quinta-feira, 31 de julho de 2014

Kiss 6 - Love Gun (1977)

Oi, eu sou o Salinas! Love Gun repete a fórmula do disco anterior, sempre girando no tema mulheres. Até a capa foi feita pelo mesmo Ken Kelly, mas desta vez com menos aventura e mais hormônios. Neste disco finalmente conhecemos a voz do Ace, que também já estava cheio de só tocar guitarra e queria compor, assim como Peter. Com estas duas exceções, e mais a última faixa que é uma regravação, Paul e Gene assinam as outras 7 faixas.

Esse desequilíbrio já começava a incomodar Ace & Peter, que apesar da banda estar na crista da onda, acabavam ficando sempre em segundo plano. Este é o último disco com a formação realmente original.

"I Stole Your Love" (Paul)

Entrada bem pauleira, quase heavy metal. Paul foi só um brinquedo para a gaja, mas virou o jogo e agora faz jus à capa do disco, com ela a seus pés, e dá aquela esculhambada: "You played with my heart, played with my head / I got to laugh when I think of the things you said / 'Cause I stole your love" (você brincou com meu coração, minha cabeça / eu dou risada quando penso no que você disse / porque eu roubei seu amor). Ace também entra com tudo no solo. Um ótimo começo de disco!

"Christine Sixteen" (Gene)

Pra variar um pouco, Gene desta vez está apaixonado também! Não dá pra acreditar, desta vez ele não fala só sobre sexo e sair comendo todo mundo... essa Christine devia ser mesmo sensacional! E olha que é novinha, só tem "dezesseis" anos... só que não, porque a Christine não existe. Foi só uma "resposta" do Gene à música do Paul, "God of Thunder" (já comentada): Paul já tinha perdido essa música para Gene, por ordem do produtor Bob Ezrin, e Gene sapateia em cima dele "provando" que qualquer um consegue escrever essas musiquinhas melosas de apaixonado. Pianinho safado pra dar o clima.

"Got Love for Sale" (Gene)

Uma levada meio "saltitante" e bem bacana. Agora sim o bom e velho Gene de sempre. Marqueteiro, ele apregoa seus ~serviços~ para as moças que estiverem interessadas. Usa até classificados, "Have Love Will Travel" (que numa tradução livre ficaria como nos nossos classificados de jornal, algo como "TENHO AMOR - DISPONÍVEL P/ VIAJAR"). Esta frase apareceu pela primeira vez no seriado Have Gun - Will Travel, sobre um matador de aluguel que viajava pelo país em busca de ~clientes~, e desde então se tornou um snowclone, usada nos mais diversos contextos.

"Shock Me" (Ace)

Ace agora vem todo "elétrico", cheio de metáforas de eletricista na letra. É efeito do que a mina faz com ele, quando coloca esse tal "couro preto". "You even make me glow / Don't cut the power on me (...) My insulation's gone, girl you make me overload / Don't pull the plug on me, no, no" (Você me faz até brilhar / não corte a minha energia (...) Estou sem isolamento, garota, você me dá sobrecarga / não puxe a tomada, não, não). Na verdade Ace buscou inspiração num show em que tomou um choque elétrico.

"Tomorrow and Tonight" (Paul)

Esta levadinha Kissística vai pros jovens suburbanos, que todo dia ouvem "professores, chefes e padres" e ficam excitados "quando a semana acaba". Você está feliz, garota? Tô te esperando, são quinze pras dez, vamos pra cidade, é hoje à noite, é amanhã! Foi uma tentativa de repetir a fórmula de Rock and Roll All Nite (já comentada).

"Love Gun" (Paul)

Outro hino! Entrada simples na bateria levando pra um dos riffs mais conhecidos de toda a obra do Kiss. Os não-fãs do Kiss reconhecem esta música por ter sido usada na trilha deste filme. E parece que Paul andou aprendendo o modus operandi do Gene, com suas analogias fálicas. O ~revólver do amor~ do Paul está preparado e apontado para você, garota... e não tem como escapar, porque é você quem puxa o gatilho! Levada Kissística, com solo matador do Ace entrando num crescendo.

"Hooligan" (Peter, Stan Penridge)

Outra composição do Peter. Pois é, ele sempre pareceu o mais bonzinho e inofensivo dos quatro. E de fato, o emotivo baterista era o único que cantava serenatas pra namorada. Mas pouca gente sabe que ele cresceu no gueto, um cara de gangues. Até a "avó o chamava de hooligan". Criou o personagem do Homem-Gato como homenagem às sete vidas que teve que gastar pra virar alguém.

