Por Leo Dias
Prazer, eu sou Leo! ;) Já
tive dois blogs que cobriam a cena roqueira de Indaiatuba e região, o Indaiá
Rock Zine (2009-2011) e o Rock Your Head (2012-2014). Nem lembro exatamente
como aconteceu (rs), mas estou aqui a convite da galera do Disco a Disco, e vou comentar a discografia de uma das bandas mais
influentes do cenário Punk Rock depois dos próprios Ramones, os criadores do
estilo. Com vocês: Bad Religion! É
minha banda favorita, o que facilita na hora de comentar a discografia inteira,
já que é quase uma rotina em minha vida ouvir todos os discos deles, pelo menos
uma vez por semana.
Formado em 1979, em Los Angeles,
Califórnia, pelo vocalista Greg Graffin e pelo guitarrista Brett Gurewitz, o Bad Religion foi uma das bandas mais
influentes (senão a mais influente) do que pode ser chamado de “2º revival do
Punk Rock”, quando o Green Day e o The Offspring estouraram nas paradas
americanas em 1994, bem naquele momento em que a indústria musical e os fãs de
músicas rápida e energética clamavam por algo para lavar a alma após a trágica morte
de Kurt Cobain, que, por consequência, matou (comercialmente) o que era chamado
de “Grunge”... Poucos sabem, mas a banda que fomentou a maior parte dessa cena
de onde vieram as bandas de Billie Joe e Dexter Holland foi o Bad Religion.
Bad Religion em 2013 |
Seja no lado musical, com a introdução das melodias e métricas do Pop e dos
“coros de coral” no meio da massa hardcore, seja no lado estrutural/empresarial
(mas ainda com cara de “do-it-yourself”), com a gravadora independente Epitaph,
fundada em 1980 pelo guitarrista Brett Gurewitz (ou Mr. Brett), para lançar o
primeiro EP da banda, simplesmente intitulado “Bad Religion”, que deu início à
discografia de mais de 16 álbuns de estúdio, 2 EPs, 2 ao vivo, 4 coletâneas, 24
singles e 5 home-videos, em pouco mais de 35 anos (!!!) de carreira (com um
breve intervalo de 3 anos no meio dos Anos 80, para que o vocalista Greg
Graffin terminasse seu mestrado – ele é PhD hoje em dia, e leciona na
Universidade de Cornell...).
Pode creditar aí: além de Green
Day e Offspring, tem também o NOFX, o Rancid, o Millencolin, o Blink-182, o
Pennywise, o Sum-41, o CPM-22, o Dead Fish (sim, pegou aqui no Brasil
também...) e mais uma infinidade de bandas que devem muito ao Bad Religion por
ter criado essa estética de “Punk Rock com melodias”, que acabou sendo o grande
“must” entre os jovens fãs de música no fim dos Anos 90!
Bad Religion apresentado, agora é
hora de começar. Com vocês, a estreia deles, o “Bad Religion - EP”:
Bad Religion - EP (1981)
Nota: 5
O que esperar de moleques de 16 e
18 anos tocando Punk Rock numa garagem fedida de suor? Música cheia de energia,
cheia de furor, cheia de rebeldia sem causa e... Ops! Sem causa, não! Se tem um
campo em que o Bad Religion pode se orgulhar de se destacar é por fazer letras
contundentes e absolutamente conscientes do mundo à sua volta!
Na idade em que estavam e do meio
em que vieram, eles podiam tranquilamente fazer as 6 músicas de seu EP de
estreia sobre como xavecar a líder de torcida bonitinha, ou sobre como o sol da
Califórnia brilha bonito no corpo da universitária, mas eles, punks que eram,
escolheram falar de temas como “religião”, “política”, “governantes inúteis”,
“stress”, “suicídio por descrença na sociedade” e “guerras”, e de uma maneira
que deixaria seus pais chocados com tamanha noção da realidade cruel em que
vivem e pela maneira que a descrevem nas letras.
O lado A, abre com a homônima “BadReligion”, que ataca as religiões, as comparando com uma fábrica, onde tudo
funciona precisamente para manter os funcionários/fieis alienados e na linha. O
riff de abertura de Brett Gurewitz é marcante, mas a música se perde numa
confusão cromática que desenvolve até chegar no refrão e fica estranha. Nessa
época, a banda ainda não havia desenvolvido sua capacidade de passear nas
melodias pops e, além disso, o vocalista Greg Graffin ainda estava com sua “voz
de adolescente de 16 anos em desenvolvimento” e berrava de maneira bem
esganiçada...
BR-81:Greg Graffin (v), Jay Ziskrout (d), Mr. Brett (g) e Jay Bentley (b) |
O play segue com o hardcore
“Politics”, com a banda atacando os governos e chamando o presidente de
“idiota” (jerk). Depois o “alvo” da fúria dos jovens da “má religião” é o
stress, com a crítica e alegrinha “Sensory Overload”, onde reclamam por estarem
com seus sentidos sobrecarregados de tanta estupidez da sociedade.
O lado B abre com a mira apontada
novamente para os políticos, com a pogante “Slaves”, marcada pelo baixo de Jay
Bentley e pela batida mais “ramônica” do então batera, Jay Ziskrout. Depois o
clima fica bem pesado com a tensa e lenta “Drastic Actions”, onde Graffin
relata uma cruel realidade com um crescente número de suicídios por descrença
na sociedade. Pra fechar, eles pisam novamente no acelerador, com a hardcore de
54 segundos “World War III”, onde já previam, em 1981, que o imperialistmo
americano os levaria a mais guerras sem sentido.
Assim como ficou costumeiro no
decorrer da discografia do Bad Religion, a composição das faixas é divida entre
Graffin e Mr. Brett. Apesar de que neste EP as músicas pareçam muito entre si,
o estilo de composição de Graffin é mais “nerd” e “preciso”, o que contrasta
legal com a “arte musical abstrata” que Brett costuma arriscar, enriquecendo
bastante o catálogo da banda.
DIY: arte do EP com o selo da gravadora Epitaph (abaixo à esq.) |
Como era o primeiro EP, e por ter
sido gravado no Studio 9, um pequeno estúdio de demos alocado no andar de cima
de uma farmácia, o “Bad Religion - EP” é aconselhado apenas àqueles já
acostumados com aquele Punk Rock sujão, que beira o hardcore, sem muito peso, firula
ou produção, onde o que vale mesmo é a mensagem que está sendo passada.
Esse ainda não é o Bad Religion fazendo o som pelo qual ele ficou conhecido e se tornou referência. Era apenas a estreia de mais uma banda de Punk Rock tocando bem rápido, no fervilhante cenário hardcore americano do início dos Anos 80. De qualquer modo, a sementinha plantada nesse cenário germinou muito bem no futuro, como iremos ver...
Escute o EP no player abaixo:
Sensacional. É uma faceta dos caras que eu não conhecia. Genial como muitas bandas começaram assim, com o som cru, e foram se transmutando. Acho isso genial. Belo post! Vlw!
ResponderExcluirValeu!
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