quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Kiss 10 - Peter Criss Solo (1978)

Oi, eu sou o Salinas! Em 1978 os ânimos já estavam exaltados dentro do Kiss: Paul e Gene eram os chefões indiscutíveis, assumiam a banda como um negócio, assinavam a maioria das faixas e sempre apareciam mais nos shows, programas de TV, mídia, etc. Ace e Peter, por mais importantes que fossem como guitarrista solo e baterista, não tinham a mesma pegada "comercial" e acabavam ficando sempre em segundo plano, inclusive nos discos, onde tinham pouco espaço para incluir suas canções.

Foi então que Gene Simmons teve a grande ideia de lançar nada menos que QUATRO discos solo, um para cada membro da banda. Nestes discos cada um poderia gravar o quê, como e com quem quisesse. Os quatro discos foram lançados no mesmo dia (18 de setembro), e os fãs se viraram para comprar todos, pois fã nenhum do Kiss se contentaria só com um dos solos. Resultado: Ace e Peter deram vazão à sua criatividade musical (e ainda bem para nós, pois "Ace" é o melhor dos quatro!) e a banda ganhou muito dinheiro!

O disco solo de Peter Criss é inesperadamente bom para alguém que sempre foi visto como o "coitadinho" do grupo. O mais emotivo dos quatro, subalterno apenas cumprindo ordens da chefia, queria ser lugar como compositor e nunca deixavam. Quando saiu seu disco, Paul e Gene fizeram questão de deixar claro que o acharam um lixo, mas a verdade é que o "Peter" não deve nada aos demais solos. Boa parte das canções, do próprio Peter, veio das antigas bandas dele, Lips e Chelsea. Mesmo assim, o disco acaba passando uma sensação de "hmm, tá bom vai, é até um disquinho bom". Mas não tem a paudurescência do Ace, nem a canastrice do Gene nem a paixão do Paul, ah, sei lá...

Talvez por causa justamente dessa publicidade negativa, o disco teve a menor repercussão entre os 4 solos. Mesmo assim, foi o único a ter 2 hits ("You Matter to Me" e "Don't You Let Me Down"), enquanto os demais tiveram apenas um.

"I'm Gonna Love You" (Peter, Stan Penridge)

A batida surpreende a todos logo no começo, bem menos rock & roll e muito mais R & B. Um baixo malandrão e batida no piano dão o tom. Em seguida entra a voz rouca do Homem-Gato, só faltando pedir pelamordedeus pra mina não o largar. E ele consegue a proeza de deixar cair o andamento na faixa de abertura do próprio disco dele! Não, Peter... não é assim...

"You Matter To Me" (Michael Morgan, Vini Poncia, John Vastano)

Um dos hits do disco, e a minha faixa favorita! Fraseado simpático no teclado abrindo a faixa, pra uma levada mansa e amorosa. Backing vocals masculinos no refrão. Peter usa metáforas pra explicar o quanto a mina "é importante pra ele".

"Tossin' And Turnin'" (Ritchie Adams, Malou Rene)

Cover da canção gravada por Bobby Lewis, Marvelettes, e mais tarde por Joan Jett (John Legend também tem uma outra canção com esse nome). Diferente das faixas mais maneirinhas anteriores, os acordes mais graves passam o "noturno" da situação. Solo de sax, back vocals femininos. Woodblocks na bateria simulando um tic-tac de relógio. Peter teve uma noite longa. Não consegue dormir, levanta, acende luzes, vai à cozinha, volta... mas não adianta, fica só pensando na mina e "se revirando" nas cobertas.

"Don't You Let Me Down" (Peter, Stan Penridge)

O outro hit do disco. Batida lenta, romântica, rostinho colado. Outra declaraçãozinha de amor estilo Peter Criss.

"That's The Kind Of Sugar Papa Likes" (Peter, Stan Penridge)

Agora uma mais animadinha. Peter mostra seu lado canastrão. Já tinha dado um pé na menina no passado, mas agora tá afim de novo. "Você é o tipo que açúcar que o papai aqui gosta"...

"Easy Thing" (Peter, Stan Penridge)

Agora uma ~rock ballad~. Peter, o cantor romântico, lembra que o amor é tão difícil de encontrar e tão fácil de perder. Você sentirá que o amor é real, apenas quando o perder. Guitarras lentas, base de strings lá no fundão e backing vocals dão a atmosfera.