"Almost Human" (Gene)

É só Gene dar as caras e o som fica mais grave e pesadão. Tem até gongo chinês agora, percussões na levada arrastada. Viradinhas bacanas de baixo. Gene, oscilando entre humano e monstro, está "faminto de amor", o amor "suave e tenro de um sonho vivo". Ele até que tenta ser apenas romântico...

"Plaster Caster" (Gene)

Outra cacetada. Gene agora canta limpo, diferente da criatura "quase humana" da faixa anterior. A história aqui é sobre uma artista, uma escultora (que existe de verdade), cuja obra é composta de... uma coleção de pênis de roqueiros. (btw, o site dela é sensacional, desde as animações Flash estilo web'95 até o texto, recheado de trocadilhos sexuais) Gene é a mais nova aquisição da coleção dela, mas ele tem que voltar várias vezes, pois o trabalho é difícil... o gesso ~nunca~ está suficientemente duro.

"Then She Kissed Me" (Jeff Barry, Ellie Greenwich, Phil Spector)

E pra finalizar, uma balada lindinha, lá dos anos 60 (ou seja, uns 15 anos atrás), originalmente gravada pelas Crystals, e foi regravada por bastante gente, mas bastante gente mesmo, contando a história de um casalzinho, desde o primeiro beijo até o casamento. Nada de guitarras amplificadas, urros inumanos ou baixos marotos. Um solinho bem sussa, uma bateria mais animadinha no final, "e aí ela me beijou".

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho no Youtube:



E é isso!


quinta-feira, 24 de julho de 2014

Kiss 5 - Rock 'n Roll Over (1976)

Oi, eu sou o Salinas! Seis meses depois do estardalhaço de Destroyer, o Kiss resolveu que já era hora de lançar mais um disco. Mas o resultado não repetiu o mesmo sucesso.

As faixas estão muito mais focadas na sexualidade, todas giram no tema "mulheres". Gene passa o rodo na geral e Paul também dá suas escapadas. E o produtor Eddie Kramer não seguiu a fórmula mais elaborada de Bob Ezrin, com coros de crianças, filarmônicas e etc, voltando pro som mais cru, dos primeiros discos, só no baixo-bateria-guitarra. Mas o resultado não impressionou muito, exceto pelos hits "Hard Luck Woman" e "Calling Dr Love". Peter canta em duas faixas neste disco (mó progresso, hein), e os solos de Ace mantêm a fodidez.

"I Want You" (Paul)

Paul, como de costume, já começa o disco apaixonadíssimo. Pelo jeito a gaja não o trata muito bem: "You can lie and deny / But you know you're gonna pay" (você pode mentir e negar / mas sabe que vai pagar). Mas não importa, ele sabe que um dia irá consegui-la. Solinho apaixonado, já meio que antevendo aquele som machoso-sexual-80s.

"Take Me" (Paul, Sean Delaney)

Safadeza já no primeiro riff, levada Kissística total! Paul tá pegando o jeito do Gene: "Put your hand in my pocket / Grab into my rocket" (Ponha a mão no meu bolso, pegue no meu ~foguete~). Mais uma vez fazendo referência ao fellatio, no "luar refletindo em seu cabelo". Na boa, vamos combinar: desta vez foi até poético...

"Calling Dr. Love" (Gene)

Agora sim chegou o pegador-mor da banda, com sua batida lenta e arrastada no baixo. Gene obteve seu doutorado e agora, garotas, tem a cura para todos os seus problemas. Pode chamá-lo de "Doutor Amor"...

"Ladies Room" (Gene)

Novamente Gene mandando sua mensagem pras "colegas de auditório", digo, groupies. Já sai marcando encontro lá nos camarins, onde tem uma salinha reservada só pra isso, a "sala das moças"...

"Baby Driver" (Peter, Stan Penridge)

Agora é a vez do Peter falar de uma caminhoneira que ele conheceu aí pelo interior. Som bem de estrada mesmo, aquela levada constante na harmonia. Mas essa mina era foda, mesmo pequenininha levava sua "carga pesada", "descendo (o pedal) até o chão". Depois de tanto erotismo nas faixas anteriores, você fica até esperando algo mais entre a caminhoneira e Peter, mas ele finge que sabe de nada, inocente...

