sábado, 8 de março de 2014

Especial Dia da Mulher: Shirley Manson - Garbage (1995)

Fala galera, fui convidado a participar deste excelente blog a poucos dias. Já estava preparando um post sobre uma banda que eu adoro, quando me avisaram que nossa equipe estava se preparando para escrever sobre artistas femininas. Uma homenagem ao Dia das Mulheres.

“Os novatos não precisam se preocupar em participar deste especial, já que chegaram encima da hora e talvez não de tempo”. Realmente (infelizmente) não tenho muito tempo de sobra, mas pensei “foda-se, porque não?”, nem que eu fosse o ultimo (e provavelmente serei) a escrever e publicar um texto neste especial.

Deixei meu post inicial de lado e comecei a escrever este aqui. O problema era sobre quem escrever? Há inúmeras mulheres que revolucionaram a musica, inclusive o rock, meu gênero musical favorito.  Estas mulheres abriram caminho em espaços dominados por homens (e quais espaços não são?) e mostraram seu talento. Temos desde a pioneira Patti Smith no punk a Angela Gossow mostrando que uma mulher sim, pode ser vocalista de Death Metal. Tantas grandes mulheres e tão pouco tempo. Por fim resolvi me focar nos anos 90. Duas grandes bandas com vocal feminino revolucionaram o rock/pop rock/alternativo nos anos 90. No Doubt e Garbage.



Escolhi neste post falar da Shirley Manson, do Garbage. Shirley é uma escocesa nascida em Edimburgo (1966), filha de uma cantora, desde cedo teve contato com a arte. Além de ser vocalista do Garbage, ela é atriz e foi modelo.
Na adolescência ela teve problemas com bullying, chegando a ter depressão. Por fim conseguiu conforto saindo com uma galera mais alternativa e adquirindo uma postura mais agressiva de comportamento.

(Só um adendo: Bullying, assim como toda forma de preconceito, é uma coisa horrível. E é uma pena que grande parte das pessoas, algumas das mais brilhantes, tenham sofrido com isto na infância e adolescência. Principalmente as mulheres, que além de sofrer com o machismo do dia a dia, ainda sofrem quando são vistas como diferentes, ou fora de um padrão pré-estabelecido na escola e na sociedade. Vejo muita gente dizendo “ah mas naquela época não tinha bullying, era brincadeira, ninguém levava a serio”, sim, as pessoas levavam a serio. Só porque não havia um nome para isto, não significa que este comportamento não existia. Há registros de bullying de décadas atrás até hoje. Seus filhos podem estar sofrendo com isto. Então fiquem atentos galera e eduquem as crianças a respeitar as diferenças, gêneros e opções sexuais alheias. Esta é a melhor forma de extinguir este comportamento triste e prejudicial, do futuro).


Ela, logo no primeiro álbum da banda esbanjou não só talento, mas uma presença de palco e carisma que conquistou o mundo. Seu vocal é ao mesmo tempo doce e agressivo, provocante e imperativo, como se estivesse começando uma briga, provocando o ouvinte a questiona-la... E quem iria questionar aquela ruiva, dizendo de forma convicta “I came around to tear your little wold apart” ??



Além da sua postura, tanto na voz quanto no palco, ela inovava na maquiagem e figurino em uma época em que os artistas não tinham acesso fácil a um figurinista e etc... Um artista ia ao palco e improvisava, fazia seu show da forma que achava melhor, sem ter decorado suas falas e movimentos com antecedência.

Recentemente (2012) ela parou um show, pois viu um rapaz agredindo uma garota, entre o publico. Deu bronca no cara ao vivo e só voltou a tocar quando ele foi retirado pelos seguranças. Mostrando sua postura a respeito da violência contra a mulher. Ela também participa de campanhas de cunho social, como campanhas para doações de apoio aos portadores de HIV.

Enfim, vamos ao que interessa... A musica. Vou resenhar o primeiro Album do Garbage. Album homônimo de 1995 que vendeu mais de 3 milhões de copias em todo o mundo.

O álbum abre com esta musica, sobre uma mulher super controladora, uma verdadeira dominatrix. Ela sabe sobre o seu controle, sabe da obsessão que o outro tem por ela, e vai alimentar esta obsessão, mantendo seu controle. Ela ainda diz que tem amantes... A letra perturba e o vocal da Shirley da mais credibilidade ao som. Realmente parece que ela esta falando serio com você. Ao mesmo tempo em que a letra é tensa, falando de controle e obsessão o instrumental toca uma melodia que como a maioria das musicas do álbum, não sai da cabeça. Fora o lance das pausas de silencio absoluto. Isto aconteceu por engano enquanto gravavam, mas eles gostaram do “efeito” e usaram no som finalizado. Este esquema de a musica tocar dai silencio, em seguida ela recomeça, tornou a canção única...

And I'll feed your obsession
The falling star that you cannot live without
I will be your religion
This thing you'll never doubt
You're not the only one, you're not the only one"


“Bow down to me, bow down to me"

(“Eu alimentarei sua obsessão, a estrela cadente sem a qual você não pode viver, serei sua religião, esta coisa na qual você nunca duvidará. Você não é o único, você não é o único...”. “Curve-se diante de mim, curve-se diante de mim”.)



"Hey boy, take a look at me
Let me dirty up your mind..."


A musica já começa com esta intimação. Shirley dizendo que vai sujar nossas mentes, que vai atravessar nossa fachada e ver o que consegue encontrar...

Esta é uma das minhas musicas preferidas do álbum. Foi lançada em single e fez grande sucesso, sendo considerada “sinistra”, “ameaçadora”, “brilhante”, “um culto a perversão” etc... O clip é quase inteiramente em preto e branco. A Shirley atrai o Fotografo e Diretor Stéphane Sednaoui para um local onde estão os membros da banda, o ataca e o deixa careca, numa perspectiva em primeira pessoa.



A musica ao meu ver fala de farsa, de aparências, de alguém tentando ser quem não é, e da cantora "despindo" esta pessoa completamente...
Este som fez muito sucesso entre a comunidade gay da época, pois pode ser interpretado como se a cantora estivesse dizendo as pessoas para "saírem do armário". Que elas fingem estarem felizes, mas que no fundo, não importa o quanto tentem esconder, elas são gays. Esta crenças foi fundamentada no fato de a palavra "Queer" ser também uma forma pejorativa de chamar uma pessoa de gay lá no USA.