"Rock Me, Baby" (Sean Delaney)

Outra animadinha depois da balada, a batida Crissística R & B com piano e metais acompanhando. Peter já sacou a da mina, se escondendo nessas de "não precisar do amor de ninguém", e tá a fim de ~balançar~ com ela.

"Kiss The Girl Goodbye" (Peter, Stan Penridge)

Outra rock ballad lentinha, mas agora só no violãozinho, com umas percussões e back vocals acompanhando. Peter não pode ficar, tem que ir embora mas vai voltar! Dá um "beijo de até logo" na garota, e tenta não deixá-la triste, querendo encontrá-la novamente quando voltar.

"Hooked On Rock N' Roll" (Stan Penridge, Peter, Vini Poncia)

A minha outra faixa favorita! Peter agora não está preocupado com garotas que vêm e vão. Declara seu amor, sim, mas ao rock & roll, aos blues, enfim à música. O melhor da levada Crissística está aqui, enquanto Peter conta sua história desde criancinha, quando foi "vacinado com uma agulhinha e está viciado em Rock & Roll"!

"I Can't Stop The Rain" (Sean Delaney)

E pra fechar o disco, uma última baladinha, outro clássico do Peter Criss. Vê a chuva cair e pensa na mina, "o único amor que teve", que deixou escapar...

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo desta vez vai ficar chupando o dedo, pois não tem no Youtube!

E é isso!


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Kiss 9 - Ace Frehley Solo (1978)

Oi, eu sou o Salinas! Em 1978 os ânimos já estavam exaltados dentro do Kiss: Paul e Gene eram os chefões indiscutíveis, assumiam a banda como um negócio, assinavam a maioria das faixas e sempre apareciam mais nos shows, programas de TV, mídia, etc. Ace e Peter, por mais importantes que fossem como guitarrista solo e baterista, não tinham a mesma pegada "comercial" e acabavam ficando sempre em segundo plano, inclusive nos discos, onde tinham pouco espaço para incluir suas canções.

Foi então que Gene Simmons teve a grande ideia de lançar nada menos que QUATRO discos solo, um para cada membro da banda. Nestes discos cada um poderia gravar o quê, como e com quem quisesse. Os quatro discos foram lançados no mesmo dia (18 de setembro), e os fãs se viraram para comprar todos, pois fã nenhum do Kiss se contentaria só com um dos solos. Resultado: Ace e Peter deram vazão à sua criatividade musical (e ainda bem para nós, pois "Ace" é o melhor dos quatro!) e a banda ganhou muito dinheiro!

Na minha humilde opinião, este é o melhor dos 4 discos solo! Aqui não tem mela-cueca nem canastrice, é só cacetada do começo ao fim! Ace Frehley, o guitarrista bêbado, provou neste disco que, musicalmente, poderia carregar a banda nas costas, se os chefes deixassem. Para a bateria ele chamou Anton Fig, que logo substituiria Peter no Kiss, e mais tarde foi para a Frehley's Comet quando Ace saiu. E no baixo, Will Lee, que também conseguiu alguma fama em outras bandas. O som é o mesmo hard rock do qual o próprio Kiss faz parte, porém com muito mais energia, e sem canalizá-la tanto para o lado sexual. Claro, existem as mulheres, mas Ace (que ganhou esse apelido no colégio por ser ~especialista~ em roubar as peguetes dos colegas) coloca o foco no som, o principal atrativo do disco. "New York Groove" foi um grande hit na época, comparável à "Beth" de Peter Criss. Apenas "I Was Made for Lovin' You" repetiu o sucesso 1 ano depois, em Unmasked.

"Rip It Out" (Ace, Larry Kelly, Sue Kelly)

A primeira faixa já entra com o pé no peito e força total! A distorção nas notas longas, logo no começo, joga a levada Kissística pra debaixo do tapete. Solo matador, com um "bridge" antes na bateria. Ace esculhamba geral com a mina: está cansado dela enganá-lo e não quer mais saber (embora sofra por isso), "I think it's better if we just part and don't say goodbye... I hope you suffer!".