"Love 'Em and Leave 'Em" (Gene)

Gene, mesmo antes da fama, já tinha histórias pra contar... depois dela então, muito mais. Estava ele em sua limusine, quando uma garota encosta e pergunta em que hotel ele está. Ele combina "entre as dez e as duas", e olhe lá. Ela até levanta a saia pra tentar impressionar, mas com Gene não adianta... "ele as ama e as deixa".

"Mr. Speed" (Paul, Delaney)

Paul não quer mais saber de romancezinho e mimimi... agora é ~ação~ mesmo! Ele tá com uma mina que não tem muita ~experiência~: "You try pleasin', but gettin' on your knees don't make it / You try teasin', but baby you can't even fake it, no" (você tenta me dar prazer, mas de joelhos você não consegue / você tenta provocar, mas não consegue nem fingir)... o jeito é apelar pra famosa rapidinha (em termos de ~movimentos pélvicos~), e nisso ele é bom. Por isso que ele ganhou o apelido, "Sr Velocidade".

"See You in Your Dreams" (Gene)

Esta música foi regravada pelo próprio Gene em seu disco solo (ainda a ser comentado). Vai pra todas as groupies que não foram escolhidas desta vez... a festa acabou, elas querem ir pra casa. "Well dry your eyes, it's alright / See you, feel you in your dreams tonight" (Enxugue os olhos, não tem problema... a gente se vê, se sente, nos seus sonhos). Ahan, ahan, entendeu entendeu?

"Hard Luck Woman" (Paul)

Peter assume os vocais na declaraçãozinha (às avessas) estilo Rod Stewart Kiss. (Na verdade era mesmo para o Rod Stewart cantar nesta, mas Gene bateu o pé e, rouco por rouco, Peter deu conta do recado). O apelido da menina é Rags (Trapos), coitadinha, é uma "mulher sem sorte". E ainda por cima o Peter me larga a menina, dizendo que não é que ela não tem sorte, é só "até ela encontrar o cara certo".

"Makin' Love" (Paul, Delaney)

Uma cacetada pra fechar com estilo este disco que cheira a sexo! Pegada bem forte, quase heavy metal, com solinho arregaçante do Ace. Paul detesta quando ela fala pra esperar, quando diz não... ele quer o "sinal verde" logo! "Don't hesitate / I really want her by my side / The whole night through / We do all the things that we wanna do" (não hesite / quero ela do meu lado a noite inteira / pra fazer tudo que quisermos").

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar no Youtube pode quebrar o galho no Youtube:



E é isso!


quinta-feira, 17 de julho de 2014

Kiss 4 - Destroyer (1976)

Oi, eu sou o Salinas! Destroyer vem na esteira do sucesso de Alive!. Pela primeira vez eles lançam um disco como uma banda de verdade, com dinheiro, batendo o pau na mesa. Acabaram-se as vacas magras, agora eles podiam chamar um produtor de peso, como Bob Ezrin, que já tinha trabalhado com Alice Cooper e Lou Reed, pra dar um "up" geral no som. Ele não deixou por menos: incluiu pianos, coros de crianças, filarmônica de Nova York e o cacete a quatro, pro disco ~destruir~ tudo mesmo.

Na capa também puderam contratar um artista pra fazer, de uma vez por todas, algo à altura da banda. O ilustrador Ken Kelly, que também faria capas de discos para o Manowar e outras bandas, e que era conhecido por suas capas para o gibi Conan, foi procurado por Gene. Pediu para vê-los ao vivo para ter inspiração e recebeu um ingresso vip para um show. O resultado final (acima) é uma boa amostra da impressão que ele teve da banda.

Com tudo isso, esqueça aquele som cru, baixo-bateria-guitarra dos primeiros discos. Todos, incluindo o próprio Ezrin, queriam mostrar serviço com os novos recursos musicais, sem perder a pegada Kissística. Este é um dos melhores discos de toda a obra do Kiss!

