quinta-feira, 12 de junho de 2014

Kiss - Introdução

Ás do Espaço, Homem-Gato, Filho das Estrelas e Demônio
"Vocês queriam o melhor, vocês terão o melhor! A banda mais quente do mundo.... Kiss!" As maquiagens, figurinos, performances, pirotecnia e momentos únicos, como Gene Simmons cuspindo sangue enquanto toca baixo e a bateria levitadora de Peter Criss, ficaram na mente dos fãs.

Ao todo são 24 discos de estúdio, incluindo os quatro discos solo de 1978, e alguns ao vivo. Foram 11 entre 74-79 (média de 2 discos por ano!), oito entre 80-89 (quase 1 por ano), três entre 90-99 (um a cada 3 anos) e dois nos 2000s.



Tudo começou quando o baixista Gene Simmons conheceu o vocalista Paul Stanley. Eles tocavam em pequenas bandas e batalhavam espaço no circuito roqueiro de Nova York no começo dos 70's, e resolveram criar uma nova banda. Pensavam grande desde o começo: queriam a fama mundial, o estrelato, o topo. Queriam ser diferentes das bandas de seu tempo. Do teatro e kabuki veio a ideia de criar personagens e usar roupas espalhafatosas para tocar. A ideia, mais que música, era algo teatral e performático: um espetáculo.


(E de uma vez por todas, as maquiagens não têm nenhuma relação com Secos & Molhados. Foram pessoas diferentes em lugares diferentes tendo a mesma ideia na mesma época, e eles não foram os únicos: convenhamos que, em plena época da psicodelia e liberação de costumes, pintar a cara para tocar música não é tão ~extravagante~ assim)


Gene criou o "Demônio", um monstro com asas de morcego e pés de dragão, que cospe sangue e fogo. Paul criou o "Filho das Estrelas", um ser andrógino e sensual com roupas provocantes. Procuraram baterista pelos classificados de jornal e encontraram Peter Criss, que já tinha sua bagagem tocando em bodegas por aí e criou o "Homem-Gato", com motivos felinos e correntes. Por fim, apareceu Ace Frehley, um guitarrista meio doidão, também pelos classificados, e criou o "Ás do Espaço" (talvez justamente por ser ~aéreo~), usando como tema as estrelas e o universo.


Com esses personagens eles criaram um rock & roll bem festivo, em geral com letras sobre mulheres, farra e sexo. Começaram como todo mundo, tocando em bares sujos, rodando pelo interior, dormindo mal e comendo pior. Até que conseguiram juntar grana pra gravar em 1974 o disco homônimo e, poucos meses depois, Hotter Than Hell. Em 1975, ainda raspando o cofre, sai Dressed to Kill, e logo em seguida tiveram a ideia de gravar Alive!, um disco ao vivo, coisa que na época era novidade: a força sonora das performances finalmente os colocou em todas as lojas de disco do país.

A partir daí, o caminho das estrelas estava pavimentado. Em 1976 sai Destroyer, tido por muitos como o melhor disco deles até hoje, e meses depois Rock and Roll Over. Os discos saíam um atrás do outro, o negócio era vender disco. Os shows acabavam sendo "teasers" (muito antes dos publicitários hipsters que hoje usam esse termo sequer nascerem) para incentivar o público a comprar os discos. Em 1977 saem Love Gun e o ao vivo Alive II. E dá-lhe vendas: em 1978, para comemorar o disco duplo de platina, sai Double Platinum.

"Então tá, Peter. Faz seu disquinho aí."
Nesta época começam os desentendimentos. Gene e Paul eram os "donos" da banda desde o começo, mas Peter e Ace começavam a se incomodar por terem menos espaço para compor nos discos. No começo tudo bem, mas quando a grana entra não tem jeito. O "gerentão" Gene então teve a ideia considerada por muitos uma tacada de mestre: em 1978 a banda lançou nada menos que 4 discos solo, um de cada membro, no mesmo dia(!!!!). Com isso as tensões internas diminuíram pois cada um gravou seu disco como quis, e todos ganharam muito dinheiro pois fã nenhum se contentou em comprar apenas o disco de seu "favorito".