"Speedin' Back To My Baby" (Ace, Jeanette Frehley)

Batida bem marcada no bumbo da bateria, levada estradeira na guitarra. Ruidagem de carros, outro solo matador. Ace saiu por aí com o "rádio no último", pra tentar esquecer a última briga com a namorada. E começa a pensar, eles sempre brigam "quando tudo parece estar bem". Será que deveria parar? Ou dar meia-volta? E no fim resolve "voltar a toda". Essa Jeanette Frehley era mulher dele na época, mas depois eles se divorciaram. (Provavelmente com treta, pois a ex não é sequer citada na Wikipédia...)

"Snow Blind" (Ace)

Levada mais lenta. Como de hábito no rock, várias bandas já gravaram músicas com esse nome, todas relacionadas à cocaína. E com o Ace, logo ele, o bêbado do grupo, não seria diferente: "estou cego na ~neve~, acho que estou perdido no espaço". A dinâmica aumenta no solo, seguido por viradas de bateria.

"Ozone" (Ace)

Ace, o aéreo, andou lendo sobre a camada de ozônio e achou tudo a ver. Outra faixa lenta, falando sobre o ~ozônio~, que ele adora, e que o deixa "alto, voando, e se sentindo bem".

"What's On Your Mind?" (Ace)

Depois de duas faixas viajandonas sobre drogas, a batida volta a subir. Ace, novamente sóbrio, já está com problemas novamente com sua garota. A coisa não tá legal, a sintonia entre eles já não é a mesma. Ace não sabe "o que se passa na cabeça dela", e isso tá acabando com ele.

"New York Groove" (Russ Ballard)

Batida malandra, bumbo marcando as passadas dançantes. O grande hit do disco, até hoje lembrada por lá. Ace ficou muitos anos longe, mas agora, com um "punhado de dólares", voltou ao "balanço de Nova York"! Hoje em dia não parece ter nada tão especial na esquina da "3 com a 53" além de algumas lojas e lanchonetes, mas na época devia ter algum rolê daora...

"I'm In Need Of Love" (Ace)

Batida lenta novamente, com efeitos de reverb e slide na guitarra. Ace está apaixonado e "precisando de amor"... ou estará novamente se referindo aos seus (outros) vícios? Outro solo matador com a dinâmica aumentando em relação ao resto da música.

"Wiped-Out" (Ace, Anton Fig)

Entrada caótica, com bumbo e uma estranha gargalhada. Ace conta a história de quando ele estava numa festa, de boas bebendo, quando apareceram "dois grandes olhos azuis que brilhavam", mas ele estava bêbado demais e não conseguiu ficar em pé pra falar com ela... mas mesmo assim ela topou ir "voar pra outro lugar, a muitas milhas dali, no ~espaço~", se é que me entende...

"Fractured Mirror" (Ace)

E pra fechar o disco, um instrumental. Um sino bem "domingo de manhã após a bebedeira" dá a entrada. O violão fica repetindo um riff enquanto os demais instrumentos vão aparecendo: caixa, uma guitarra distorcida, o baixo, e até um teclado mais pra frente. E no final eles vão indo embora, um a um, até que no fim fica só o mesmo riff do começo, em fade-out...

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:



E é isso!


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

NIRVANA IV – In Utero (1993)


Até algum tempo atrás, não conseguia ter uma opinião fechada sobre o In Utero. E por isso foi tão difícil escrever esse post. Às vezes amava o álbum, às vezes odiava.
Em alguns momentos pensava que parecia uma tentativa de repetir a fórmula de sucesso do Nevermind. Ficava identificando músicas muito parecidas. Às vezes achava tudo muito genial e incrivelmente inovador.
Mas no fundo, é isso mesmo. É necessário tempo pra entender o disco e saber apreciá-lo. Agora, parando para ouvir com mais atenção e buscando conhecer sua história, passei a gostar muito, muito mais. Porque ele provoca essa contradição, mesmo: uma sensação de conforto de estar num lugar conhecido, mas ao mesmo tempo, terrível um estranhamento, e, consequentemente, um deslumbramento.
Bem, há muitas histórias interessantes que circundam a gravação do disco, desde a escolha a dedo do produtor, Steve Albini, e o posterior rompimento com ele, sendo que o álbum acabou sendo finalizado por outro produtor, o Scott Litt, até a mudança do nome da canção Rape me, para "Waif Me", apenas na contracapa do CD, como estratégia para que o álbum pudesse ser vendido em redes como o Wall mart (!).
Mas, como está tudo lá no wikipedia, não cabe ficar repetindo aqui.