"Detroit Rock City" (Paul, Bob) 

O cântico dos cânticos do Kiss. O filme Detroit Rock City foi feito anos depois, baseado (não só nesta) música do Kiss, e é do caralho !Acho que eles tiveram a mesma brisa que eu tive no "praco-praco-pum" da Strutter, no primeiro disco. Num "sábado às nove da noite", o cara toma banho, dá tchau pra mãe que tá jantando e ouvindo desgraça na rádio, pega a chave do carro e vai dar um rolê. Muda de estação e começa a cantar junto o som, tá curtindo a vibe no caminho pra Detroit, a cidade do rock! Acordes poderosos, explosões, brilho e fogos de artifício, e ele atrasado pra pegar o "show da meia-noite". Vai a 152 km/h (ou "95" milhas), mas ainda assim "lento demais", quando de repente dá de frente com um caminhão e "sabe que vai morrer", e Bob mostra a que veio, enfiando na faixa o próprio som da trombada! Até vejo os muleks na época, babando, "Carai...." Fica a mensagem, já em 1976, pra evitar o excesso de velocidade (e outros hábitos: "primeiro eu bebo, depois eu fumo, e ligo o carro"), pois o acidente foi real. Sim, exatamente o acidente que é noticiado na rádio, no começo da faixa (texto exato nos comentários). Ocorre que a vítima daquele acidente, aquele cara, era um do Kiss, e estava indo para um show deles. Isso jamais passaria em brancas nuvens... :'-) 

"King of the Night Time World" (Paul, Kim Fowley, Mark Anthony, Ezrin)

Dos escombros da batida, erguem-se novamente os instrumentos e a música. É o rei da vida noturna, da "cidade grande e da diversão à meia-noite", rolês de carro com sua garota, "a rainha dos faróis dianteiros" (estariam ~acesos~? Tem quem veja novamente referências a fellatio aqui), em oposição a uma vida aborrecida de escola e deveres domésticos para com os pais. Na primeira estrofe, estranhamente, depois da intro o baixo some...

"God of Thunder" (Paul)

A música é do Paul, e originalmente era pra ele cantar, mas Bob passou o momento e os vocais pro Gene (pra desgosto de Paul... reza a lenda que depois surgiu uma rixa entre ele e Gene por causa dessa música). Harmonia bem mais pesada e lenta, totalmente no baixo. Uma respiração monstruosa ao fundo. Anunciado por um acólito infantil (que na verdade é David Ezrin, filho do Bob, fazendo barulhinhos com um walkie-talkie), o Demônio abre as asas, e com seu baixo (que com os anos se transformaria num baixo-machado) se apresenta como o "senhor das terras selvagens, um moderno homem de aço, filho dos deuses e criado por demônios", comandando você mulher, bonita e virgem, a entregar seu corpo e alma. (principalmente o corpo...) Tem quem veja pedofilia naquelas crianças gritando ao redor do Demônio -- eu pessoalmente acho muito improvável que Gene tenha interesse em crianças, no meio de tanta mulher (mais de 5 mil em 30 anos, segundo ele mesmo), e mesmo nesse caso, mais improvável ainda que a banda fosse colocar mensagens secretas a esse respeito nas letras. Nos shows, é neste momento que Gene faz seu número de cuspir sangue. (Em algum ponto deste post há um link secreto, para você que gosta dessa parte, com mais meia hora de sangue.)

PS: pra quem não sabe, walkie-talkie é uma espécie de "proto-celular" que funcionava só entre duas pessoas, muito usado em guerras, e que virou brinquedo nos anos 80 e 90.

"Great Expectations" (Gene, Bob)

E na sequência, uma entrada orquestral, um clima bem mais angelical e do bem. Outra cortesia do Bob, colocando a Filarmônica de Nova York e o coro de crianças, com as guitarras distorcidas lá no fundo. Mas não se engane: Gene usa tudo isso só pra mostrar que sabe muito bem o que se passa na cabeça da mulherada quando o vê: "elas vêem o que sua boca, língua e dedos podem fazer", e alimentam suas "grandes expectativas" de serem as "únicas" ao lado do Deus do Trovão...

"Flaming Youth" (Ace, Paul, Gene, Ezrin)

Outro hit do disco. Paul, até meio sem graça depois de tanta testosterona que exala do Demônio, canta um hino à juventude. Não é autobiográfica, pois os pais de Paul, assim como dos demais, nunca se opuseram às suas ambições artísticas. Mas muitos jovens se identificam com os versos "Meus pais pensam que sou louco / odeiam o que eu faço / se ao menos soubessem / que a juventude flamejante vai tocar fogo no mundo"! Subida legal da harmonia no refrão, conforme a bandeira vai cada vez "mais, mais, mais alto"! Tem quem veja uma referência aos gays: "flaming youth" seria a comunidade gay, com sua bandeira indo cada vez mais alto (ou no caso, o ~mastro~) e saindo do armário em "break out my cage", etc.