By holding back the tears
Choking on your smile
A fake behind the fear
The queerest of the queer"


(“Enquanto segura as lagrimas, sufocando-se em seu sorriso, uma farsa por trás do medo, o mais esquisito dos esquisitos”)

Por fim, a banda disse que a inspiração inicial para a musica foi um livro que o baterista leu, sobre um menino que é “estranho” (queer) e que o pai contrata uma prostituta para ensina-lo a ser homem... Fica a critério de o ouvinte interpretar o que significa o Queer (estranho) da musica.
Shirley usa um tom autoritário na musica toda, com passagens em tons de raiva (I hate to see you here) e no final, ela usa um tom sedutor, interpretando a prostituta lidando com o garoto (segundo a explicação para a letra)... “You can touch me if you want...”

Outro grande sucesso, foi lançado como single e conquistou todas as rádios na época. A musica é bem dark, fala sobre auto depreciação, sobre a adoração da miséria e da escuridão. Mas de uma forma irônica, celebrando este fato. Este som é um hino para os que se consideram diferentes, que gostam de coisas opostas ao senso comum. Uma oposição a ideia de felicidade imposta pela sociedade.
Também fala de aceitação, no melhor estilo “eu sou assim, sou diferente, fique comigo se você não se importar”.

You can keep me company
As long as you don't care"


(“Você pode me fazer companhia, enquanto não se importar.”)



 Esta musica eu acho que é uma das mais fracas do álbum. É gostosa de ouvir mas o instrumental é repetitivo, então enjoa rápido. A letra é boa, porem é mais falada do que cantada e não tem nada que marque a musica, como acontece com as anteriores.
Gosto do inicio onde ela fala:

Something that you did will destroy me
Something that you said will stay with me
Long after you're dead and gone"


(“Algo que você fez me destruirá. Algo que você disse ficará comigo depois que você estiver morto”)

Esta musica eu acho divertida, empolga, letra simples fácil de cantar, um refrão que apesar de ser repetitivo (“This is not my idea of a good time”) na opinião, não cansa.
A parte da letra que mais gosto é esta:

You thought I was a little girl
You thought I was a little mouse
You thought you'd take me by surprise
Now I'm here burnin' down your house"


(“Você achou que eu era uma garotinha. Você achou que eu era um ratinho. Você achou que me pegaria de surpresa. Agora estou aqui queimando sua casa.”) heheh

Uma delicia de baladinha, com um refrão pegajoso (“Stroke of luck or gift from God? The hand of fate or devil’s claws ?"). Não tenho muito o que falar deste som, a não ser que posso ouvir varias vezes sem enjoar.

Este som é ótimo. Fala sobre vingança, sobre alguém que foi arrasado e esta disposto a dar o troco. Segundo os membros da banda, a primeira inspiração para a musica foi a noticia de uma mulher que volta para se vingar do marido abusivo. E que a musica fala sobre uma pessoa que esta com raiva, quer se vingar, mas que no fundo esta vulnerável. Enfim, a musica é uma das mais “pauleiras” do disco.  
A parte que eu mais gosto, como já citei, é quando ela fala:

I came around to tear your little world apart
And break your soul apart"

(“Eu vim aqui para destruir seu mundinho e quebrar sua alma em pedaços...”)



Quem não ouviu esta musica? Ela tocou em todo quanto é lugar, toca até hoje. Um som que fica na cabeça, que você pode deixar na sua playlist por meses sem nem perceber o quanto já ouviu e cantou. A musica, na minha opinião, fala sobre potencial desperdiçado e sobre pessoas (homens ou mulheres) que fingem ser o que não são, apenas para receber atenção alheia. Eu lembro de garotos que começam a fumar para se mostrarem “descolados”, de garotas usando roupas de “rock” para se mostrarem “rebeldes”. De pessoas tirando fotos no espelho e postando no face apenas para ter muitas curtidas e etc...

You pretend you're high
Pretend you're bored
You pretend you're anything
Just to be adored"


(“você finge que esta drogada, finge que está entediada, você finge que você é alguma coisa, só para ser adorada...”)



Esta musica em minha opinião, fala sobre decepção com uma pessoa. E sobre como não importa o que aconteça há pessoas que parecem não aprender a lição, parecem não melhorar, continuam dando os mesmos vacilos...

Dog new tricks
Nothing you learn will stick
Dog new tricks
You make me feel so worthless"


(“Novos truques a um cão, nada do que você aprende fica. Novos truques a um cão, você faz eu me sentir tão inútil.”)

Outra balada, com um bom refrão que pega fácil, e quando você menos espera esta cantando...

Send me an angel to love
I need to feel a little piece of heaven
Send me an angel to love
I'm afraid I'll never get to heaven"


Curto esta musica, que fala de alguém que não esta em um dia bom. Que esta passando por maus momentos, anda deprimido, as vezes sem nem saber por que. Alguém que esta desesperadamente querendo ser “consertado”.

Things don't have to be this way
Catch me on a better day"

(“As coisas não precisam ser deste jeito. Pegue-me em um dia melhor.”)

Melhor balada do álbum, esta musica é muito bonita e triste, fala sobre perda. Sobre a espera por alguém que provavelmente nunca virá. É a favorita da própria Shirley, neste álbum. É também a musica com a pegada mais eletrônica de todo o disco.

"I'm waiting
I'm waiting for you"




E assim, com a bela e triste Milk, termina o primeiro Album do Garbage. Que lançou a banda para o estrelato, marcou a década de 90 e alavancou a carreira da Shirley Manson.

E pra finalizar, gostaria de deixar de bônus, o link pro clip do She Wants Revenge, onde a Shirley faz uma participação especial, como uma mulher dominadora que passa boa parte do clip chutando os caras da Dupla haha




Este foi meu primeiro post, passei a tarde ouvindo Garbage, tomando coca cola e escrevendo aqui... Espero que vocês tenham gostado. Um grande abraço, não só as mulheres, mas a todos que são a favor da causa feminista. Lembrando que feminismo tem a ver com a igualdade entre as pessoas e não com a supremacia das mulheres ou qualquer tipo de controle e preconceito. 

Especial dia da Mulher - Care Bears on Fire - Get Over It.


Como assim ouso escrever sobre uma banda teen cantando problemas adolescentes no dia internacional da mulher. Calma, deixa pra me bater no fim do post, até lá estará tudo esclarecido.