O ponto que acho mais interessante, e que admiro, é que Kurt mais uma vez, tem o crédito pela direção de arte, fotografia e desenho. A contracapa controversa (foto de uma colagem utilizando modelos anatômicos de corpo humano, principalmente de bebês e fetos) é uma genial obra de Kurt, que acabou quase não aparecendo, porque muita gente achou ofensivo, e que as pessoas não iam se chocar, etc...

Ah, e vale observar também que "praticamente cada canção contém alguma menção a enfermidades” o que demonstra bem o estado de espírito de Kurt na época, já que, novamente, todas foram compostas por ele. Apenas "Gallons of Rubbing Alcohol Flow Through the Strip” e “Scentless Apprentice" são creditadas à banda toda.
Bom, vamos às canções:

01 - Serve the Servants - 3:36
Começa até que tranquilo. Uma música com uma pegada mais “pop”, do tipo que dá pra tocar nas FMs e tal...
A letra é autobiográfica, direta e sem grandes metáforas. Kurt fala de seu pai, do divórcio de seus pais, do momento que estava vivendo (Teenage angst has paid off well/Now I'm bored and old - Angústia adolescente pagou muito bem/Agora estou entediado e velho).
Mas o melhor é a referência à sua esposa, Courtney. Em resposta à todas as críticas que ela vinha recebendo, por não ser boa mãe etc, etc, Kurt simplesemnte menciona o episódio conhecido como as Bruxas de Salem, em que mulheres foram acusadas e julgadas injustamente por praticarem bruxaria, nos EUA lá por 1692.Inclusive, menciona um dos incríveis métodos tão dotados de “lógica” que envolve o julgamento de uma bruxa, ou seja, verificar se ela afunda ou não quando jogada no rio.
É tão genial que tem uma clássica cena de Monty Python e o Cálice Sagrado, que ilustra toda essa lógica. É sensacional, se nunca viu, veja, se já viu, viu, relembre.

02 - Scentless Apprentice - 3:47
Essa já chega mais pesada. Vocal rasgado no máximo, bastante distorção. Sem riffs grudentos, ou refrão “pra cantar junto”.
Gosto muito. Tem muita raiva. É barulhenta, mas, bem trabalhada. Tem uma dinâmica própria, tem vários elementos que crescem com ela.
Lembro sempre daquele show no Hollywood Rock, (que já citei aqui) em que a música foi estendida, enquanto o Kurt pirava, a galera fica “segurando”, como era característico da banda. Mas dessa vez ele foi além, cuspiu nas câmeras, se jogou nos amplificadores e extrapolou os limites da distorção e desafinação. Deixou seu recado e marcou seu nome para sempre na história do rock. Resultado: uns 10 minutos de muita loucura! É inacreditável o que apenas 3 caras conseguem fazer num palco!
Quer ver só esse trecho? Recomendo muito.Bem, a letra é inspirada num livro chamado O Perfume.

03 - Heart-Shaped Box - 4:41
É a “lentinha” do álbum. Aquele comecinho tranquilo pra agradar todo mundo, mas aí vem a explosão, e o grito de inconformismo.
“Hey! / wait!/ I got a new complaint!”
É a uma música mais fácil, mais digerível. Mais pop pra tocar na rádio. Nem por isso deixa de bem elaborada, e muito bem produzida. O riff da guitarra limpo sobre a linha de baixo, contínua, cria um contraste muito bom, até que a música explode e a distorção reaparece.
Descobri que a guitarra solo é do produtor, Steve Albini. O clipe é sensacional. Tem uma estética muito bacana, mas o clima é bem tenso. Mas não tem como, sempre lembro daquele episódio do Beavis and Butt Head comentando. Mto bom! rsrsrss

04 - Rape Me - 2:49
Começa mais crua, só com a guitarra e voz, e cresce de repente, entrando os outros instrumentos. e Termina caótica, gritada, desesperada.
É impressionante como eles acabam elevando ao máximo a capacidade de criar músicas agradáveis aos ouvidos, e com uma mensagem e um conteúdo tão pesado.
E mai uma vez, um monte de gente cantou essa música “singela”, sem nem sequer suspeitar que ela tratava do tema estupro.
Crítica. Crua. Necessária.