A esta altura, os quatro personagens já estavam completamente difundidos nos corações e mentes pelos Estados Unidos. Havia todo tipo de produto licenciado pela banda, de canecas a camisinhas. Histórias em quadrinhos (relançadas no Brasil) os colocavam como heróis com super-poderes, que enfrentavam inimigos e alienígenas, com raios, riffs, eletricidade e muita cor e brilho. (um boato, aparentemente verdadeiro, afirma que a tinta usada continha sangue dos integrantes... mas que depois a gráfica errou e que o sangue deles foi parar numa revista de esporte! kkkk) 

"Tirar a máscara? ...OK!..."
Em 1979 gravam Dynasty, que foi o último disco da "era de ouro" com a formação original. Peter resolveu seguir seu próprio caminho, e Eric Carr assume o posto criando um novo personagem, A Raposa. Gravam então Unmasked em 1980, brincando com a mística das pinturas e com o fato de nunca terem sido vistos (até então) sem elas. Em 1981, com Music from "The Elder", flertam com o rock progressivo.


Os discos seguintes não conseguem emplacar tantos hits como os primeiros. Killers foi uma compilação sem-vergonha de clássicos, só pra vender disco. Creatures of the Night é o mais conhecido no Brasil, por ter coincidido com o primeiro show deles por aqui em 1982. Tempos depois, Ace deixa a banda, e em seu lugar entra Vinnie Vincent, criando mais um personagem, o Guerreiro Ankh. Mas ficou pouco tempo, passando o bastão para Mark St John, que logo passou para Bruce Kulick. Com o entra-e-sai, acabou esse negócio de criar personagem: quem entrasse usaria um existente.

Anos 80: sem as máscaras, muito "glam". Há quem goste.
Nos anos seguintes vieram Lick It Up (no qual finalmente tiraram as máscaras), Animalize, Asylum e Crazy Nights. Alguns fãs enxergam esta época como a "fase desgraçada" do Kiss, pois apesar de muito mais técnicos, estes discos não têm a pegada festiva e os hits que fizeram a cabeça dos fãs no começo. A sonoridade mudou, apesar de continuar no rock, porém saindo do festivo e indo mais para o glam rock, deixando de lado os personagens e ficando mais "sensual", forçando a barra usando e abusando de clichês e atraindo um público mais feminino. Em 1988 sai outra coletânea sem-vergonha (mas com 2 músicas novas), Smashes, Thrashes & Hits, e em 1989 sai Hot in the Shade. Mas em 1991 Eric Carr morre por doenças no coração, deixando o cargo para Eric Singer. No ano seguinte, em Revenge, eles incluem seu solo de bateria, como homenagem póstuma. Nos anos seguintes, só pra vender disco, sai mais um ao vivo, e um acústico MTV.

Em 1996 eles fazem a "Reunion Tour" na formação original, com Peter e Ace. Depois disso eles ficaram na banda por um tempo, mas o fato é que já tinham suas carreiras fora do Kiss, não tinha mais a mesma graça. Peter acabou chamando Eric Singer de novo, e Ace passou a guitarra para Tommy Thayer, formação que permanece até hoje.

A partir daí o ritmo começa a diminuir. Sai o ao vivo da formação original, e em 1997 sai Carnival of Souls, conhecido como "o disco grunge do Kiss". E em 1998 Psycho Circus, que voltou para o bom e velho rock & roll. Depois de uma década sem novos discos, apenas em 2009 sai Sonic Boom, e em 2012 Monster, novamente com esse papo de retorno às origens, etc. Com 2 discos em 3 anos, será q os ~Cavaleiros a Serviço de Satã~ (aff...) estão voltando ao ritmo frenético dos anos 70? É esperar pra ver!

Quanto a mim: tendo um tio roqueirão à moda antiga, cuja banda número 1 é o próprio Kiss, eu conheço desde pequeno. Cresci ouvindo o som vindo lá do quarto dele, vendo sua coleção de recortes de jornal sobre a banda. Isso antes de ter computador e internet. Depois disso, foi aquele tal de baixar músicas e vídeos, ficar gravando cd de backup, organizando pastas e etc. Mas é aquilo, eu só conhecia a superfície, os clássicos, e as preferidas do meu tio. Mas agora resolvi parar e conhecer o som deles DISCO A DISCO.

Venha com a gente nesta viagem poderosa, entre riffs trovejantes, solos de bateria, vocais alucinados, animação, explosões, e claro, sexo, drogas e rock & roll!


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