Primeiro pensei em escrever sobre Amanda Palmer, que além de excelente artista é badass e merecia um post, cogitei tantas outras cantoras e bandas, Emilie Autumn, Tori Amos, Gossip,  Lazygummbrik (que era um tipo de power trio japonês numa pegada Rage Against Machine [que também virou um tipo de AudioSlave {então desisti}]). Até na Doro Pesch eu pensei em escrever.  Meu motivo para escolher o Care Bears on Fire entre tantas opções, não diz respeito a importância para o feminismo ou a música, mas sim em minhas capacidades. Não sou grande coisa escrevendo, e sinceramente, como crítico musical sou uma piada. O que sei fazer muito bem é garimpar, por isso trago a vocês Care Bears on Fire, que até o momento não tem nenhum review da banda ou dos discos em português.

A ideia de mulher como conceito é um grande problema, ser humano é plural, sendo assim, homens e mulheres são plural. Quando escutei Care Bears on fire pela primeira vez, como muita gente, foi no encerramento de um episódio de True Blood, com essa cover do Everybody Wants To Rule The World  do Tears For Fears


Fiquei curioso, dei um search no Shazam (ótimo app pra quem gosta de música) e descobri o Care Bears on Fire. Consegui o disco Getr Over Me. Não é o primeiro da banda, mas é o mais famoso.
Era um som basicamente adolescente, mas já vamos voltar ao disco, mas o que me chamou a atenção era a autenticidade, parecia ter mais densidade que um disco teen Disney qualquer.
O motivo disso é que é uma banda autentica.
A banda começou em 2005, originaria do Brooklyn, Nova York, Seu primeiro disco, I Stole your Animal  é de 2007. Do power trio original apenas o baixista saiu, ficando a vocalista/guitarrista   Sophie e a baterista Izzy. Na época do lançamento do primeiro disco com apenas 13 anos. Por isso a autenticidade, são adolescentes compondo e gravando músicas para adolescentes. Mas no especial da semana da mulher? Sim! como disse, mulheres são plural, Care Bears on Fire é uma ótima obra e inspiração para garotas adolescentes, sei que muito do que CBoF canta já foi superado pelos leitores desse blog, mas quando tinham 15 era importante. Muito bom que exista uma banda que funcione para aquelas meninas que praticamente só acham modelos mais velhas que elas na música, ou modelos da mesma idade mas pasteurizados. É muito raro achar material autêntico dessa idade. Garotas seguindo o melhor da tradição punk rock (punks me odiando em 3, 2, 1...) e colocando nisso o próprio universo, que também é universo de muita garota, que até gosta dos Ramones, mas não identifica seus problemas diários na letra da banda.
Uma nota especial para Sophie, que hoje, aos 20 anos é líder de duas bandas e comanda um zine de moda, feminismo e comportamento. O Care Bears on Fire oficialmente ainda existe, mas não lança nada novo desde 2013. o Projeto novo de Sophie e Izzy, Claire's Diary, está indo bem e quem sabe não rola um post sobre ele no futuro.
Links:
Pretendia começar do primeiro disco e fazer a discografia completa, mas a situação atual não me permite gastar 25 paus no itunes store para comprar o primeiro disco da banda. Sem mais delongas, o disco: Get Over It.  

1- Pleaser: Música sobre uma garota que se anula para agradar e ser aceita, traí confianças, faz fofoca e outras coisas para se enturmar. She's the pleaser .  Batida pop punk bem tocada e vocal clean da Sophie, backing vocal da Izzy. 3 acordes e letra simples, no espirito do your self, incluindo o clip estilo power point.
2-  Superteen: Numa pegada levemente vintage, com uuuus no backing vocal e uma batida mais anos 60 ou 70 super teen começa falando de consumismo, na melhor tradição punk, mas quando se espera que a letra vai para algo mais socialista, a coisa dá uma virada e vem algo do tipo, guarde seu guarde seu dinheiro, causar inveja não é mais legal, não são mais os anos 80. Sim, leitores, uma música adolescente sobre poupar dinheiro e ser você mesmo. O mundo é um lugar bem complicado agora, o living, die young nem faz mais sentido.  E mais um clip tipo power point, reparem que são clips oficiais da banda.

3- Everybody Else: Uma música simples no melhor estilo punk rock, a letra sobre não ser como todo mundo, fazer o que se quer e pegar a guitarra e começar a tocar. Punks, vocês ganharam está aqui a prova, mesmo que os mais xiitas odeiem. A letra é simples e obvia? Sophie escreveu essa música aos 11 anos de idade. ela está no EP, primeiro disco e nesse aqui também. O clip é bem legal:
4 - Barbie eat a Sandwich: Musicalmente acho essa um pouco melhor que as anteriores, numa pegada já um pouco mais punk. A letra é sobre o modelo perfeito para as garotas, a Barbie, que não tem conteúdo, é perfeita, mesmo sendo feita de plástico. A vocalista oferece um sanduiche para a Barbie, antes que ela morra. Ou pelo menos uma maçã.
O clip já é clip de verdade: 

5- My Problems: Uma música sobre problemas que não eram problemas. Cabelos alinhados, dentes retos, pele lisa não eram problemas até todos dizerem que eram problemas. A música questiona: Será q mais alguém tem esses problemas q me deixam tão triste? A conclusão  que  não são problemas, que só são assim. Mais uma letra que aos 20 e poucos em diante pode parecer supérflua e aos 15 faria diferença pra muita gente. Mais clip de power point:

6- Hearts Not there: A primeira baladinha do álbum, mais introspectiva, menos punk e com a letra mais elaborada. Uma música sobre ser usada por um cara que ela estava apaixonada, mas foi uma vez só, não acontecerá de novo. 
Adivinha, ppt clip:
7- Gyn Class Haze: Um problema comum aos adolescentes norte americanos, que todos já vimos em séries e filmes, são as aulas de ginástica. A música é sobre a aula acabar, não leve a aula tão a sério. Uma batidinha pop punk bem legal.

8- Boy Song: A música começa com uma ligação telefônica, a garota liga para o garoto para dizer que ele pode ser bom para todas, mas não é bom o suficiente para ela. A garota que não é popular dispensa o popular da escola. Levada punk.
ao vivo:

9- Get Over It: A música título do disco, estranho não ter um clip além do ppt de sempre. Pegada punk, um guia de se recuperar do relacionamento que acabou. "você sabe que é mais forte". Conselhos do tipo, supere isso, não mude para agradar.