"Sweet Pain" (Gene)

Mas Gene ainda tem muito hormônio pra gastar. "Vou lhe mostrar o amor de um jeito diferente... você vai achar gostoso, vai sim". Sadomasoquismo? Ou apenas ~dimensões avantajadas~? Em todo caso, "a dor tem sua razão de ser, você vai aprender a me amar e à minha doce dor".

"Shout It Out Loud" (Paul, Gene, Ezrin)

Mais um hit, não só do disco, mas uma das músicas-símbolo do Kiss. Uma banda que preza e prega o rock & roll festivo faz seu hino à festa: junte todo mundo, apague as luzes, deixe o volume no último e bote pra quebrar, com muito agito e pegação! (ok, exagerei nos lugares-comuns, mas é isso, não adianta)

"Beth" (Peter, Stan Penridge, Ezrin)

Finalmente uma composição do Peter Criss. Agora pára tudo, momento romântico. Cama harmônica, piano, orquestrinha, aquele som bem de balada, bem bonitinho mesmo. O baterista sai lá de trás e vem pra frente do palco. E explica longamente para a namorada que não pode voltar pra casa, pois está com os garotos, "procurando pelo som". A música foi escrita por Peter e seu colega Stan Penridge, nos velhos tempos da Chelsea, antes mesmo do Kiss, e foi feita para a Becky, a namorada de outro colega da banda, que vivia ligando durante os ensaios. Aí depois mudaram pra "Beth", e até hoje é hit inconfundível. Mesmo sendo do coitado do Peter, que sempre ficava de canto, só obedecendo os chefes Gene e Paul...

"Do You Love Me?" (Paul, Fowley, Ezrin)

A pergunta se repete por toda a música: "você me ama? De verdade?" Né, porque né... você gosta de tudo em mim: minha "limusine", meus "cartões de crédito", minha "guitarra elétrica", meu... "~salto~" de 17 centímetros ("sete polegadas")... mas ainda não tenho certeza.

"Rock and Roll Party" (Gene, Paul, Ezrin)

Faixa "secreta" nos últimos segundos do disco. Bob Ezrin junta toda a orquestração que colocou ao longo do disco, efeitos especiais, aplica um tremendo eco na voz de Paul, como uma espécie de "opinião" da banda a respeito de tudo o que passaram até ali: "Vou te dizer como é... parece que temos uma festa só nossa.... uma festa rock & roll...."

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não encontrar nas boas casas do ramo pode quebrar o galho nas boas casas do ramo:



E é isso.


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Kiss - Alive! (1975)

Oi, eu sou o Salinas! Não costumo entrar muito em detalhes sobre discos ao vivo das bandas. Considero apenas o que chamo de "Cânone original": só discos de estúdio (e no caso de artista já falecido, só o que saiu com ele vivo). Sem discos ao vivo, compilações, best of, relançamentos, remasterizados, faixas póstumas, bootlegs... nada disso. Mas desta vez é diferente.

Os fãs do Kiss, depois de 3 discos, foram percebendo que o vinil não passava aquela loucura ensandecida, a performance, os fogos de artifício, as explosões, enfim aquilo. Aí a banda teve a ideia de lançar um disco com os registros ao vivo das performances em show. Se não dava pra pegar a imagem, que pegasse pelo menos o som!

E foi o grande divisor de águas. Uma banda boa, mas que só comia grama e eventualmente acabaria desistindo, com esse disco se transformou num grande nome do rock, ganhando discos múltiplos de prata, ouro, platina, diamante. Ouvir Kiss DISCO A DISCO e não ouvir Alive! é sacanagem!

Eles escolheram 16 músicas, entre diversas gravações feitas durante os últimos meses de shows. O resultado acabou "pendendo" mais para o primeiro disco: quase metade do Alive! veio do disco homônimo, 7 faixas. Botaram quase o disco todo. (Esse disco é muito foda mesmo...) Só ficaram de fora: Let Me Know, Kissin' Time e Love Theme From Kiss.

Outras 5 faixas vieram do Hotter Than Hell. Ou seja, pegaram metade desse disco. Ficaram 5 de fora: Goin' Blind, All the Way, Mainline, Comin' Home e Strange Ways.

