quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Kiss 14 - Creatures of the Night (1982)

Oi, eu sou o Salinas! Depois do sensacional e injustiçado Music from the Elder, o Kiss tenta voltar às suas origens hard. Os fãs já não davam muito crédito pra banda, depois de dois discos mais orientados ao pop e um de rock progressivo. Pra complicar a situação, Ace Frehley resolve sair da banda. Já vinha insatisfeito há tempos com sua posição de "subalterno", desde a época dos solos. A bucha acabou sobrando para Vinnie Vincent, que adotou a persona de "Guerreiro Ankh" (que Paul bolou de última hora) e outros guitarristas que se revezaram nas faixas. E ainda por cima Neil Bogart, o empresário que desde o começo bancou o Kiss (inclusive com dinheiro próprio) resolve morrer durante as gravações.

Mesmo com tudo isso contra, Creatures é um verdadeiro disco de hard rock, do tipo que o Kiss não fazia há um bom tempo. O baterista Eric Carr, com sua influência mais pra John Bonham, substituiu o estilo mais "jazzy" de Criss e isso influenciou no resultado sonoro. Claro que não dá pra voltar atrás: o som ficou mais pra hard rock do que rock & roll. A mulherada tá aí, mas acabou a safadeza, a malemolência... aquilo que os primeiros discos tinham.

Mas foi mais que o suficiente pra se redimir e ficar de bem com os fãs. Este disco teve grande receptividade brazuca, por coincidir com a primeira vinda deles para cá (aqui na íntegra).

"Creatures of the Night" (Paul, Adam Mitchell)

Entrada na bateria, com licks na guitarra. O som de fato ganhou bastante em peso, em nada lembra as baladinhas marotas dos últimos discos. Nós somos as criaturas da noite, que "fogem do dia, buscam uma resposta e mantêm seus álibis". O primeiro solo matador da era pós-Frehley não ficou menos matador por isso! E sem aquele perfume de motel.

"Saint and Sinner" (Gene, Mikel Japp)

Gene, pra variar um pouco e manter a pegada pauleira, resolve terminar com a mina logo de saída, com sua versão do "o problema não é você, sou eu". O baixo tá lá pulsando, mas sem essa de "batida lenta e arrastada", a pegada da música combina com as demais faixas, sem demoniquices desta vez.

"Keep Me Comin'" (Paul, Mitchell)

Uma das poucas faixas mais sensuais do disco. Paul usa todo seu carisma, charme e borogodó pra deixar a gaja à vontade e ela finalmente "deixar ele entrar".

"Rock and Roll Hell" (Gene, Bryan Adams, Jim Vallance)

Agora sim o demônio apareceu com sua famosa batida lenta e arrastada! Muita polêmica já rolou sobre esta letra: se Gene estava contando a história do Frehley já putaço e querendo sair, ou se era ele próprio, Gene, que queria sair da banda! (nesta época ele estava dividido entre vários outros projetos, que incluiriam uma carreira no cinema, felizmente curta). Mas o co-autor Jim Vallance explicou esta história: era uma canção originalmente escrita para o BTO, e Gene se interessou em gravá-la com a condição de incluir "um verso extra" para levar uma parte dos crédito$.

"Danger" (Paul, Mitchell)

Minha faixa favorita do disco! É uma das faixas mais pesadas, do tipo que eles estavam devendo há tempos. Paul dá mais detalhes sobre sua vida de criatura da noite, acostumada ao perigo, ao fio da navalha, "com a vida nas mãos, lutando sozinho". Mas sabendo que a recompensa é proporcional ao risco...

"I Love It Loud" (Gene, Vinnie)

Gene lança um dos hinos "lados B" do Kiss. Essa multidão gritando "hey hey hey hey, yeah", na famosa batida lenta e arrastada, é inconfundível! Basicamente é o demônio abrindo suas asas individualistas: "aumente aí, sou culpado até que se prove a inocência, quero ser o presidente". No final em fade, a música vai, mas depois volta mais um pouquinho... é pra grudar mesmo!

"I Still Love You" (Paul, Vinnie)

O momento ~love ballad~ do disco. Andamento bem lento (talvez até demais: a faixa ocupa 6:16), Paul está tristão. A mina deixou ele, e só agora ele percebe o que está perdendo. Ele sabe que deve "tentar entender e aceitar como um homem", mas que fique bem claro: "ainda amo você"!

"Killer" (Gene, Vinnie)

Pensando bem, esta é a minha faixa favorita do disco! Pegada bem hard rock, quase heavy metal: com certeza tem dedo do Eric nesta... me fez lembrar da Highway Star. Gene anda apaixonado por uma mina, mas descobriu que ela curte uns lances diferentes: lâminas, dor, salto-agulha, submissão... na época era meio pesado falar em BDSM (18+) assim abertamente, então ele preferiu dizer apenas que ela é "matadora, fria como pedra".

"War Machine" (Gene, Adams, Vallance)

Gene fecha o disco com mais uma batida lenta e arrastada. Gene é uma "máquina de guerra", sem leis ou autoridades. Quer fazer tudo do seu jeito e dominar a tudo e todos. E no último verso um inesperado lampejo de filosofia... "sua liberdade é só um estado mental". Isso vindo do ultra-individualista, capitalista e republicano Gene Simmons, é no mínimo pra ficar pensando...


Mais infos sobre o álbum, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:



E é isso!


2 comentários:

  1. Meu favorito!
    Reza a lenda que eu pedi esse disco de presente pro meu pai, quando eu tinha 3 anos de idade (ou seja, em 1983), e ficava imitando o Gene, com a língua de fora quando tocava "I Love It Loud".
    Pode isso? kkkkkk

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  2. Música com Bryan Adams???? Sério mesmo???

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