10- Violet: Essa música já é mais puxada para o indie, já tem mais a cara do Claire's Diary que viria a seguir. A letra é sobre Violet, já não é tão obvia, a música já é mais elaborada e com variações que as outras músicas do disco.
mais ppt

11- Met You on MySpace: É engraçado como uma música de 4 anos atrás de uma banda adolescente pode parecer tão datada, mas o mundo é isso minha gente, complicado e rápido, sem lugar para lamentar. Na verdade a música é de 2007, ela também estava no primeiro disco da banda. Vamos para a música: Uma batida pop punk legalzinha, agora a letra... tá eu não sei exatamente qual é o sentido aqui. Conhecer um unicórnio no myspace. Pode ser tanto uma brincadeira com myspace e unicórnios (meados dos anos 2000 foi a época dos unicórnios na internet), ou uma letra tipo pedobear alert.
12- You can´t make me: Mais uma música de pegada punk e sobre relacionamentos, a garota sempre está no controle da situação, e não mudará nada pelo garoto.

13- only Know By Name: Essa música tem pausas para diálogos e a melodia bem variada, uma das 3 mais trabalhadas do disco. Ela só conhece ele pelo nome, mudou, vendeu-se, mais tema punk recorrente.
ao vivo:

14- Song About You: Um som sobre você, nunca escuto  oque eu digo, uma música bem legal pra fechar o disco. Uma música punk sobre relacionamentos, sobre escutar o que fala e dar importância.
mais um ppt e chaga:

Considerações finais: É autêntico, passa uma boa mensagem para o seu público alvo, garota adolescentes, tem uma pegada moderna com toda a raiz que o punk e o rock plantaram. Antes de rotular, pense: Sou o público alvo?
Uma boa opção cheia de atitude para garotas, e é para isso que arte, artistas e histórias existem, para identificarmos com elas e tirarmos o melhor da situação. Discorda? Vai discutir com o Joseph Campbell.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Especial Semana da Mulher: Esperanza Spalding - Esperanza (2008)

Oi, eu sou o Salinas! E esta é a minha contribuição no primeiro Especial do Blog Disco a Disco, mandando um salve a todas as mulheres! E vou homenagear a jazzíssima, baixíssima, cantoríssima, cabeludíssima e gatíssima Esperanza Spalding. S2

Nascida em Portland em 1984, é considerada a maior revelação do jazz nos últimos tempos, cantando e tocando baixo, tanto upright como elétrico.

Sua discografia começou em 2006 com Junjo. Em seguida vieram Esperanza em 2008, Chamber Music Society em 2010 e Radio Music Society em 2012.

E é esse segundo disco, Esperanza (2008) que iremos comentar faixa a faixa. Esperanza continua desfilando seu baixo e sua bela voz, com regravações de clássicos tupiniquins no início e no fim do disco, em perfeito português. E em várias outras faixas vemos influência da bossa-nova e do samba, embora também tenha bastante fusion, ritmos latinos e claro, jazz. O disco mantém aquela levada morna, jangadeira, que deságua num jazz lento e gostoso, uma chuva leve refrescando o entardecer à beira-mar. As letras em geral falam sobre relacionamentos: uma mina dessa não aceita qualquer um como namorado...

"Ponta de Areia" (Milton Nascimento, Fernando Brant)

O som começa alegre, brejeiro, e ao mesmo tempo melancólico. Esperanza, num português perfeito, fala sobre a estrada de ferro Bahia-Minas, que em certa época trouxe algum progresso para o norte de Minas Gerais.

"I Know You Know"

Uma das minhas favoritas do disco. Aqui a pegada mais jazzy, já desde o primeiro groove malandro no baixo, com aquele cheiro inconfundível de bossa-nova. Esperanza manda o papo reto: pára de disfarçar e faz alguma coisa logo!! Porque "ela sabe que você sabe" que ela tá louca por você...

"Fall In"

Uma mais lentinha e romântica, só no piano e voz. Não tenha medo de se apaixonar pela Esperanza...

"I Adore You"

Neste instrumental volta a boa e velha brasilidade, logo na percussão inicial. A influência da música negra aparece nos vocais femininos e melismas, mas mantendo as dissonâncias jazzísticas.

"Cuerpo y Alma (Body & Soul)" (Edward Heyman, Robert Sour)

Agora um jazz pra Herbie Hancock nenhum botar defeito, com levada focada no baixo. Esperanza, agora cantando em espanhol, foi abandonada por seu amor, "seu corpo e alma". Solinho violento no piano!

"She Got to You"

Outra das minhas favoritas do disco, a progressão de acordes é simplesmente sensacional, acompanhando o solo de sax. Esperanza lembra o quanto o romance de vocês dois era quente, até que essa outra garota "grudou em você".

"Precious"

Outro jazz mais lento e calmo, focando no baixo e bateria. Esperanza se cansou de tentar parecer outra pessoa, já que você pelo jeito não estava contente com ela como ela é. A corda esticou até onde deu: "It takes more than pressure to change rock to diamond / Now all you have is sand / Slipping through your fingers".

"Mela"

Outro instrumental, começando com vocais em melisma dobrados no naipe de metais, que depois vão pra um solo jazzístico daqueles, com direito a um agudo solo vocal de Esperanza no final. Muitas tensões e dissonâncias, o melhor do jazz está aqui.

"Love in Time"

Depois da loucura da faixa anterior, um descanso numa faixa mais maneira. Esperanza não quer ter pressa, acha melhor dar tempo ao tempo, pois o amor é algo que se constrói a longo prazo: "Like charm wit and beauty / Our youth made us seek them / But in truth we don't need them / We're in love, so let's take our time."

"Espera"

Outro jazz com harmonia mais tensa, com alguns grooves deliciosos entre os versos. Esperanza faz jus ao nome, num discurso esperançoso sobre um futuro de paz entre os homens, e da dificuldade de se chegar a essa paz. O peso é grande, e a mudança tem que partir de cada um. Mas "eu quase acredito... bem, eu acredito".

"If That's True"

Outro instrumental jazzístico, com toda aquela loucura batera / sax / baixo.

"Samba em Prelúdio" (Vinícius de Moraes, Baden Powell)

E pra fechar com chave de ouro, Esperanza regrava este clássico, saudosa do seu amor que se foi. Intimista, só no baixo fretless e voz, com um violão lá no fundo.

