O som fica mais pesado em algumas faixas, quase flertando com o heavy metal. Ace dá uma tônica bem mais "matadora" nas levadas e solos. As letras continuam girando em torno das mulheres: relacionamentos, idas e vindas, amores e loucuras. Mas o disco acabou ficando com cara de feito às pressas: não tem o mesmo brilho e fodidez da estreia. Eles ainda procuravam o caminho (inclusive da grana).
O lance da capa com motivos nipônicos não tem nada a ver com turnês japonesas. Elas existiram, várias, mas nos anos seguintes. Pode ter sido uma tentativa de chamar a atenção pelo elemento gráfico (também no disco), pelo colorido. O caracter 力 lá embaixo se lê "chikara" e significa poder, força, virilidade, macheza, paudurescência etc. No canto superior esquerdo, logo embaixo do logo Kiss, aparece a transliteração em katakana. É como se escreve Kiss em caracteres japoneses. Assim como nas tirinhas amarelas de cada integrante, o japa lê aquilo e sabe como se pronuncia o nome de cada um daqueles gaijins (gringos). E em cima, no canto direito, 地獄 の さけび se lê "jigoku no sakebi", que significa "grito do inferno". Sim, a recepção japa foi a mesma: velhos escandalizados, jovens em êxtase.
"Got to Choose" (Paul)
Aqui Paul bota a menina na parede: ela tem que escolher entre ele e o outro. Não dá pra ficar com os dois: "Don't care, no, I don't, no / But you can't be his and still be mine" (não me importo, mas você não pode ser dele e continuar minha)
"Parasite" (Ace)
Ace quebrando tudo desde lá atrás... batida forte e mais rápida, quase começando a cair para o heavy metal. Gene assume os vocais e conta sobre aquele tipo de garota que gruda em você mas não porque não quer largar mais, e sim porque quer só se aproveitar até a última gota: "She thought she knew me, but she didn't know / That I was sad and wanted her to go" (ela achava que me conhecia, mas não sabia / que eu estava triste e queria que ela fosse embora)
"Goin' Blind" (Gene / Stephen Coronel)
Uma faixa mais lenta, com entrada inesperadamente poética depois da paulada anterior. Aquela cara de cair da tarde avermelhado novamente. Essa veio lá dos velhos tempos de Wicked Lester. Gene, aos noventa e três anos de idade, explica pra novinha de 16 que não dá pra eles ficarem juntos. É uma daquelas faixas que ninguém entende direito: antes a letra era "Little lady from under the sea" (mocinha que veio do fundo do mar), o que daria uma leitura de um homem falando com uma "sereia", talvez, ou então a velha história do "namoro de praia não sobe a serra". Mas depois Paul deu a ideia de colocar "I'm 93 and you're 16" (eu tenho 93 anos e você tem 16) porque soava legal. Vai entender...
"Hotter Than Hell" (Paul)
Batida arrastada, pesadona. Paul pirou o cabeção numa mina "mais quente que o inferno". Tava louco pra sair com ela e fazer ~um monte de coisas~... até que ela mostrou a aliança pra ele.
"Let Me Go, Rock 'n' Roll" (Gene / Paul)
Gene & Paul são muito responsáveis com seu trabalho. Para eles, o Rock & Roll é como uma namorada. Eles "nunca imaginaram que precisariam tanto assim de alguém"... mas peraí, ele tá falando do róquenrôu ou da namorada?!? As duas coisas... no fundo é tudo "rock and roll".
"All the Way" (Gene)
Gene agora está com uma mina que fala demais! Ele não é um cara de muito palavreado, "I'll tell you what you want to hear" (Vou te contar o que você quer ouvir)...
"Watchin' You" (Gene)
Gene tá olhando fixo pra mina agora. Esse negócio de ficar olhando é foda, ela tá sem graça, sem saber o que fazer. Mas ele também tá sem jeito, tentando olhar pro outro lado... porque os outros todos estão olhando pra eles dois!
"Mainline" (Paul)
Peter assume nos vocais desta vez. Paul mais uma vez loucão pela mina, capaz de fazer tudo por ela, etc.
"Comin' Home" (Paul / Ace)
Declaraçãozinha de amor estilo Kiss. Mas desta vez o Ace participou: ficou bem mais pauleira! Paul e Ace rodaram o país inteiro nos shows, e só agora "voltaram pra casa", o único lugar que querem estar... junto com as mulés, é claro!
"Strange Ways" (Ace)
Outra cacetada do Ace, desta vez mais lenta... em termos musicais ele é o mais foda dos quatro! Peter assume os vocais. O lance aqui é o seguinte: desta vez a mina é gringa. Por isso tudo é tão estranho, "o jeito que ela olha", "o lugar em que vive"... mas no fundo Ace gosta desses "jeitos estranhos, dias esquisitos".
Mais infos sobre o disco, aqui (em inglês - o artigo em português na wiki tá um lixo). E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:
E é isso!