sábado, 4 de outubro de 2014

Eminem 1 - Infinite (1996)

Eae tudo bom?  Meu nome é Raphael Lari, sou músico, e possuo o projeto de Hip hop Registrando O Lirico. Eu me ofereci para o pessoal do Disco A Disco para comentar a discografia do Eminem e eles aceitaram! Influenciado pelo meu amigo Léo Dias que começou a comentar a discografia do Bad Religion aqui, e agora cá estamos. Eminem sempre foi o artista numero 1 e rotina na minha vida e vai ser simples de comentar a discografia já que eu sou muito chato pra detalhes quando eu gosto de algo então eu sei muitos.


Escolhi essa porque é uma das mais naturais.

Marshall Bruce Mathers III mais conhecido como Eminem ou Slim Shady nasceu no dia 17 de outubro de 1972 em St. Joseph, MS, mas sempre manteve suas raízes em Detroit,MI. Criado no lado leste de Detroit, no lado tenso da 8 Mile, rodovia que divide a parte onde se concentra a população negra da branca da cidade, Em’ e sua família era uma das únicas famílias brancas na região, situação que acarretou problemas e bullying. Mas não era somente na rua que sofria, mas também na escola, pois se mudava constantemente de casa devido à pobreza então ele era sempre o “aluno novo” então sempre apanhava nos corredores e era preso em armários.
Tendo que lidar com a falta do pai que o abandonou com 6 meses de idade e uma mãe viciada em uma série de coisas e sem um emprego fixo e uma família doentia, Marshall achou sua voz no hip hop ainda cedo, a expressão e rimas se comunicavam com ele de uma maneira que nenhum outro gênero tinha conseguido.

Uma foto da época deve ser 1996 ou 1997 em NY

Mais tarde na casa dos 20 anos Em’ possuía um grupo chamado Bassimint Productions e Soul Intent mas nunca passaram de demos, enquanto isso trabalhava em diversos empregos de salário mínimo e tentava conseguir respeito em batalhas de MC’s em clubes de Detroit e principal delas foi a Hip Hop Shop onde pela primeira vez o respeitaram de verdade mesmo sendo branco. Estava na hora de dar o primeiro passo, que é o álbum de hoje.

INFINITE (1996)


É engraçado de dizer mas esse álbum foi um fracasso. A estréia de Eminem em parceria o selo com os seus amigos antigos da Bassimint Productions, os Bass Brothers, foi muito pior do que poderia – se imaginar. Em’ sempre foi o tipo de MC’ extremamente lírico, sempre treinou o flow o mais rápido que podia, ainda adolescente lia o dicionário, era incrível com Freestyle e aprendeu o conceito de multissilabicas e rimar entre as palavras fazendo com que elas rimem o maximo entre si, mas talvez ele ainda não saberia como soar e nem como seria sua personalidade em sua música, então aos 25 anos no primeiro álbum que só vendeu umas  100 cópias das 1000 que foram feitas, primeiro porque ninguém levava a sério um garoto branco fazendo Rap, e segundo porque as pessoas falavam que ele soava como o Nas ou AZ que eram um dos rappers de alta nos anos 90 na costa leste nos Estados Unidos, devido ao fracasso, Em’ tentou se matar com pílulas pra dormir no mesmo ano de lançamento. E mesmo assim depois de anos que ele ficou famoso os fãs descobriram que esse álbum até que não é tão ruim assim como diziam, mas perto dos outros, é como dizem, “num guenta nem 10 minuto”
A produção do álbum ficou por conta do Mr. Porter, integrante do grupo que Eminem fazia parte, a D12, que depois que estourou todos os outros 5 vieram junto e sempre faziam juntos as tour, gravaram 2 álbuns de estúdio e o grupo entrou em hiato depois que um dos integrantes, Proof, o melhor amigo de Eminem, foi morto em 2006 em um tiroteio num bar.

O álbum abre com a homônima Infinite e já nos primeiros segundos do disco já podemos ouvir um “Ow yeah its Eminem baby” onde ele mostra uma face muito mais forçadamente pop, principalmente porque ele queria vender e dar certo pra sustentar sua filha que estaria por vir, e também vemos uma face muito mais tranqüila e soft do Marshall, contrasta muito com o som que depois foi desenvolvido nos anos seguintes. A música fala sobre esse sonho de conseguir o sucesso e mostrando o que ele poderia fazer liricamente “You heard of hell well I was sent from it / I went to it's surface and sentenced for murdering instruments/I’m Infinite.” Pessoalmente a melhor do álbum, ótimos sintetizadores do Mr. Porter e o refrão é um dos mais legais que ele já fez, é uma pena que é nesse contexto.