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:



E é isso... até mais!

quarta-feira, 5 de março de 2014

Especial Semana da Mulher: Miriam Batucada, "Amanhã Ninguém Sabe", 1974

Miriam Ângela Lavecchia, brasileira de origem italiana, nasceu e cresceu no bairro da Móoca, em São Paulo. Eis o principal motivo de ter escolhido ela como homenageada, tenho uma forte ligação com aquela região, tanto familiar quanto "mística" (rs). Dali também saiu um dos maiores grupos vocais da MPB, os Demônios da Garoa, que uniram o típico sotaque "mooques" com o linguajar popular dos engraxates do centro. E Miriam não era diferente, o sotaque é inegável e também é marcante no seu cantar. Mas a grande marca registrada seria o batuque mesmo, que ela aprendeu quando criança.

E desde criança ela se envolveu com música, cantava de tudo, aprendeu o violão e a harmônica (tipo sanfona, não gaita) e diversos outros instrumentos. Cantava nas festas e concursos de calouros do bairro. Foi revelada ao público em 1967, numa participação explosiva no programa do Blota Jr, na TV Record, onde ela tocou todos os instrumentos que estavam no palco (lembrando que na época a Record era líder de audiência). Dai pra frente vieram convites de todos os lados, shows e programas de TV, inclusive fora do país.

Apesar de tamanho sucesso, Miriam gravou apenas dois LPs, um em parceria com Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Edy Star (esse mesmo, muito bem comentado pelo Sallinas aqui no Blog) o "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista", e o outro é este aqui que eu vou comentar agora, "Amanhã ninguém sabe", de 1974.




"Amanhã Ninguém Sabe" foi  lançado pela Continental, e reúne alguns grandes clássicos do samba interpretados pela voz poderosa da Miriam Batucada. Contém ainda uma composição autoral, a faixa "Você é seu melhor amigo". Como na maioria das faixas o samba impera, vou focar os comentários na interpretação da Miriam e referenciar os compositores, além de citar outras interpretações consagradas, ok? Vamo lá:

Miriam começa o disco batucando nas mãos e unindo dois grandes clássicos, o primeiro de Zé Maria e Alvaiade, e o outro de Pereira da Costa. "O que vier eu traço" fala da facilidade de sambar e tocar o samba, da malandragem, da mulecagem, resume a Miriam, na verdade. Tem uma ótima interpretação também da Baby Consuelo"Teco-Teco" lembra da infância falando das bolinhas de gude. Essa também tem diversas interpretações ótimas, ouça aqui. Imagino a "muleca" Miriam brincando com os meninos do Móoca. Interessante essa mistura bem autobiográfica das músicas, sua postura diferente, da menina que "não fazia roupa de boneca nem fazia comidinha". Genial. Logo de cara Miriam diz quem é e pra que veio.

A faixa original de Pedro de Sá e Ary Machado Pavão é bem tristonha, no melhor estilo seresta a meia luz, de baixo da janela da amada, hahaha. Miriam resgata esse sentimento numa interpretação que começa lenta, deprê, mas que não demora muito já se transforma num sambinha. A voz dela está demais nessa faixa. Outra interpretação bonita dessa canção é da dupla Pena Branca & Xavantinho. A letra é um apelo pra "formosa morena" deixar a cidade e voltar pro campo. Linda, linda.

Sambinha crônica de Sá Roris e Leonel Azevedo, mais conhecido pela interpretação do sambista Almirante. A letra é genial, conta a história de alguém doente que "com medo de fazer despesa" não vai ao médico. A narrativa é genial, e lembra bastante algumas músicas de Noel Rosa, como o clássico "Conversa de Botequim". Uma das minhas faixas favoritas, que na voz da Miriam ficou ainda melhor, mais "paulista", por mais que a história se passe no Rio de Janeiro, rs.



4. Felicidade
A consagrada canção do gaúcho Lupicínio Rodrigues foi repaginada aqui, com um arranjo mais bossa nova, pianinho jazzy, guitarra e tudo mais. Miriam mostra mais uma vez que sua voz se encaixa melhor nas "lentinhas", românticas, choradas. Uma excelente interpretação de um grande clássicos: não tem como ser ruim. E essa letra então: "Felicidade foi se embora, E a saudade no meu peito ainda mora, E é por isso que eu gosto lá de fora, Porque sei que a falsidade não vigora".

5. Meu Romance
Sambinha sem tirar nem por, escrito por J. Cascáta, fala basicamente sobre um romance que começa ali "embaixo daquela jaqueira" e que muda por completo a vida do narrador. Aqui o batuquezinho da Miriam reaparece pra fechar a faixa. A canção ficou mais conhecida na interpretação do Orlando Silva.

http://www.youtube.com/watch?v=N4EmHARz2Zg

6. Você é seu melhor amigo
Aqui a Miriam ataca de compositora com a música com a mensagem mais forte do disco, de auto-confiança, empoderamento, independência e liberdade individuais. "Você precisa aprender a se amar, Você precisa viver bem com você, Olhar pra dentro sem ter medo de se enxergar, Criar coragem, só contar com você". Extremamente inspirador. Mostra de fato a mulher moderna e independente que era a Miriam, mesmo sendo de bairro e família tradicionais.



7. Eu quero botar meu bloco na rua / Amanhã ninguém sabe
A faixa mais audaciosa, união de dois gênios da MPB, Sérgio Sampaio e Chico Buarque. Sérgio foi companheiro de Miriam na "Grã Ordem" e ela gentilmente lhe homenageia cantando o maior clássico dele, tudo a ver com esse carnaval (que já foi, aliás...rs), numa interpretação tão dramática quanto a original. A canção de Chico é não menos genial, mas aqui a Miriam faz uma versão mais tranquila que a original, mais romântica. Perfeita síntese ela fez aqui, com a célula rítmica da música mudando na passagem de uma canção pra outra. Ficou perfeito.