E do Dressed to Kill vieram as outras 4 faixas. Resolveram pegar menos músicas desse disco, ficaram 6 de fora: Room Service (pena... eu curto muito essa música), Two Timer, Ladies in Waiting, Getaway (essa também devia ter ido), Anything For My Baby e Love Her All I Can.

Como as músicas já estão todas comentadas nos posts anteriores, vou focar só no que tiver de diferente. Longe de querer ficar apontando eventuais erros ou coisas de disco ao vivo. É só pra marcar presença. Coloquei um pequeno "ícone", baseado nas capas, ao lado de cada faixa. É pra ajudar a saber de qual disco veio cada uma. Quem conhece reconhece!

"Deuce" (Gene, Paul)
Logo na saída J.R. Smalling, o roadie, brada no microfone uma das marcas registradas do Kiss: "Vocês queriam o melhor, vocês terão o melhor! A banda mais quente do mundo... KISS!" As primeiras notas e logo em seguida a explosão com fogos de artifício!

"Strutter" (Paul, Gene)
O "praco-praco-praco-pum" que começou tudo.

"Got To Choose" (Paul)
Um pouco mais rápida que no estúdio. Peter dá umas atrasadas durante a música...

"Hotter Than Hell" (Paul)
No refrão dá pra perceber melhor as vozes modulando. Paul aproveita pra dar uma descansada dos agudos enquanto os outros arrebentam!

"Firehouse" (Paul)
Sirene de bombeiros já começando no último refrão, antes do número do Gene cuspir fogo no finalzinho!

"Nothin' To Lose" (Gene)
Entrou bem mais rápida que no estúdio! Gene manda aquele "plus a mais" no vocal e acaba dando umas esganiçadas... batera dá uma moída extra no solo!

"C'mon and Love Me" (Paul)
Esta as groupies adoram... no show não pode faltar!

"Parasite" (Ace)
Na volta do refrão parece que dá outra desacelerada... eita nóis, Peter! heheh

"She" (Gene, Stephen Coronel)
Versão estendida do riff mais progressivo do Kiss, vindo lá das profundezas da Wicked Lester. Muito legal, parece que vão acabar mas continuam, várias puxadas de tapete... deve mesmo ter sido do caralho pra quem estava lá!

"Watchin' You" (Gene)
O solo aqui também tá mais incrementado.

"100,000 Years" (Gene, Paul)
O registro de um mito: o solo de bateria do Peter Criss. Não espere a virtuosidade de um Neil Peart ou a paudurescência de um Keith Moon mas, porra, parem de zoar o Peter, é um solo do caralho sim.

"Black Diamond" (Paul)
Claro que não esqueceram o final... mas em vez daquela desacelerada de estúdio, é um festival orgásmico de explosões, pra fechar em grande estilo!

"Rock Bottom" (Ace, Paul)
A entrada no violãozinho pro pessoal dar uma respirada né... logo em seguida volta a pauleira com tudo!

"Cold Gin" (Ace)
Paul tem uma pergunta pra geral: quantos aí gostam de saborear o álcool? ...ou será que preferem suco de laranja de caixinha? Logo em seguida vem a resposta, com esta porrada! Ace também incrementou esse solo.

"Rock And Roll All Nite" (Paul, Gene)
Pra botar a galera fervendo antes da saideira!

"Let Me Go, Rock N' Roll" (Paul, Gene)
E pra fechar, "Deixe-me ir, Rock & Roll!" com um último bônus. Quem disse que a galera quer ir embora? "Kiss, Kiss, Kiss, Kiss..." Nesse dia (que, btw, foi daora) o guardinha voltou bem tarde pra casa...

Mais infos sobre o disco, aqui. E quem não estava lá no dia, nem encontrou nas boas casas do ramo, pode quebrar o galho no Youtube:



E é isso!


quinta-feira, 3 de julho de 2014

Kiss 3 - Dressed to Kill (1975)

Oi, eu sou o Salinas! Em 1975 o Kiss ainda buscava seu lugar ao sol, quando tentou lançar um terceiro disco, meses após Hotter Than Hell. A coisa continuava feia, inclusive para a gravadora Casablanca Records, que apostava todas as (poucas) fichas no Kiss, entre outros artistas. Para se ter ideia, eles não podiam contratar um produtor para o disco e o próprio presidente Neil Bogart assumiu a tarefa.