O álbum segue com a skit W.E.G.O onde o DJ do Eminem, o DJ Head e o Proof falam sobre sua mixtape nova (por isso o nome W.E.G.O que é o nome da mix, não sei o que significa até hoje) e apresentam a próxima música do álbum que é (ou era pra ser) single pra tocar na rádio

It’s OK não parece nem do Eminem de tão forçadamente pop é aquela coisa, entretanto é uma musica muito limpa e bem tratada, com o refrão cantado pelo Eye Kyu que cola na cabeça e não sai nem a pau. A temática da música gira em torno de sua filha que está para nascer e as preocupações que giram em de dar uma condição para a sua família com a música mas que mesmo com tudo “tá tudo bem” (Its Ok.)

313 é a próxima e dá uma referencia de área pros desavisados. Na cultura Hip Hop dos Estados Unidos é comum que as pessoas falem da onde elas são pelo código de área de telefone no local no caso que possui 3 números e a de Detroit é 313. A música fala sobre a cultura hip hop e a qualidade dos MC’s de Detroit. A produção é padrão East Coast, nada especial.

Agarra aquela gata pra dançar na balada Black (e essa ironia?) porque a próxima é Tonite. Não dá, toda vez que eu ouço esse álbum eu fico impressionado com a diferença e como esse álbum é muito forçado e pop, porém junto com a Infinite é a que eu mais gosto. A produção dessa é excelente, ótimo sample do Porter. E mais um refrão grudento e muito legal que o Eminem escreveu nessa. A música gira em torno de como tem varias coisas acontecendo e que hoje a noite nós vamos sair e ficar de boa hahaha.

Maxine é o nome da personagem da próxima música que fala sobre uma típica menina suburbana de Detroit, totalmente louca e provocativa que deixa geral babando por ela e mesmo assim é perdida dentro de si e precisa de ajuda. A produção é normal, nada demais, entretanto Mr. Porter faz um verso nessa e o rapper local Three também.

Open Mic é uma música típica cypher de MC’s onde todos ficam em volta do microfone mandando suas rimas independente de qual tema seja e até no começo da música tem uma pequena encenação de briga de quem irá rimar primeiro no tal Open Mic. Nada demais essa música também, rapper local Thyme participa.

Never 2 Far tem um dos temas mais legais do álbum que engloba tudo, a insatisfação de ser pobre na fria e cinza Detroit e correr atrás dos seus sonhos. No refrão ele estende uma mão pra quem quer “Não importa onde você esteja você pode fazer qualquer coisa, nunca esta tão longe” Não é a toa que falavam que soava como Nas porque é bem parecido com The World Is Yours. A produção dessa é mais legal dos que as outras, boas progressões de nota no sintetizador.

O sample dessa é gostoso hein? Searchin é aquela típica Love song de estar procurando alguém mas já sabe quem você quer mesmo. E é engraçado como ele fazia esse tipo de música pra depois virar aquele louco psicopata matando a mulher dele nas músicas, parece que nem é verdade.  A produção é ótima e o Eye Kyu dá um brilho na música com sua voz.

Backstabber começa com uma ótima produção do Mr.Porter, o groove é muito bom. Lembra que eu disse que Searchin’ era uma música de amor? O refrão dessa aqui é sampleado de uma musica chamada “Fuckin Backstabber” que é da primeira demo solo do Em’ e ela fala sobre o relacionamento dele com a mulher dele ser complicado, definitivamente, o maior relacionamento on and off já visto na história do Rap mundial hahaha.  Entretanto o tema dessa é diferente, é simplesmente o Em’ mostrando seus skills de contar histórias numa situação imaginária aonde ele esfaqueava pessoas e é pego pela polícia.

Jealously Woes II finaliza o álbum com uma boa produção até do Mr. Porter com o tema do relacionamento com vadias, essa música é a parte II entretanto em todos os meus anos de underground e catálogos de todas as musicas do Eminem que os fãs ultra hardcore fazem desde que ele era adolescente, nós nunca achamos a parte 1, deduzimos que provavelmente nunca foi lançada.

Pra quem se interessaria e gostaria de ouvir, ta aí, mas aviso que esse álbum é para aqueles que já estão acostumados com Rap e entendem o contexto ou para die hard fans do Em', é uma experiencia interesssante:



O Infinite é um álbum interessante. Embora não seja tão natural como os outros trabalhos do Em’ devido ao todo seu desespero, as músicas são divertidas e interessantes, muito bem produzidas pra proporção das coisas da época e dinheiro. Ele aplicou  toda sua técnica e fibra rimática no álbum e quem manja de rimas, multissilabicas e flow schemes sabe do que eu to falando, mas felizmente naquele momento não foi o suficiente pra dar certo, porque em 1997, Slim Shady nasce, a história e música muda de curso completamente...

2 comentários:

  1. Po cara, q massa. Confesso q nunca tinha ouvido nada desse disco... mas achei ótimo. Um pouco diferente do que eu conheço do cara, mas bem interessante. Curti o post, bastante info relevante. Mandou bem, mano!

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  2. Curti mto a sonoridade "bizarra" de Backstabber, aliás

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