8. Acertei no Milhar
Sambinha delicioso, composição genial dos sambistas Wilson Batista e Geraldo Pereira, mais conhecida pela maravilhosa interpretação do carioca Moreira da Silva, no mesmo estilo "crônica" de "Apanhei um resfriado". Aqui, o narrador "ganha no milhar" (jogo de azar) e decide mudar de vida, quebrar os móveis, comprar coisas caras, enfim. É hilário. Esse estilo de escrever samba é muito criativo, e dá espaço para momentos "cênicos" no meio da faixa, tanto na original quanto na interpretação da Miriam.

http://www.youtube.com/watch?v=a2DGUc7VKVE

9. Você vai se quiser
Clássico do Noel Rosa, aqui interpretado com muita graça. A letra fala de um marido que não quer obrigar a mulher a trabalhar, mas também reclama dela não trabalhar. Uma mensagem curiosa, principalmente pensando na época que foi escrita pelo Noel. Bacana que aqui tem tipo uma guitarrinha complementando a harmonia, algo bem diferente do que se ouve na maior parte do disco.

http://www.youtube.com/watch?v=QIJQOzCQe8I

10. Tudo em P
A minha faixa favorita. Adoro essas letras escritas em aliteração. O título da faixa diz tudo, praticamente a letra inteira tem palavras que começam com a letra P. É genial demais, não só pela figura de linguagem mas pelo sentido da narrativa, que não se perde. Essa pérola foi composta por Jorge Nóbrega e Ângelo Dalerte, também eternizada na interpretação do Almirante, um chorinho maravilhoso. A faixa mantém o bom humor das anteriores e é maravilhosamente cantada por Miriam (baita letra difícil!).


11. Conversa de Samba
Mais uma ousadia da Miriam nessa faixa, que começa com um toque "rockabilly", bem no espírito da Jovem-Guarda, uma provocação claro, afinal a letra é uma exaltação ao samba ("Isso é conversa e com, conversa não me iludo, Pois o samba está com tudo, Viva o samba que é o maior").  E essa brincadeira continua durante a faixa toda. Sensacional. A composição é de Denis Brean e Oswaldo Guilherme.

12. O Show Já Terminou
E o disco termina com um joia da dupla dinâmica da Jovem-Guarda, Roberto e Erasmo Carlos. A dupla compôs essa canção em 1976, e se você não conhece, vale a pena ouvir também a original, gravada por Roberto. A letra é bem triste, uma desilusão amorosa, consequentemente a música é linda, e a Miriam não faz feio, interpreta maravilhosamente esse clássico, com energia, a voz mais poderosa que nunca, com sua roupagem de sambão swingado, mas também triste e dolorido. Maravilhoso.

http://www.youtube.com/watch?v=xKSqjIu3COw


E assim termina "Amanhã Ninguém Sabe". Fico muito feliz de poder discografar a Miriam Batucada, admiro muito o trabalho dela, sua voz e seu talento pra música, sua história de mulher forte e independente. Infelizmente, ela morreu nova, em 1994. Mas enfim, fica ai a minha homenagem ao Dia Mundial da Mulher e a todas as mulheres que fazem música. Lembrando que os títulos das faixas são links pras letras, ok? Infelizmente não achei o disco todo pra ouvir no YouTube, por isso coloquei os vídeos faixa a faixa das que estavam disponíveis. Aqui também tem um link pra baixar o disco em MP3. Valeu!!!

terça-feira, 4 de março de 2014

Novo Blogueiro

Oi pessoal
Sou Victor, o novo blogueiro graças ao Salinas...rs
Quero contribuir para o site com o que eu puder (é pouco, mas vale alguma coisa...rs).
Faço faculdade de Publicidade e Propaganda, e atualmente trabalho em uma gráfica. Tenho um Blog pessoal, que gostaria que todos dessem uma passada se puderem: breadsandcoffee;
Não atualizo há algum tempo o blog, mas pretendo colocar alguma coisa em breve.

Gosto bastante de RPG, card games, ouvir metal core (apesar de ultimamente estar ouvindo outros estilos) e ler.

Espero que minhas discografias comentadas agreguem para vocês de alguma forma.

Grande abraço a todos.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Especial Semana da Mulher: PITTY!

Olá, pessoas! (:

Merecidamente, aí vai a minha edição especial em comemoração, homenagem e apoio ao dia internacional da mulher!
Mas, antes de ir ao que interessa [MÚSICAAA!! \o/], acho importante falar brevemente sobre o tema, não apenas como feminista nata, mas, pra contextualizar essa data ainda hoje tão polêmica... E também te questionar: Qual a diferença entre homem e mulher?
Permita que eu te faça outra pergunta (composta, rs): As mulheres são historicamente segregadas, discriminadas, inferiorizadas... Mas, pare e pense: Por quê? O que todos esses ortodoxos e falsos moralistas tem de concreto, pra definir esse desnível de valores entre os sexos?
Desde que você se entende por gente, você, seu pai, seu avô, seu tataravô e toda essa galera que a gente conhece nas aulas de história, sempre encararam a mulher como “do lar”, incapaz de tomar posições de comando, de ser tão capaz quanto o homem, em todos os aspectos... Bom, sem delongas, é pra isso que serve o dia da mulher: Pra te lembrar de que, independente do que a cultura nos impõe, as mulheres são tão capazes e merecedoras quanto os homens, em tudo! 
E, embora não sejam minoria, tem um histórico até hoje muito poderoso de desvalorização (óbvio que você já ouviu, ou se pegou dizendo: “mulher tem que se dar o valor!”, como se o respeito devesse ser conquistado, enquanto o homem é integro e nobre, até que prove o contrário... ).

Então, fica aí o meu apelo: Seja honesto e igualitário. Não apenas (se é que isso acontece, rs) no dia internacional da mulher, mas sempre. Considere a força da mulher, desde sempre encarregada de cuidar da casa, limpar, deixar tudo em ordem, dar a vida! Cuidar, criar e formar (no sentido de caráter) seus filhos, trabalhar tão arduamente quanto qualquer um, pra ainda hoje ganhar menos, ter menos credibilidade, oportunidades, reconhecimento, respeito, presa a estereótipos medievais... 
O feminismo é isso! Não tem a ver com odiar homens, tem a ver com igualar direitos, conceitos, desconstruir o MACHISMO, este sim, é hostil ao gênero oposto.



Bom, pensando em tudo isso, deixo esse clipe, tanto pra ilustrar o tema, quanto justificar a minha escolha. (:



É isso aí, a minha homenageada é a baiana Priscilla Novaes Leone, libriana, mais conhecida como PITTY! <3

Eu estava numa dúvida cruel entre falar dela, ou da Alanis Morissette (meu primeiro amor platônico – risos) outra grande mulher! Mas por fim, escolhi esse álbum pra homenagear pelo contexto. 
Eu tinha lá meus 13 anos e já era fã da 89fm, ouvia a toda hora... Foi quando ouvi tocar “máscara” e fiquei muito empolgada em ver uma banda com vocal feminino, (o que ainda hoje é a grande minoria) e com uma música tão interessante, mensagem de atitude, fiquei muito interessada na banda e procurei o CD pra comprar. Óbvio que eu não tinha grana pra comprar um original, então comprei pirata mesmo, rs. Eu simplesmente me apaixonei pela obra completa! Cada música. E foi a primeira vez na minha vida que me lembro de ter me convencido de que um álbum era perfeito.


