/Paulo)

Aqui Raul faz um paralelo com as histórias fantásticas de exploradores e tesouros arqueológicos, cruzando com Don Quixote. Seria talvez como um "pedido de desculpas" pelas cacetadas anteriores, pois quem leu o livro, sabe que Don Quixote não luta de verdade contra rei nenhum. É apenas um cavaleiro errante, buscando (re)conhecimento e lutando conta um inimigo muito mais difuso e perigoso: a vilania.

"A Hora do Trem Passar" (Raul/Paulo)

Nesta balada Raul fala sobre a zona do conforto que muitos preferem nem perceber que existe. Uma hora o trem vai passar, e você terá que escolher: "Apagar as luzes, ficar perto de você / Ou aproveitar a solidão do amanhecer / Prá ver tudo aquilo que eu tenho que saber"

"Al Capone" (Raul/Paulo)

Numa faixa bem-humorada, Raulzito tenta voltar no tempo pra mudar a história. O plano é simples: avisar os personagens importantes sobre as esquinas da vida de cada um. Al Capone, o grande mafioso de Chicago, foi preso por tentar escapar dos impostos. Já Júlio César foi assassinado por um grupo de senadores da oposição. Para Lampião (que foi decapitado), o conselho era ir embora daquele lugar, em vez de lutar com as tropas de Getúlio Vargas. Jimi Hendrix devia abandonar o palco "agora", subentendendo-se antes do fim do show, mas na verdade ele morreu em uma festa (na real ninguém sabe direito o que aconteceu). Por fim, Jesus podia ter simplesmente ido embora, ainda mais com 11 discípulos pra ajudar (Judas não conta :) ), mas preferiu ficar, pra desespero do "astrólogo".

"How Could I Know" (Raul)

Outra faixa mais calma, cantada em inglês. Conta-se que existem duas versões dessa música, e a primeira ele teria feito para seu ídolo Elvis Presley. Raul tenta explicar que somos "onipotentes", no sentido de não haver o que não possamos fazer, mas não somos oniscientes. Não podemos saber tudo, mas isso não é problema. Temos que pegar nossos lápis, guitarras e amplificadores e seguir os nossos corações. Buscar os nossos sonhos, sem nos importar se vai dar certo ou não! Como poderemos saber?

"Rockixe" (Raul/Paulo)

Uma mistura de rock com maxixe? Aqui Raulzito enfrenta um inimigo que até então achava ser muito mais forte, mas de repente: "Você é forte, faz o que deseja e quer / Mas se assusta com o que eu faço, isso eu já posso ver / E foi com isso, justamente, que eu vi / Maravilhoso, aprendi que eu sou mais forte que você". Sim, é mais uma paulada na ditadura, que nessa época estava no auge. E os caras não percebiam!

"Cachorro Urubu" (Raul/Paulo)

Aqui, em mais uma letra política, Raul faz uma homenagem a Leonard Peltier, também conhecido como Crow Dog (Cachorro-Corvo - ok, licença poética), um líder indígena norte-americano e ativista da causa indígena por lá. Uma espécie de Chico Mendes ianque. Raul "não tinha como saber", mas poucos anos depois disso, Leonard foi acusado de assassinar dois oficiais do FBI, e foi preso. Já na época falava-se em prisão política, mas o fato de arrepiar os cabelos é que Leonard. Continua. Preso. Até. Hoje. Coisas que aconteceram há muito mas pouco tempo, em um lugar longe mas perto, e por motivos diferentes mas iguais. Um grande paradoxo que faz pensar sobre a repressão, que em quatro décadas não mudou nada. A homenagem fica muito clara nos últimos versos, principalmente o último que ninguém entende: "Eu sou índio Sioux / Eu sou cachorro urubu / Em guerra com os E. U.!" Claro que esses tais E.U. não são ninguém menos que os Estados Unidos...

"Ouro de Tolo" (Raul)

Aqui, em outro dos clássicos imbatíveis, Raul usa a imagem da pirita para falar lindamente sobre algo bem fácil de entender, mas difícil de conseguir: o desapego às coisas materiais. O que torna a música tão linda é que é o próprio Raul falando de si mesmo, depois de começar a fazer sucesso e ganhar dinheiro, percebe que não adiantou nada. Você estuda, trabalha, conquista tudo o que quer, mas no final... e daí? Tudo o que você queria era uma casa, uma namorada e um carro? "Ah, que sujeito chato você é, que acha tudo isso um saco", mas um belo dia você se olha no espelho e vê o quão "grandessíssimo idiota, humano, ridículo, limitado" você é. Ah, mas se o dinheiro não traz felicidade, fique sem ele, pra ver como é! Sim, o dinheiro é importante. Mas não é tudo na vida.

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar o disco nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:


E é isso! No próximo post vamos continuar a sägä raulzística com o álbum Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock. Até lá!