Nem pra foto da capa eles podiam gastar. A pindaíba era tanta que as roupas eram todas emprestadas (exceto Peter, o único que tinha um terno e gravata). No caso de Gene, não encontraram ninguém que tivesse roupas do tamanho dele, aí foi pra foto apertado mesmo. E usando TAMANCOS!! (Perto disso, um baixista usando calça fusô não é nada, rs... ok gente, piada interna do blog). E pra locação também, nada de luxo... foi na rua mesmo, lá em Nova York. O lugar virou hype e até hoje vai nego lá tirar foto, igual a escadaria da Filadélfia que o Rocky tornou famosa.

O som segue o que eles já vinham fazendo: Paul sempre apaixonado e às voltas com as garotas, Gene sempre putão e às voltas com as garotas. Recortado por solos bacanosos do Ace, e até algumas tacadinhas do Peter.

"Room Service" (Paul)

Entrada com o pé na porta! Linha de baixo matadora carregando a levada clássica que eu chamo de Kissística. Mesmo naquela dureza toda, sem grana, a vida fodida de tocar por aí sempre tinha seus bons momentos. Em qualquer hotel de beira de estrada, qualquer coisa era motivo: um lugar vazio e tedioso, ou um avião demorando umas horas a mais. Por exemplo, para um serviço de quarto. Para Paul, esse serviço às vezes incluía não só a comida, mas também... a própria atendente.

"Two Timer" (Gene)

Batida mais arrastada, Gene segurando a harmonia no baixo. Gene tá com uma mina que diz adorá-lo, e ele também é só elogios pra ela. Mas ele sabe que ela curte fazer as coisas "duas vezes": dois rolês, dois namorados...

"Ladies in Waiting" (Gene)

O bom e velho Gene nos seus tempos de ~comedor~ insaciável. Até numa simples ida ao mercado, ele ia ao açougue e a moça atendendo lhe mostrava os cortes de carne, mas ele tem pouco interesse nas ofertas...

"Getaway" (Ace)

Quando Ace aparece não tem jeito... é levada Kissística na veia, pode levantar e começar a pular! Puta solo, dizer menos que isso é sacanagem. Peter assumiu os vocais, e tá na pegada também. Descontente na cidade onde mora, juntando coragem pra ir embora e buscar seu destino.

"Rock Bottom" (Paul, Ace)

Uma inesperada entrada só no violão dá aquele clima mais intimista. Tem quem diga que foi só pra encher disco, já que nessa levadinha vai aí quase 2 minutos... Paul tá triste com sua garota. Ela não o trata bem e o deixa no "fundo do poço". A coisa tá feia...

"C'mon and Love Me" (Paul)

O primeiro hit do disco. Solinho do Ace esmerilhando. Essa vai pras milhares de groupies do Kiss que acompanham a banda e dão aquele ~apoio moral~ onde eles estiverem, e quando vêem a foto do Paul pensam, "é este que eu vou pegar".

"Anything for My Baby" (Paul)

Declaraçãozinha de amor estilo Kiss. Baixão daora no refrão. Paul apaixonado faz "qualquer coisa" pela sua garota.

"She" (Gene, Stephen Coronel)

Outro hit do disco, lá dos tempos da Wicked Lester. Guitarra na entrada num riff quase progressivo. Gene novamente referindo-se ao fellatio: "I know she's goin' down, goin' (...) Doin' well for others" (ela vai descendo, descendo, fazendo direitinho pros outros).

"Love Her All I Can" (Paul)

Paul corta o barato do Gene putanheiro e manda na sequência outra declaraçãozinha de amor estilo Kiss. Levada bem roqueira e urbana, baixo subindo na harmonia. Paul tá na pegada mesmo com essa mina "fácil de agradar": fica pensando nela, "tentando entender o que a faz contente ou triste".

"Rock and Roll All Nite" (Gene, Paul)

Um dos maiores clássicos da levada Kissística e de toda a obra do Kiss. Praticamente não tem quem não conheça aquela entrada na bateria, os acordes de guitarra, o feedback do Gene sobre o que sente com a plateia alucinada lá embaixo, e claro, o refrão se repetindo no fade out, "Rock & Roll a noite inteira, e festa todo dia"!

Mais infos sobre o disco, aqui (inglês). E quem não encontrar no Youtube pode quebrar o galho nas boas casas do ramo:



E é isso!