O fato é que o álbum é realmente fantástico! E a Pitty “adentrou” esse mundo “masculino” (considere a maioria dos músicos de rock, e o que essa maioria pensa quando veem/ouvem rock tocado por mulheres) de forma graciosamente firme! A começar pelo título do álbum, inspirado na obra de Aldous Huxley, que já demonstra a sofisticação da influência na composição da faixa-título, a atitude crítica e pegada forte do rock n’ roll, a influência que a obra teve numa época em que nada de novo estava aparecendo e acontecendo, bandas consagradas tentavam sem sucesso se renovar, mas nada de realmente empolgante acontecia...
A estreia foi um sucesso! Produzido por Rafael Ramos, com o som pesado da guitarra de Peu Souza (falecido =/), Joe no baixo e Duda Machado na bateria, com baladinhas mais calmas também, como "Equalize" (parceria da cantora com o ex-guitarrista Peu Sousa), e "Temporal"... Faixas muito originais, temas densos, pela gravadora independente DeckDisk, rendeu mais de 370 mil cópias vendidas, e lançou como single 6 das 11 faixas.
No ano passado o álbum completou 10 anos desde seu lançamento e foi criado um vinil em comemoração, com a bolacha roxa! Muito style.


Em ordem cronológica, foi o terceiro single a ser lançado em radio, e entrou pra trilha da infinita telenovela Malhação. Som pesado, riffs super envolventes e bem dispostos ao longo das “falas” da vocalista... Uma música que fala da evolução interna de uma pessoa, que aprendeu com a vida a buscar dentro de si mesma seus interesses, mas se depara com esse interesse quase mortífero que as pessoas têm sobre a vida alheia, não percebendo que alimentam uma fogueira a qual também estão amarrados...
“Cada um em seu casulo, em sua direção
Vendo de camarote a novela da vida alheia,
Sugerindo soluções/ Discutindo relações
Bem certos que a verdade cabe na palma da mão
Mas isso não é uma questão de opinião!
Isso é só uma questão de opinião.”

Quer final mais filosófico que isso? Rs.

Faixa-título e segundo single lançado do álbum, inspirada no já citado livro "Admirável mundo novo". Rock puro! Crítica nada velada ao sistema capitalista, ao controle que o sistema exerce sobre as pessoas, nos dizendo como ser, pensar, falar, agir, o que ler, comprar, beber... Numa posição em primeira pessoa, como um soldado coagido, incorporado a um exército que ele não escolheu defender.

Enfim, primeiro single do álbum, "abrindo alas" para a banda, diretamente às prateleiras e rádios de rock. Ao mesmo tempo que critica a máscara que as pessoas usam sobre si mesmas, fingindo uma personalidade falsa, que na verdade gostariam de ter/ser, é também um clamor à originalidade e transparência, um grito pelo valor da naturalidade, sem fingimento, nem personagem.

Quarto single do álbum, parceria entre Peu Sousa e Pitty, música de maior sucesso da carreira até hoje. Uma baladinha romântica (a única do CD) que também tem seu lado "heavy". A obra perfeita para um romance perfeito. 

5. O Lobo
Mesmo não sendo lançado como single nas rádios, fez sucesso na trilha da telenovela "metamorphoses" - Rede Record. É um rock bem cru, cheio de ironia, citando Thomas Hobbes, com "O homem é o lobo do homem". Afirmação incontestável, considerando nossa altíssima e incontrolável capacidade de auto-destruição.

Essa é aquela música que soa quando você se lembra daquela sua briga no colégio... Quem nunca? (Se nunca brigou, com certeza ao menos ficou no portão de saída, pra ver o circo pegar fogo...).
Rock rápido, envolvente, chega a dar aquela adrenalina, aquela vontade de entrar no coro "porradaaa, porradaa!!"

Som mais "sombrio" do álbum. Fala de irmandade, de "sentir" ao invés de pensar, de identificação. Me lembra muito In Bloom, a mensagem.

A música mais zen do CD, também não virou single, mas entrou em novela global, ou seja, caiu nas graças do público. E com toda razão, ela é muito linda! Toda harmoniosa, calminha, ao violão, vocal mais comedido, sensível. Retrato da evolução interior, introspecção, paz de espírito, calma. 

Rock mais rapidinho, cru. Não conheço a real inspiração da Pitty pra essa composição, mas meu palpite seria fácil o Clube da Luta, rs. 
"Eu possuo muitas coisas/ E nada disso me possui".

Lançada como websingle. Rapidinha, pegada meio psicodélica com um solinho de cítara, recheada de metáforas. Uma fuga de toda a falsidade e hipocrisia em volta...
"I Wanna be away from here (eu quero estar longe daqui)/ Quando essa bomba explodir!"

 Quinto single nas rádios, música pra pensar na vida, no tempo correndo, uma urgência quase profética! 
"Esse pode ser um último dia de nossas vidas/ 
Última chance de fazer tudo ter valido à pena". 
"Não deixe nada pra semana que vem/ Porque semana que vem pode nem chegar." 
Inevitável ouvir e não pensar no andamento que temos dado à nossa vida, no quanto estamos realizando, dizendo, arriscando o quanto desejamos. Faz pensar se temos feito a vida valer a pena.

Aqui o áudio do álbum completo...


E um viva à força da mulher!! 
Abraço!

domingo, 2 de março de 2014

Kaboom - I Fight Dragons




Voltando par as bandas nerds. Difícil dizer se I Fight Dragons é a banda mais nerd que já escutei, mas certeza que estaria em um Top 5.

I Fight Dragons é de Chicago, começaram em 2008, lançaram alguns eps e um disco: Kaboon, o próximo disco esta sendo gravado. Você pode acompanhar a barrinha sendo carregada no site oficial da banda (tipo especial de jogo de luta).

A banda mistura o pop/rock com música eletrônica, mas não apenas com sintetizadores e batidas digitais, eles usam sons característicos dos jogos de 8 bits, e não pense que é só uns barulhinhos na introdução pra dizer "somos nerds e botamos esse barulhinho de zelda aqui pra provar isso". Não, os sons são parte integrantes da música, é mais um instrumento. E o mais incrível que não é apenas colocado via edição, a banda desenvolveu instrumentos usando joysticks, guitarras de guitar hero, dance pads entre outros pra tocar ao vivo.