05 - Frances Farmer Will Have Her Revenge on Seattle - 4:09
Incrível. Boa demais. Direta. Tem uma microfonia ali no começo que não se sabe se é proposital, ou acidental, mas parece fazer sentido.
Adoro aquele barulhinho de xilofone (acho que é) que acontece (aos 3 min) apenas uma vez na música, mas tá um toque todo especial. Já reparou? Fico sempre esperando ele acontecer de novo, mas nunca acontece...
Bem, a tal Frances Farmer foi uma atriz de cinema, famosa na década de 30. Ela era de Seattle e teve uma história intensa, tendo passado inclusive por um internação forçada em clínica para doentes mentais. Kurt leu sua biografia no colegial e ficou fascinado por Frances e sua vida loka. Não à toa a filha dele se chama Frances...
Bem, nada mais legal que imaginar a revanche da Frances, em Seattle... “I miss the comfort in being sad”

06 – Dumb - 2:32
Melancolia, essa é sua trilha sonora.
É uma canção muito bem trabalhada em suas harmonias, é rebuscada, completa. E muito, mas muito, melancólica. Os backings vocals (do próprio Kurt?) são lindos.
O violoncelos de Kera Schaley contribuem muito para o clima.
But I'm having fun / I think I'm dumb / maybe just happy

07 - Very Ape - 1:55
Mais nervosa, mas com riff grudento que lembra uma sirene. Seria um alertando para o perigo... ou uma sirene de investigação, de busca? e quealquer forma, melhor se esconder.
A letra é uma crítica ao típico “macho alfa”, o famoso "machão". Very ape!

08 - Milk It - 3:54
Sensacional!! Distorcida, desafinada, dissonante, e... incrível...
Acho demais, mesmo. Tem umas notas que não encaixam, mas parecem ter um significado e fazem toda a diferença.
Uma letra profética, talvez?
"Look on the bright side is suicide / Lost eyesight I'm on your side"

09 - Pennyroyal Tea - 3:37
Também é bastante melancólica, mas tem um toque de raiva.
O tal "cházinho" Pennyroyal é uma referência ao chá de Mentha pulegium, ou o poejo, também conhecido como abortivo. Numa de suas notas perdidas, Kurt havia escrito uma observação que dizia algo do tipo "abortivo, mas não funciona, seu hippie".

10 - Radio FriendlyUnit Shifter - 4:51
Começa muito, muito ruidosa. Novamente há microfonia, ruídos, etc...Mas é sensacional.
Interessante esse título, para uma música nada "radio frindly" (ou não muito amiga das rádios).
Talvez uma auto-cítica as suaa propria canção "amiguinha-das-rádios", a famosa Smells like teen spirit.A canção foi usada para abrir quase todos os concertos do Nirvana na turnê de In Utero.

11 - Tourette's - 1:35
Desesperada. gritada, rápida e curta. Punk Rock, com riff de surf music distorcido.
Cada vez que Kurt cantava ao vivo, a letra era diferente. Mas também não faz diferença, ninguém nunca entendeu letra mesmo.
Ah, vale lembrar, que Tourette é o nome de uma síndrome, ou, um transtorno psiquiátrico.


12 - All Apologies - 3:50
Tranquila, melancólica. Parece feita pra tocar na rádio.
Mais uma vez o violoncelo de Kera Schaley dá o clima.
Kurt Cobain dedicou "All Apologies" à sua esposa Courtney Love e sua filha Frances Bean, mais pelo clima "pacífico, feliz e confortável" da música, que pela letra.
Me parece que a letra fala de alguém que vive pedindo desculpas por tudo, que acha que tudo é culpa dele(a) e que todo mundo é feliz, só essa pessoa não.
Um modo triste de se viver.

13 - Gallons of Rubbing Alcohol Flow Through the Strip - 7:33
Essa faixa aparece apenas em algumas versões não americanas do álbum. E não aparec e como uma faixa, mas sim, surge uns 20 minutos depois de All Apologies, como se fossem a mesma faixa.
Uma piração. A música mais longa da banda já lançada. Sete minutos e meio de improviso.
Me lembra muito o the doors, aquelas versões super estendidas de suas músicas ao vivo, inclusive quando o Jim Morrison ficava apenas falando ou declamando algo, em cima de uma base. É mais ou menos isso que acontece em algum momento da música.
Curiosidade: a música foi gravada no Rio de Janeiro, nos estúdios da BMG, durante a passagem da banda pelo Brasil, no Hollywood Rock em janeiro de 1993.