Sem mais delongas, vamos a Kaboon de 2011. O disco pode ser baixado do site oficial da banda: http://www.ifightdragons.com/home.html


01 - Fanfare: Uma breve introdução toda em 8 bits que usa a base da música Kaboon. Por essa faixa já é possível imaginar o que vem a seguir.

02- Kaboon: a faixa título do disco. A música começa com o som de 8 bits de base, seguido por guitarras e um 8 bits solando. É, é assim mesmo a coisa. Uma abertura pesadinha, animada e sobre o jogo da vida, escolher um lado, que as coisas um dia dão errado e um dia jogaram a bomba, acho que é uma metáfora típica de quem cresceu na guerra fria. Adoro o vocal distorcido no meio da música.


03- Save the World Get Girl: A minha faixa preferida. começa com o instrumental e solo em 8 bits, o vocal entra contando uma intro cantadinha, ai vem o peso da música, guitarras e 8 bits preenchem a música toda. É a mais empolgante do álbum, a letra é sobre salvar o mundo e ficar com a garota, tema de muitos filmes, mas é um tanto quanto metafórico, algo como dizer para si mesmo que se é capaz. Algo bem nerd eu diria, essa dúvida de existência típica de todos que procuram o escapismo em universos ficcionais. O clip da música é excelente, cheio de referências e easter eggs (cima, cima, baixo, baixo, esquerda, direita, esquerda, direita, B, A, start!)



04- cRaZie$: Começa com uma batida forte, o vocal começa a cantar sobre os loucos voltarem -a vida, essa música abusa dos sons em 8 bits, mais da metade da música saiu de algum Nintendo. Talvez a música mais emblemática no que se trata de som 8 bits, uma boa música para explicar para alguém como é essa coisa do I Fight Dragons. O clip é sensacional, uma paródia de Evil Dead.


05- Gloria (interlude). Toda em 8 bits, lembra a música de fim de fase.

06- My Way: lalalalala, uma baladinha, pelo menos é assim que começa, depois acelera. Os sons 8 bits são menos óbvios mas estão lá na música toda. Uma letra mais adolescente existencial, todos dizem o que ele deve fazer, mas fará do jeito dele, bastante lalalalala. Os sons 8 bits são bem óbvios da metade em diante da música.  Começa lenta, mas empolga.

07- With You: A primeira balada de verdade. fazer música animada com 8 bits é fácil, agora uma balada de violão, voz e Nintendo não é pra qualquer um. Uma música sobre ficar com quem se gosta e aproveitar as pequenas coisas. Não se preocupe tanto, tudo acabará em cinzas, um tanto pessimista. Essa é a única música com 2 vocais e também a única com vocal feminino.

08- Fight For You:  Começa com grave 8 bits de base, solo de mais 8 bits, e vem o vocal e guitarras, começa pesada, mas lenta. Vocal baixo e ele sobe com o resto da música. Eu e você contra o mundo, uma música romântica sobre se lutar por quem se gosta. uma das maiores letras do disco. ótima melodia, na tradição das músicas pesadas e melódicas do rock mais pop dos anos 90.

09- The Geeks Will inherit The World: Essa é a primeira música que conheci do I Fight Dragons e que me fez gostar tanto da banda. O disco volta a acelerar. Uma música de reviravolta, de que o colégio um dia acaba. Aquele geek que você tirava sarro do colegial agora tem os carros, tem o dinheiro. Cada vez que o vocalista diz: We got the Cars, we got the Money tem um barulhinho de moeda do Super Mário. O refrão diz tudo: Os geeks herdarão a Terra. Excelente clip em led


10- Disaster Hearts: Uma balada bem melancólica. começa com voz e piano, e entra o 8 bits, muito encaixado. Preste atenção no som em 8 bits de coração batendo. Uma música sobre se recuperar de desastres e o coração cicatrizar, aceitar que perdeu e continuar vivendo. Talvez a música mais triste do disco.

11- Don´t You: começa com uma intro baixinha em 8 bits, entram os outros instrumentos explodindo. O disco volta a ficar agitado, numa energia próxima a Kaboon, lá do começo. Mas a letra é bem melancólica e desanimadora. Queremos um monte de coisas, fama, dinheiro, amor, sucesso, mas não conseguiremos, pois passamos metade do tempo correndo em círculos. Rezando apenas para voltar, apenas para voltar... Clip feito por fã


12- Working: Começa com voz distorcida. Vai subindo o ritmo, os instrumentos vão entrando e a música chega no clímax no refrão, um longo refrão. A música é sobre o mundo do trabalho, você tirou 10 na faculdade, se formou e está frustrado em acordar, trabalhar, dormir e nenhuma perspectiva. o cantor/narrador vê isso, ele não caiu nessas mentiras. Olhares vazios no trem.

13- Before I Wake: Outra balada melancólica, esta disputa o lugar de mais triste do álbum com a Disaster Hearts. Voz e violão, e 8 bits pra acompanhar, inclusive um tipo de percussão. Amanhã tudo pode mudar, eu posso morrer antes de acordar, então lembre-se tudo que eu disse hoje. Uma música sobre perda, mudanças e lembranças. O 8 bits é muito bem usado, lembrando vários momentos tristes de muitos jogos.

14_ Suburban Doxology: E começa com peso e energia de novo. Adoro a base em 8 bits dessa música. Tem horas que a única coisa que não é em 8 bits é a bateria. Uma música animada sobre como ver o mundo, e se tornar mais irônico. No fundo uma música sobre crescer. Tem uma parte marchinha excelente.

Kaboom vem coberto com uma embalagem colorida, mas no fundo é um disco melancólico e bastante romântico. Não é um disco nerd no sentido de enfrentar dragões, não literalmente pelo menos, mas aqueles desafios da vida que podem ser representados por esse réptil gigante que cospe fogo (ou ácido, gelo, relâmpagos etc.). É sobre relacionamentos, sobre crescer e continuar sendo quem se é, de não se perder no caminho. No fim é um disco sobre as questões da geração dos 30 e 20 anos passam. Um bom disco, autêntico em todos os sentido, inovador e de se escutar no repeat, grande variedade entre as músicas. Altamente recomendável.

Recomendo assinar o newsletter da banda, eles distribuem bastante material exclusivo por lá.

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