Bom, é isso.
Curtam o álbum completo aqui, e em breve volto para finalizar a discografia desse super trio!












quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Kiss 8 - Gene Simmons Solo (1978)

Oi, eu sou o Salinas! Em 1978 os ânimos já estavam exaltados dentro do Kiss: Paul e Gene eram os chefões indiscutíveis, assumiam a banda como um negócio, assinavam a maioria das faixas e sempre apareciam mais nos shows, programas de TV, mídia, etc. Ace e Peter, por mais importantes que fossem como guitarrista solo e baterista, não tinham a mesma pegada "comercial" e acabavam ficando sempre em segundo plano, inclusive nos discos, onde tinham pouco espaço para incluir suas canções.

Foi então que Gene Simmons teve a grande ideia de lançar nada menos que QUATRO discos solo, um para cada membro da banda. Nestes discos cada um poderia gravar o quê, como e com quem quisesse. Os quatro discos foram lançados no mesmo dia (18 de setembro), e os fãs se viraram para comprar todos, pois fã nenhum do Kiss se contentaria só com um dos solos. Resultado: Ace e Peter deram vazão à sua criatividade musical (e ainda bem para nós, pois "Ace" é o melhor dos quatro!) e a banda ganhou muito dinheiro!

Aqui Gene deu vazão, de uma vez por todas, ao seu personagem "The Demon". Um monstro indefinível, ameaçador e intimidante, que se alimenta de mulheres, lindas garotas, virgens ou não. Curiosamente, ele não toca baixo nesse disco (mas mantendo a conhecida pegada arrastada, centralizando a pulsação na cozinha), deixando isso a cargo de um dos muitos amigos (músicos e outros) que ele chamou. Uma verdadeira festinha (certamente regada a muita bebida e mulherada), incluindo Joe Perry, Bob Seger, Rick Nielsen, Donna Summer e até a então-peguete Cher. A primeira faixa, "Radioactive", foi o hit do disco.

"Radioactive" (Gene)

Gargalhada sinistra. Strings descendo em dissonâncias e cromatismos, o máximo de tensão, desgraça total. Grunhidos demoníacos, vocais femininos (com uma estranha pegada asiática). E no meio disso tudo surge uma inesperada batida alegre e bacanosa, de volta ao baixo-bateria-guitarra. Óculos escuros, dirigindo pela estrada ao sol. A guitarra faz um efeito "borbulhante", estranho mas daora, ao entrar nos refrões grudentos. Uma declaraçãozinha de amor sacana, estilo Gene Simmons, pela sua mina "radioativa" de tão gostosa. No CD original o corte entre faixas ficou errado, a música foi parar na faixa 2 junto com a música seguinte. Posteriormente o disco foi remasterizado, e esse erro, corrigido.

"Burning Up With Fever" (Gene)

"One, two, three, four!!" meio esganiçando. Acordes esquisitíssimos, tudo torto, num violão sussa. Em seguida a batida lenta e arrastada, assinatura do Gene. Viradas bacanas no baixo rouco. Ele está "queimando de febre, e a febre é você", garota, mas só vai fazer isso "uma vez"... e "não vai ficar na fila"!

"See You Tonite" (Gene)

Outra entradinha tranquila no violão, seguida por uma batida mais lenta, meio country. Gene se apaixonou naquela outra noite, e "hoje à noite" quer ver a mina de qualquer jeito, senão vai "chorar e chorar". Coitado, nem lembra o monstro sedutor. A música fecha bonitinho num power chord.

"Tunnel Of Love" (Gene)

Agora sim o monstro abriu as asas. Entrada só no baixo e bateria, com toda a canastrice e sacanagem que só Gene Simmons é capaz de colocar numa música. Hoje Gene está a fim de fazer uma visita ao "túnel do amor"... e os back vocal femininos deixam muito claro que ele não se refere ao parque de diversões.

"True Confessions" (Gene)

Outra batida Genezística no baixo e bateria. Gene pira nos segredinhos sujos do passado da mina, "confissões verdadeiras"... quem não curte um dirty talk? Uma estranha parada no meio do refrão pra mandar uns vocais quase de igreja, acho que pra dar a ideia do "confessionário", rs...

"Living In Sin" (Gene, Sean Delaney, Howard Marks)

Entrada só na bateria, Gene falando no ouvidinho... quase dá pra sentir o bafo quente no pescoço (pensando bem, esse começo é zoado... kkkk). O lance é que a mina ficava mandando cartas quentes pra ele, e o encontrou no tal "Holiday Inn". Ela liga pro quarto dele... (e quem faz a voz é a própria Cher) Queria confirmar os boatos que Gene Simmons gosta de conhecer suas fãs ~pessoalmente~, mas nem chegou a terminar a pergunta: "às vezes meu amor vai longe demais"... apesar do xaveco do Gene no começo, é a minha faixa favorita do disco, e a que melhor define o nosso baixista comedor-demoníaco.

"Always Near You/Nowhere To Hide" (Gene)

Outra pegada lenta no violão e voz, com um brilho de strings, e bateria. Ele está "sempre perto" da menina, ela não consegue se esconder à noite, é só pensar nele, "tocar nele". No final da música aparecem novamente os backing vocals angelicais.

"Man Of 1,000 Faces" (Gene)

Uma das poucas faixas em que ele não fala de mulheres, e sim da própria auto-determinação em realizar seus sonhos. Pegada mais "patriótica" e orgulhosa, com naipes de metal acompanhando a banda e dando aquela grandiosidade, mas diferente dos backing vocals religiosos de outros momentos. Gene é o "homem de mil rostos", dos mil empregos (professor de inglês, salva-vidas, datilógrafo...), que por muito tempo alimentou seus sonhos, e "conseguiu torná-los reais".

"Mr. Make Believe" (Gene)

Começa lentinha só no violão e voz e depois anima. Gene hoje não está tão monstruoso assim, a canastrice ficou no bolso. Hoje ele só quer que a gaja dê mais uma chance pro "Sr Faz de Conta"... no final entra uma guitarra distorcida a mais, fazendo um balanço bacana.

"See You In Your Dreams" (Gene)

Gene resolveu re-gravar uma faixa do Rock & Roll Over (já comentada), que pelo jeito ele não tinha gostado muito. E que sorte a nossa! Esta versão tem muito mais paudurescência, backing vocals pra tudo que é lado, solo matador do Rick Nielsen (se bem q meio com cara de Ace Frehley)... ficou sensacional!

"When You Wish upon a Star" (Ned Washington, Leigh Harline)

E, pra fechar o disco, harpas, flautinhas, orquestra... um musical da Disney? Gene Simmons, ao menos uma vez na vida, tira a máscara de demônio e aparece apenas como o menino Chaim Witz, que um dia acreditou nos seus sonhos... sim, apesar de tudo, ele também tem coração! :'-) (vocês são mancada... sabem que eu sempre choro com essas coisas... kkkk...) 
Reza a lenda que alguém disse a ele que nunca conseguiria cantar uma "linda canção" de verdade: de fato, a voz rouca não ajuda muito, mas que ficou bonito ficou! Esta linda canção é nada menos que o hino da Walt Disney Company, com quem Gene se identifica enquanto estrangeiro na América e enquanto "self-made man".

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:



E é isso!


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Kiss 7 - Paul Stanley Solo (1978)

Oi, eu sou o Salinas! Em 1978 os ânimos já estavam exaltados dentro do Kiss: Paul e Gene eram os chefões indiscutíveis, assumiam a banda como um negócio, assinavam a maioria das faixas e sempre apareciam mais nos shows, programas de TV, mídia, etc. Ace e Peter, por mais importantes que fossem como guitarrista solo e baterista, não tinham a mesma pegada "comercial" e acabavam ficando sempre em segundo plano, inclusive nos discos, onde tinham pouco espaço para incluir suas canções.

Foi então que Gene Simmons teve a grande ideia de lançar nada menos que QUATRO discos solo, um para cada membro da banda. Nestes discos cada um poderia gravar o quê, como e com quem quisesse. Os quatro discos foram lançados no mesmo dia (18 de setembro), e os fãs se viraram para comprar todos, pois fã nenhum do Kiss se contentaria só com um dos solos. Resultado: Ace e Peter deram vazão à sua criatividade musical (e ainda bem para nós, pois "Ace" é o melhor dos quatro!) e a banda ganhou muito dinheiro!

Paul Stanley, no seu disco solo, seguiu aquilo que já conhecemos nos discos anteriores: enquanto Gene partia sempre para o sexo em suas letras, Paul fazia o contraponto mais romântico. E neste disco não foi diferente: muito xaveco, muita melação e muito amor pra dar. Em algumas faixas ele tá de bem com a menina, noutras tá de mal, mas em todas o tema gira em torno dos relacionamentos. No som, fora um piano aqui, um back vocal ali, não há grandes novidades. Entre os 4 discos solo, é o mais parecido com o próprio Kiss. "Hold Me, Touch Me" foi o único hit do disco.

"Tonight You Belong To Me" (Paul)

Introdução lenta e suave, só no violão e voz. Na segunda estrofe começa uma levada bem Kissística. Claro que o vocal do Paul é o mesmo! Eles se conheceram há muito tempo, e depois de idas e vindas, agora mais velhos, se reencontram novamente. Paul sabe que novamente será tudo passageiro, mas não importa: "esta noite você pertence a mim". Solinho apaixonado estilo fodalhonice-machosa-80s.

"Move On" (Paul, Mikel Japp)

Agora uma cacetada pra levantar os ânimos! Faixa bem mais rock & roll, com solo matador do Bob Kulick (sim, é o irmão do Bruce, que viria a entrar pra banda no futuro). O que importa é não ficar parado: já desde bebezinho a mãe lhe dava o conselho, "vá em frente". E Paul, obediente, segue o conselho direitinho, sem se importar com o amanhã.

"Ain't Quite Right" (Paul, Mikel Japp)

Agora outra faixa mais lenta. Bateria lenta, pontuada por notas da guitarra, e o baixo acompanhando. Paul está apaixonado pela garota, mas tem algo errado... "Pela manhã tudo parece ok / mas à noite eu sonho em te deixar novamente" Ele prefere ir passando os dias e curtindo os bons momentos com ela, mas  jamais revelará seu segredo.

"Wouldn't You Like to Know Me?" (Paul)

Levada bem rock & roll e radiofônica. A mina largou o Paul por causa de outro cara, e agora tá de mimimi. Tá achando que é assim fácil? "Tentei chamar quando você não estava em casa / Ninguém gosta de passar a noite sozinho".

"Take Me Away (Together As One)" (Paul, Mikel Japp)

Entrada meio sombria no violão, e o tom sombrio se mantém durante toda a música, com levada arrastada. Paul parece arrependido de algo que fez, mas com certeza foi algo grave, pois ele perdeu a garota. Agora ele "não pode mudar ou rearranjar o que fez", mas não importa. "À deriva", ele irá "continuar seu caminho".

"It's Alright" (Paul)

Outra faixa animada (ele parece seguir a regra de alternar uma música "pra baixo" e uma "pra cima"), e com bastante cara de música feita pra virar hit do rádio. Paul parece não se importar com mais nada mesmo... "Pode vir", garota, "se você quer um pouquinho de amor, não tem nada que eu não possa tentar". Mas não esqueça, "vou te deixar pela manhã... isto é apenas uma noite".

"Hold Me, Touch Me (Think of Me When We're Apart)" (Paul)

O grande hit do disco. Levada elegante no piano, Paul cantando limpo, o grande cantor romântico do ano. Outro solo apaixonado. Ele fala no ouvidinho dela dormindo: "encoste em mim, toque em mim, e pense em mim quando estivermos longe... até que chegue o amanhã, vamos sonhar com o ontem".

"Love In Chains" (Paul)

Outra cacetada antes da saideira... levada mais lenta, mas com muita presença: a minha faixa favorita do disco! A menina não dá chance pra ninguém, muito menos pro Paul... ela está "acorrentando o amor". Enquanto "se sente como uma rainha, seus sentimentos apunhalam seu coração e ninguém vê".

"Goodbye" (Paul)

E pra fechar, outro hit do rádio. O baixo faz um balanço interessante no começo, e nos refrões. Paul mistura a vida real, os shows e o próprio disco quando se despede: "eu sei quando estou terminando meu trabalho, e agora vou ficar com você", seja nos camarins após o show, seja na cabeça de quem ouviu o disco. Ainda mais com a faixa acabando em fade...


Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo vai ficar chupando o dedo, pois não tem no Youtube!

E é isso!